04 maio 2006

Coisa de Gordo - 270

270-O Frio e a Fome
Nossa leitora Claudete, de Jundiaí - São Paulo, por certo desconhece algumas coisas. Nossa outra leitora Lenise do norte catarinense talvez saiba um pouquinho dessas coisas. Nosso leitor Enéas, de Lisboa (Portugal) por certo também desconhece.
Falo aqui, leitor(a) amigo(a), dessa mudança de estação na qual o Rio Grande do Sul se viu imerso nesses últimos dias. Desse resfriar ambiental que se abateu sobre os povos ao sul do país. Creio que em Jundiaí não tenha esfriado tanto. Nem em Brasília. Nem em Portugal.
E para nós, que nos debatemos em nossos dias sempre nessa luta contra as calorias, eis que surge um atroz desafio. O frio é aliado das calorias. O frio ajuda os donos de Pizzaria. O frio é traiçoeiro.
Vamos brincar de biologia. Com o reduzir da temperatura ambiental, um sinal de alerta soa dentro de nosso corpo. O frio chegando, o corpo interpreta isso como um sinal de perigo. Os sensores periféricos identificam ao longo de nossa superfície corporal essa queda térmica. A coisa tá esfriando, dizem eles. Os neurônios levam essa mensagem até o poderoso cérebro, que, sendo o comandante de tudo, trata de corrigir o que se passa lá fora. Alerta, alerta. A coisa está esfriando. Alerta, alerta. O que fazer? - pensa o cérebro. Ora, temos que aumentar a lenha na fornalha. O que é essa lenha? A queima de calorias por nós ingeridas. A ordem vem direta ao Centro da Fome. Trate de comer - ordena o cérebro. O que? - diz o Centro da Fome. Coma alguma coisa, seu inútil - repete o cérebro já meio irritado. Foi dada a largada.
Sim, amigo(a), esse friozinho desperta em nós algumas necessidades recônditas e prazerosas. Nada de pensar em brócolis ou alfaces. Nada de pepinos em conserva ou água mineral. O que a gente pensa em comer tem um outro matiz. Uma substância mais poderosa. São as gostosuras do frio.
Você está em seu local de trabalho, quatro da tarde, puxou aquele blusão, a temperatura caiu. Lá pelas tantas, em meio àquela reunião, ou entre um cliente e outro, ou antes do próximo trem, você se pega pensando numa tigela de ARROZ DOCE COM CANELA. Sim, daqueles que só a sua avó sabe preparar, que tem uma coloração assim, meio amarelada (graças ao Leite Moça que ela usa na receita). Você meio que fecha os olhos e se lembra que da última vez você chegou a colocar a tigela no microondas e deu uma aquecidinha de trinta segundos. Depois pulverizou canela em pó e se entregou ao deleite. Sem trocadilhos. Seu celular toca e você é arrancado desse quase sonho que teve.
Duas horas mais tarde, outra reunião, outros clientes, você se pega imaginando uma fatia da Lasanha ao Quatro Queijos, incandescente, fumegante,daquelas que só sua mulher sabe fazer. E é claro que servida com aquela taça de vinho tinto inigualável. Você quase que baba na mesa de reuniões. Para tentar se concentrar você começa a folhear uma revista quando se depara com uma foto de uma Sopa de Capeletti na página central da revista. Puxa - você pensa - assim já é demais!
O dia de trabalho termina, você encerra seu labor, e ao retornar à sua casa, vai planejando o quê? Ahá, é claro que vai pensando em obedecer ao maldito do cérebro.
Que tortura, amigo, que época de penúria para quem tem que contar calorias! Dá vontade de chutar o pau da barraca e mandar aquela dieta prô espaço. Dá vontade de tirar do alto do armário o Aparelho de Fondue e lascar Queijo, Chocolate e Carne duma vez só. Dá vontade de jogar fora aquela balança do banheiro e só voltar a subir nela em agosto. Enfim, que droga de frio!
Falando assim até dá a impressão que não gosto de frio. Nada disso. Sou afeito a lareiras e cobertores. Mas que é de despedaçar dieta, isso a gente sabe que é! Mas confiemos em nossos amigos Claudete, Lenise e Enéas, que passam ao largo disso tudo. Eles, se quiserem, poderão emagrecer.
Quanto a nós....será que existe Quentão Light?
Silvano - tiritando de frio

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