01 fevereiro 2007

Coisa de Gordo - 309


309 - Janela na minha ausência
O Professor Zeca, o “Papa” da hidroginástica no litoral norte gaúcho, andou aprontando uma das suas. Para os interessados, o número da academia dele é (51) 36626666. Como estive em férias, ele agendou com os amigos que ficaram um churrasco delicioso onde iriam assar a famosa JANELA bovina. E tudo isso sem mim.
É, dos amigos vêm as piores coisas, alguém já disse. O pior, o irônico disso tudo, é que na bendita noite em que se deu o evento, eu já estava em terras patrulhenses, já havíamos voltado da Santa e Bela Catarina. Mas a vida é assim mesmo, recheada de ironias. Azar dele. Agora ficou com o compromisso de me convocar para a próxima janta e também para a próxima JANELA.
Já divulguei aqui neste espaço, a JANELA é um modismo desses que surgem de quando em quando na culinária gaúcha, nas coisas que rodeiam o churrasco. Volta e meia os caras começam a assar abacaxi junto ao churrasco e a gente se farta. Depois vieram com pedaços de queijo no espeto. De enlouquecer. Pois a tal Janela parece ter caído no agrado de consumidores.
Sem ser inédita, a janela alude a um churrasco tradicional que era feito regado a salmoura e não era assado em churrasqueiras. A gente, no meio do Pampa gaúcho, entre rédeas e esterco de cavalo, parava as lidas da semana para um grande evento familiar, onde se assava o churrasco em valas! Abria-se uma vala, um buraco enorme no meio do campo, ali se fazia fogo de lenha, que depois virava brasa. E ao lado dessa vala se colocavam os espetos (de eucalipto) com os pedaços de carne. Uma das carnes colocadas era justamente a Costela Bovina inteira, que agora, passados esses anos todos, se convencionou chamar JANELA. Era um churrasco seco, tendendo ao salgado (pelo uso da salmoura) e demorado, as carnes ficavam ali horas e horas.
Fecha o parêntesis, chegamos aos dias de hoje. Hoje se assa a Costela inteira na churrasqueira, mas o tempo permanece o mesmo. Dos casos que tenho acompanhado, leva em média quatro horas de fogo! Não raro, as churrasqueiras racham, pelo excesso de calor. Sobre esse fogo, que o professor Zeca me ensinou que deve ser médio, de longe, se coloca então aquele lado do boi, a tal JANELA. E ali a gente “esquece” ela. Apenas tem que ir adicionando carvão na churrasqueira, com parcimônia, sem excessos, para que o fogo se mantenha por tanto tempo. Claro é que a parte dos ossos deve ficar para baixo. Na meia hora final, enfim se vira a peça, para dar o acabamento.
O resultado disso é uma carne tremendamente saborosa, assada lentamente, que se desprende facilmente do osso, um arraso total! Dá trabalho, é verdade. Gasta carvão, é sabido. Mas o resultado é surpreendente. No meu singelo viver doméstico, me abstenho de preparar a JANELA, deixo isso para quando vou em Churrascarias (todas aderiram à moda). Mas quando algum amigo próximo se arrisca a fazer, eu sou o primeiro a me escalar para a função. Agora....fazer durante as minhas férias....beirou a traição. Mas também, nada que não se resolva na beira da churrasqueira, com Carne, Líber e Coca-light. Eu, de minha parte, estou plenamente aberto à reconciliação.
Brincadeirinha, professor Zeca. Brincadeirinha.
Silvano – sempre escalado


PALAVRA DO LEITOR
Silvano, já que sou hipocondríaco, vou gostar bastante do novo gosto da Pepsi... Abraços. Marnei – do litoral norte gaúcho – comentando o gosto estranho na Pepsi


01/02/2007

0 comentários: