16 maio 2007

Coisa de Gordo - 324


324 –JAVAPORCO
A natureza tem dessas coisas, misturar certas espécies parecidas. Quem se der conta, vai lembrar da história entre os cavalos e os burros. Espécies parecidas, parentes próximos, quatro patas aqui, quatro também ali, o jeito de andar, apenas as orelhas maiores. O que fizeram? Pegaram um cavalo e puseram para cruzar com uma mula! Vai lá, alazão, é tudo contigo. Seja porque o cavalo não se interessou por aquela coisa baixinha, entroncada e orelhuda, seja porque a natureza não permitiu, a coisa não saiu. E dizem os meus amigos veterinários que a mula seria estéril. Deu errado, portanto.
Com uma pontinha de recalque, os mesmos caras que tinham tentado aquilo antes, voltaram ao pasto e desta vez ousaram. Puseram para cruzar uma égua (ops, agora a fêmea era alta, forte, charmosa e sem aquelas orelhas terríveis) e um burro. Apesar das queixas iniciais da égua (que cara estranho, baixinho, orelhudo e ainda por cima arrogante e empacado), a coisa desta vez funcionou. E para mágoa derradeira do cavalo que, sem ter conseguido sucesso com a mula, viu sua parceira ser emprenhada por aquele tipinho inútil, o burro. Sim, para que nasçam burrinhos, é preciso que um burro cubra uma égua. De fato, a burra, além de burra, é estéril!
Como em toda história de adultério, os boatos foram maiores do que o feito real. Não apenas as histórias começaram a correr as campinas e as coxilhas, os vales e as montanhas, mas a fama do burro aumentou consideravelmente. Tanto que, até hoje, se se quer falar que um homem é avantajado metricamente em seus (digamos assim) predicados sexuais, diz-se que “o cara é um jumento!”.
A história se repete! Há os criadores de porco. Fornecem bacon, lingüiça, carne deliciosa, feijoada e tantas outras coisas deliciosas mais. E há os criadores de javali. Antes considerada uma carne exótica, a carne de javali tem aos poucos entrado na mesa do brasileiro, forte e saborosa. O que aconteceu? Os caras dessa vez lembraram da história do burro e pensaram em repetir. Mais uma vez, o macho exótico levou vantagem. O porco não consegue emprenhar (engravidar) a javali fêmea (javalina ou girondina), mas o javali macho, quando vê uma porca.... se lambuza. Imagine a situação do bicho. Acostumado a levar dentadas de sua fêmea, naqueles rituais terríveis de acasalamento, marcado na pele de tantas investidas sem sucesso, eis que lhe apresentam uma bela leitoa! Roliça, sem aquelas presas afiadas, conversa até agradável. Só podia dar certo.
O que tem acontecido? Conversei com amigo veterinário que me contou que as ninhadas de javali dão três ou quatro filhotes. Quando se cruzam as duas espécies, nascem oito ou nove JAVAPORCOS! Olha só a palavra. Javaporco! Mais um neologismo surgido com a tecnologia. Os criadores de javali andam brabos com a mistura. Eles se esforçam, passam todo o trabalho, seguem as normas do Ibama, etc, e colhem poucos frutos. Aí vêm os outros que fazem a cruza e se fartam!
O que temos nós a ver com isso, afinal? Provei da tal carne do JAVAPORCO. Os sempre prestimosos Samir e Naira, de Rio Grande, num almoço de domingo, trouxeram um pedação de um dos novos bichos! Assada na churrasqueira, a carne ficou tenra, suculenta, uma agradável mistura das duas carnes originais! Arrisco a dizer que estava melhor do que carne de porco, tinha menos gordura, me pareceu até mais saudável!
Eis a nova tendência, portanto. Javaporco. Eu aprendi este nome ontem. Não sabia se era javaporco ou porcoli, mas o veterinário confirmou o javaporco. Carvão na churrasqueira, espetos afiados, sal no ponto, a festa vai começar.
Silvano – além de impossível, à cata de novas espécies




SOBRE O GALVÃO BUENO x REGINALDO LEME....
Uma leitora andou escarafunchando o baú de textos deste blog e achou a coluna onde falei do Galvão Bueno, locutor da Globo, lá em julho do ano passado(CG – 281). Monique (este o seu nome) me manda comentário dizendo “olá, passei pelo seu blog e li suas crí­ticas sobre o Galvão Bueno. Concordo com algumas, mas como nunca fui muito ligada ao mundo dos esportes, não entendi muito bem o episódio da discussão entre o Galvão e o Reginaldo que você mencionou rapidamente... Gostaria de entender, olhei na net e não encontrei nada a respeito. Abraços.” Cara Monique, não vou saber lhe especificar o ano, mas há um bom tempo atrás, a vaidade do Galvão Bueno transbordou e ele acabou quebrando os pratos com o Reginaldo Leme, especialista em Fórmula Um. A coisa foi séria a um ponto de um exigir a demissão do outro. O que fez a direção da Globo? Mandou que ambos cumprissem seus contratos, calassem a boca e trabalhassem. Assim, em algumas corridas seguintes, um narrava a corrida, o outro comentava, mas eles não se falavam! Ficava um silêncio terrível, as falas sem lógica entre um e outro. Com o tempo, a raiva foi passando, passando, hoje em dia a gente nem nota...


AINDA SOBRE O FILÉ COM MOSTARDA...
Nosso leitor Betho Giordani, andou se especializando. Ano passado fez um curso de Formação (Cozinheiro de Alta Grastronomia) e este ano está fazendo um de Aperfeiçoamento. Do alto do seu novo saber, ele nos manda comentário ao Filé com Mostarda. Disse ele: Caro Silvano. Imbuído agora das funções de cozinheiro (quase Chef de Cuisine), tenho que contrapor teu filé. O nome que deste a ele deveria ser Filé com Mostarda,bacon, nata e champignons...hehehe. Dicas do Chef: - Tente "selar" o filé antes de leva-lo ao forno.... Vai manter os sucos dentro da carne e não vai secá-la. Outra: quando colocar o bacon, coloque-o em contato direto com a carne, para que a gordura dele mantenha ainda a crosta e proximidades. Erro capital: cortar o filé e leva-lo ao forno de novo...deve ter ficado meio seco, pois saiu tudo de dentro e virou aquele "molho" que falaste. Um abração, Betho Giordani.


FUI GOZAR DO FREI GALVÃO....
...e nosso leitor James, sempre atento, lembrou que “Frei Galvão” jogou muito temo ao lado do Mauro Pastor. É verdade, James, a dupla de zaga do Inter era Mauro Galvão e Mauro Pastor.

17/05/2007

1 comentários:

Anônimo disse...

Dr. Silvano,
Ajudando a este "blogueiro" e sua audiencia: A vaidade do Galvao gerou sua demissão depois de 17 anos na Rede Globo – em 1992 foi parar na CNT e voltou 11 meses depois.

Com relação aos comentários sobre o File com Mostarda talvez fosse melhor faze-lo e depois comentar sobre o possivel erro capital de cortar o mesmo. As vezes a pratica ensina tanto quanto a teoria.

Abraços !!