18 julho 2007

Coisa de Gordo - 333


333 - DIETA SUICIDA
Na semana anterior comentei sobre dietas e acabei me lembrando de um tipo especial de dieta: - a dieta suicida! Não é uma dieta que se recomende a ninguém, na verdade, a dieta suicida é usada em casos de emergência.
Por exemplo, você tem um casamento para ir, vai ter que vestir aquela roupa diferente, um vestido longo (se mulher), aquele terno escuro (se homem), e lembra que a roupa por certo NÃO SERVE MAIS em você. Está justa, apertada, sufocante. Os dias passam, você vislumbra a festa ainda longe, vai deixando para fazer uma dieta mais em cima, quando se dá conta: - MEU DEUS, o casamento é daqui a dez dias!!!
Soou o alarme, tocou a campainha do pânico, você está premido pela situação, e agora... o que fazer?
Aí entra a DIETA SUICIDA. Uma dieta suicida compõe-se de um programa alimentar curto, em geral de sete dias, com diversas combinações de alface com rúcula. Há vários tipos de dieta que se podem enquadrar aqui nesta classificação. Tem desde a famosa Dieta do Limão, a Dieta da Lua, a Dieta do Copo D’água (imagina o que será que é livre nesta aqui??!!), entre tantas outras.
Não se trata de um programa de reeducação alimentar. Não servirá para você redimensionar a sua vida. Nada disso. A dieta suicida é um extintor de incêndio em meio às labaredas. Se parar para pensar, talvez você lembre de pessoa ou pessoas que morreram fazendo uma dieta suicida. Lembro dum caso, anos atrás, duma cantora bem gorda, meio deprimida, não muito famosa, que foi encontrada morta em casa. Na hora do Jornal Nacional o Cid Moreira sentenciou: - Morreu de inanição! Sim, amigo(a), a dieta suicida pode matar. Não é comum, mas pode! O que acontece é que se a pessoa está em meio a uma dessas e passa mal, ela simplesmente pára de fazer e se recupera. Mas alguns, de fato, já morreram.
O que motiva você a entrar numa canoa furada dessas é o tamanho do seu vestido (seu terno), só isso. Você vai experimentar e o troço não passa na barriga, fica esgarçado, aberto, sobra VOCÊ dentro da roupa. Você se vê ali, diante do espelho, verdadeiramente derrotado diante da roupa, do espelho, diante da vida, diante de você mesmo, enfim. Mas não há tempo para filosofia. A festa se aproxima, está em cima da hora, e você tem que ENTRAR naquela roupa. Pronto, você já está motivado para começar uma dieta suicida.
Com o passar dos dias você vai mudando de humor. Fica inicialmente agitado, falante, passa para uma fase mais introspectiva em que passa a odiar todos da casa que continuam comendo normalmente. Ali pelo terceiro dia você percebe que já brigou feio com dois ou três da casa. Olhando-se no espelho do banheiro, quase que dá para visualizar dentes afiados dentro da sua boca e garras selvagens nos seus dedos. Nada de unhas. São garras. Quem ousar cruzar o seu caminho será devorado, destruído. Você lembra da festa, come aquele meio tomate sem sal temperado com três gotas de limão, respira fundo e vai em frente. Se for mulher, seu ciclo menstrual fica uma bagunça, seu corpo, seu útero, seus ovários bradam minuto a minuto: CHOCOLATE! CHOCOLATE! Você se faz de surda, toma mais um copo de água e vai ver novela na TV.
Lá pelo quinto dia, já sem falar com o seu marido (esposa), tendo brigado com o zelador do prédio e com o seu colega de mesa no trabalho, você é convidado para uma festinha de aniversário de criança. Sem ter como recusar, lá vai você se enfiar entre negrinhos, branquinhos, tortas doces e salgadas, cachorro-quente e outras coisinhas mais. Meia-hora de festa, você some do salão e é encontrada dentro de um banheiro aos prantos. Chorando, mas vitorioso, você sai dali de cabeça erguida e vai para casa, sem ter largado da dieta suicida.
Chega o dia da festa, você está pelado de novo diante do espelho, a roupa pende da sua mão, eis a hora da verdade. Pronto, parabéns! O zíper do vestido sobe até em cima, ou no caso de homem, o botão mais alto do paletó pode ser abotoado. Você aliviado pensa que, com todos os diabos, valeu a pena.
Na festa, as pessoas percebem que você fala pouco, está meio reservado. Sabe por quê? É que você está tirando o atraso e passa a festa toda “embutindo” comida e mais comida! Haja engov e digeplus mais tarde. Mas não interessa. Você já está dentro da roupa. Basta não abri-la nem trocá-la.
Coma, coma e se recupere. Coma e jure para você mesmo que esta foi a última vez. Prometa que você vai melhorar, vai começar a caminhar, vai fazer um longo e suave planejamento para sua vida.
Sei lá. O máximo que pode acontecer é daqui a um ano você ser surpreendido de novo, tomando chá verde com acelga, e contando os dias para formatura da sua prima. Que dureza...
Silvano – extrapolando as medidas
19/07/2007

0 comentários: