16 agosto 2007

Coisa de Gordo - 337


337 – LINHA D’ÁGUA
Eu nunca tinha lido nada do Amyr Klink, mas sempre estivera curioso. O que será que esse cara tem para contar sobre viagens à Antártida, travessias solitárias pelos oceanos, “mares, rios, tempestades”? Até que fui “presa” dessa nova invenção do mercado editorial. A amostra grátis. Estava numa livraria e ganhei um folhetinho, um pequeno encarte com a capa deste livro (LINHA D’ÁGUA), e algumas páginas iniciais. Depois de ler essas páginas, a gente é avisado que para ler o texto completo, só comprando o livro original. Bingo ! Os caras me pegaram. Tempos depois, comprei.
É um livro de leitura fácil, agradável, o Amyr conta passo a passo a sua maratona para empreender a construção de seu barco, o PARATII-2, em meio à burocracia e “burrocracia” de alguns países, o Brasil dentro, é óbvio. Ele vai relatando a novela sofrida. O texto é atraente, a história bem interessante. Mantive alguns preconceitos e algumas dúvidas que tinha sobre isso tudo. Eis meus grosseiros preconceitos:
1) Se a pessoa se arvora em dar a volta ao mundo sozinho num barquinho, se viaja a todos os confins do planeta atrás de mastro, velas adequadas e tecnologia náutica, etc, etc e etc.....quem é que fica em casa, dando banho nas crianças, pagando a creche, comprando pão para o café da manhã? Como fazer isso. RESPOSTA DESSE DILEMA INICIAL: Marina! A mulher dele é citada constantemente na narrativa, como uma verdadeira Amélia, aquela que era a mulher de verdade. Ele vagava nos pólos e nos trópicos, enquanto a tala Marina matava um leão por dia em casa. Na criação das filhas, na administração do lar e da empresa, tudo enfim.
2) Se essa mesma pessoa se arvora em dar a volta ao mundo, blá, blá, blá......do que vive ela financeiramente? Quem paga as contas no fim do mês? Agora que ele escreve livros e o Silvano os compra para ler, eu entendo de onde ele tira o sustento. Mas as histórias aludem a tempos em que ele era um anônimo e já navegava aos extremos do globo. Então, me pergunto: - Do que vivia esse cara? Era um turista profissional? Era um vagabundo perdulário? No livro ele sugere que tinha gado e que eventualmente vendia algumas cabeças para pagar alguma conta, comprar lastro para o barco, fabricar a estrutura, buscar tecnologia na Europa. Mas lembrei do Renan Calheiros. Gente, para manter essa estrutura toda, o boi que o cara vendia devia valer ouro! ESSE DILEMA para mim permanece.
Passados os preconceitos, ficam as coisas boas. Lendo este livro LINHA D’ÁGUA, a gente tem vontade de fazer as malas e se mandar para o pólo sul, navegar em oceanos bravios. Começar por Ushuaia lá no sul da Argentina e que para muitos de nós era o ponto extremo do continente, do sul e da nossa imaginação. Aí o Amyr nos conta que Ushuaia é apenas o início da viagem. A pessoa ruma para o sul e vai embora em direção ao infinito. De fato, dá vontade de ir lá, ver as geleiras, a fauna polar, a natureza ali eternamente em festa (como diria o Bilac). Dá vontade de conhecer e se integrar a esta família mundial dos velejadores e navegadores. Sim, pelos relatos a gente fica sabendo que essas pessoas formam uma comunidade, uma família, uma seita onde perdura a amizade, a parceria, a fraternidade, e cortesia. Mas também.....pessoas a passearem pelo mundo, por prazer, só podiam ser solidárias, né?
E tive em algumas linhas do livro a confirmação de algumas coisas que eu pessoalmente já pensava sobre a coisa náutica no Brasil. Ele num certo ponto da narrativa cita que “fiz meia volta ao mundo para constatar que o grande risco (nas viagens) não era a intensidade das depressões (tempestades) ou o seu número, mas justamente o contrário: o número de calmarias. (...) Foram as calmarias que quase me obrigaram a desistir da viagem bem no meio”. Lembraram do Cabral, né? Mais adiante no texto ele confirma uma opinião minha de que, sendo um país de costa litorânea, muitos rios e lagos, o Brasil aproveita muito mal sua característica natural hídrica. Diz o texto... “são incontáveis os exemplos desse gesto estranho de dar as costas ao mar, os esgotos aos rios. A Ilha de São Francisco do Sul (SC), conectada ao continente por um aterro desastrado e criminoso, só pela preguiça de se fazer uma ponte decente. A Ilha de Florianópolis, que com aterros e uma cópia malfeita de ponte suspensa, que não deixa navios ou veleiros passarem, desfez o belo porto que tinha e é surpresa entre armadores: não quer que nenhum barco e nenhuma espécie de cabotagem prospere, mas se entope de carros, caminhões e ônibus. Rasga-se de estradas, em vez de enfeitar-se de atracadouros. (....) Porto Alegre, que também fez pontes – um pouco menos baixas – e que por uma única enchente na sua história escondeu-se atrás de um muro alto e separou-se do porto que está em seu próprio nome. Pelotas, que doou aos ratos e morcegos um dos portos mais charmosos do Brasil. Joinvile, que nem sabe mais por baixo de qual ponte se vai ao porto de sua fundação. (...) Porto Velho, onde se atraca num barranco de lama. Porto Seguro e Cabrália, nomes perigosos para todo barco em busca de abrigo, tão ricas que se dão ao luxo de evitar navios e toda forma de turismo ligada ao mar.” E assim por diante, o Amyr vai confirmando o que eu ( e muita gente) já pensava.
Enfim, um belo livro. Contém mapas reduzidos, fotos coloridas nas páginas centrais (lindas), e um capítulo final escrito pela Marina, aquela que ficou em terra, cuidando das crianças, trocando fraldas e dando show de Amélia. Nota: 7,5 a 8,0. Vale a pena!
Silvano – além de filmes, o cara agora quer dar dica de livros? Por favor......


O QUE UM GORDO BUSCA E NÃO ENCONTRA NESTE LIVRO....
...são os relatos pertinentes ao público gordo. O que se come a bordo de um veleiro que fica um ano navegando ao redor do mundo? Dá para levar coca-light? E rapadura? No texto o autor dá pistas rápidas, comenta eventuais dotes culinários de alguém, mas é um MAGRO falando de comida. Sem graça e sem profundidade, portanto. O que em nada diminui o valor literário da obra.


PALAVRA DA LEITORA SOBRE AS DELÍCIAS DAS FESTAS
Olá Silvano! Que delicia de festa hein? Essa rapa quente dever ser uma coisa, ainda mais com amendoim! Na minha cidade começa nesse fim de semana a "Festa do Morango"! Além da enorme variedade de morangos, os doces e bebidas são de babar. Você se lembra do meu comentário sobre o pastel de morango? Aquele recheado de creme e doce de morango,coberto com calda de morango? Esse ano tem também o sorvete de morango no palito coberto de chocolate. Que pena que você está tão longe, poderia dar uma esticada no fim de semana e garanto que iria gostar! Vou comer um a mais em sua homenagem!rsrsrsrsrsrsr Tudo é motivo para sair da dieta! Um abraço. Claudete – de Jundiaí – SP
Então já sabem. Os que estiverem perto de Jundiaí, favor me representarem na banca do Pastel de Morango. Silvano


PALAVRA DO LEITOR SOBRE A EDUCAÇÃO NO RS
Olá, "grande" amigo Silvano, estou curtindo muito este seu espaço e chego ao seguinte pensamento: Se a globo tem o Jô Soares, nós Patrulhenses temos Silvano, o terrível. Aproveito este espaço para discorrer sobre o descalabro e desmonte na educação do nosso estado com as últimas medidas adotadas pela nossa Governadora, onde a mesma pensa que aluno é como "gado", ou seja deve ficar confinado em 1,2m² , prevalecendo assim a quantidade sobre a QUALIDADE. Desta vez a comunidade escolar não está assistindo a reivindicações salariais, mas sim pela qualidade da educação. Realmente este não é um País sério, digo, um País de governantes sérios nem um pouco comprometidos com o bem comum de seu povo. Pelo contrário, estão preocupados cada vez mais com a desinformação para melhor manobrar e assim permanecer no poder. Mas o que esperar de um País em que seu representante maior não tem nem mesmo a capacidade de falar corretamente? Certamente em razão de sua baixa escolaridade, pois infelizmente todo povo tem o líder que merece. Gostaria muito de ter o privilégio de ler a sua brilhante opinião aqui neste seu/nosso espaço, pois já não da mais para se abrir os e-mails e resistir à tentação de invadir as palavras escritas pelo Dr. Silvano, o TERRÍVEL. Um grande abraço. Sig – de Santo Antônio
Silvano, o terrível, responde: Caro SIG, obrigado pela audiência e pelas palavras. Na minha tosca ótica, há três setores cruciais que nunca foram prioridade para governo algum: SEGURANÇA, SAÚDE e EDUCAÇÃO. Dinheiro para o Lalau, tem. Para os Sem-terra, tem. Para O Renan Calheiros mandar para a amante, tem. Para o Waldomiro Diniz, tem. Para o José Dirceu, tem. Para o aumento do judiciário, tem. Para o Lula subornar os deputados, tem. Para mandar para Cuba, tem. Para mandar para o Hugo Chavez, tem. SÓ NÃO TEM PARA A EDUCAÇÃO, A SAÚDE E A SEGURANÇA. Enquanto esse sistema político permanecer agindo “dentro de lei” (rárárá), mas se colocar fora da moral, este país não tem jeito.


16/08/2007

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