23 agosto 2007

Coisa de Gordo - 338


338 – FILMES E RUPTURA
Amantes que somos de cinema, filmes, DVDs e seus congêneres, estamos sempre vendo filmes, lendo os comentários, acompanhando o Oscar entre tantas coisas mais. Com o passar do tempo, desenvolvi uma teoria acerca da facilidade com que a indústria americana produz filmes, em geral leves, seguindo uma seqüência sempre igual.
Vi um filme, vi dois , vi vários e acabei percebendo que os caras usavam uma espécie de fluxograma, uma seqüência lógica que sempre era seguida. Comecei a comentar isso em casa, eles reclamaram num primeiro momento, mas aos poucos vêm me dando razão. De fato, é bem fácil fazer um filme em Hollywood. Trata-se do seguinte.
Uma situação inicial é apresentada, onde o mocinho (ou mocinha) se vê obrigado a fingir ser algo que não é. Uma armação, uma falcatrua, uma farsa é montada. O filme vai se desenrolando, até que se chega no ponto alto que eu chamo de RUPTURA. Neste momento a verdade vem à tona e há um quebrar de pratos! O casal se separa. O funcionário é demitido. O cidadão é preso. Aí, o filme fecha com a reconciliação, que se dá num freqüente final feliz. Ou pelo menos acomodado. Fato corriqueiro, o desfecho se dá num aeroporto, numa estação de trem, numa rodoviária ou numa igreja.
Estou imaginando coisas? Então vejamos curtos exemplos.
ESCOLA DE ROCK: o Jack Black é um músico frustrado que finge ser professor e se infiltra numa escola. Vai seduzindo os alunos, vai se mostrando um cara legal, vai conquistando o expectador (nós) até que é descoberto (RUPTURA). Demitido da escola, é levado preso, para voltar ao final do filme num show triunfal em que se consagra.
UMA LINDA MULHER: o Richard Gere se encanta com uma prostituta (Júlia Roberts), passa a cortejá-la, se enamora, se apaixona, gasta com ela, o casal seduz o público (nós) com sua docilidade até que vem à tona a profissão da mulher (RUPTURA). Eles se separam, ela entra em depressão, até que ele brota num carro com teto solar para capturar a mocinha. E eles se juntam e são felizes para sempre.
ENCONTRO DE AMOR: a Jennifer Lopez é uma camareira de hotel que se faz passar por alguém de dinheiro, conquista o amor do ricaço Ralph Fienes, o casal vive momentos de amor a paixão que seduzem ao público (nós). Aí a moça é desmascarada (RUPTURA), o furubudum está feito. Até que o bonitão se reconcilie com ela, casem e fiquem felizes para sempre.
RESISTINDO ÀS TENTAÇÕES: o Cuba Gooding Junior finge ser um maestro de coral e assume o Coro de uma Igreja. Conhece a mocinha (Beyoncé, meio gorda, meio magra), o romance nos encanta, o coro vai se desenvolvendo, vai participar de um campeonato até que ele é descoberto, briga com todos e dá no pé (RUPTURA). A seguir, volta, se reconcilia, leva a mulher e o título do concurso para casa.
E assim por diante, poderia citar filmes e mais filmes que sempre seguem este roteiro. A coisa é tão evidente que dia desses, diante de mais um desses, uma das crianças sentenciou: - Pai....outra ruptura daquelas que tu fala. O cinema americano descobriu esta fórmula surrada, usa e abusa dela, e nós, público cativo, damos audiência. Preste atenção no seu próximo filme, perceba o vazio no roteiro, perceba que os caras fazem sempre a mesma coisa.
Uma saída? Mais do que uma, há varias. Passe a ver filmes europeus. Não, não precisa se debruçar sobre os clássicos surrealistas (Buñuel), psicodélicos (Kubrick), intimistas (Bergman) ou silenciosos (Tarkovsky). Veja esses belos filmes da nova safra européia, caras novas, limpas, alegres, esbanjando arte na tela da sua TV. Paisagens bucólicas, músicas inebriantes, roteiros interessantes, tudo isso ao seu dispor do outro lado do oceano Atlântico. Uma outra saída são filmes do LESTE EUROPEU. A SKY andou passando cada filme! Eram espiões e policiais russos, ou eram dramas na Albânia, ou maratonas na Geórgia. Passeios na Hungria, delírios nos Bálcãs. Um arraso.
Enfim, há vida inteligente fora de Hollywood. Assim escrito, até parece que tenho alguma reserva ou preconceito com o cinema americano. Nada disso. Nos EUA se faz o melhor cinema do mundo. Assim como no Brasil se fazem as melhores novelas do mundo. O que não quer dizer que a gente precise ficar burro.
Portanto, na próxima vez que estiver vendo a Beyoncé se reconciliando com o mocinho no aeroporto, depois de uma grande ruptura, lembre do Silvano. E troque de canal!
Silvano – ruptor


DICA SUPIMPA
Nossa leitora Isabel manda uma dica supimpa: Silvano, descobri com um cara que mexe com micros uma dica ótima para sabermos a quanto navegamos. Acesse o site www.gratis.com.br e vá no link mais para o final da página à esquerda e clique MEDIDOR DE VELOCIDADE. É importante que você esteja com todos os programas fechados para ele lhe dar a real velocidade da conexão. Pode ser discada, virtua, antena, etc... Fiquei impressionada e é claro, aborrecida. É obvio que navegamos sempre com velocidade inferior à contratada......Abraços da amiga. Isabel


CARA DE PAU
Não contive a gargalhada diante da TV ontem, quando vi o advogado do Delúbio Soares, aquele ladrão do PT, dizendo que seu cliente era honesto, levava uma vida modesta, era até mesmo uma pessoa pobre. Deu para ouvir a gargalhada do outro lado da rua. Esses corruPTos......


ESSES LINKS AQUI DO LADO DIREITO...
...são bem legais. Andei colocando coisas novas. Aproveite!


24/08/2007

1 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite Silvano!

Conversando com um colega americano, descobri que existe um tipo de filme denominado por eles como "chick flick" (http://en.wikipedia.org/wiki/Chick_flick) - é, basicamente, o nosso "filme de mulherzinha". Caso tu não tenha notado, todos os filmes citados por ti são desse "gênero". É fácil lembrar de outros filmes com a mesma história: Mensagem Para Você, por exemplo. Então, acho que o conselho é: passe longe dos filmes de mulherzinha, a menos que exista muita insistência por parte da esposa, namorada ou filha!

Abraços!