30 outubro 2007

Conto Curto Ilustrado


Você, homem, conheceu ela ainda menina, na época vocês dois tinham dez anos e estavam na quarta série. O pai dela veio transferido de Goiânia e de um dia para outro ela se tornou sua vizinha. Os dias vieram, vieram os anos, você se aproximou dela a ponto de irem juntos ao Baile de Formatura do segundo grau. Um ano depois e vocês estavam namorando.
Era uma relação muito íntima, você nem chegava a falar uma coisa e ela já sabia o que você diria. Quase que adivinhava os seus pensamentos. Essa proximidade toda passou a incomodá-lo, nem todos estão prontos para uma relação tão íntima.
Em que pese fosse ela uma mulher maravilhosa, você passou a fantasiar um namoro mais distante, um relacionamento com alguém que não soubesse que você dormia de boca aberta. Que não conhecesse as suas duas avós que já morreram. Que não o visse com tanta profundidade.
Imbuído desse sentimento, você a chamou para uma conversa e colocou as cartas na mesa. Queria um tempo, queria viver, queria poder buscar um pouco o seu próprio EU, sem a companhia de ninguém.
Ela ouviu a tudo silente. As palavras que você ia usando brotavam de sua boca e, como flechas, cravavam-se todas no coração dela. Coração que sangrou inicialmente pouquinho, depois mais forte, sangrou às golfadas e por fim parou. Parou de sangrar. Você, homem insensível, em meia-hora de conversa, tirou toda vida daquele pequeno coração. Você, homem egoísta, pôs por terra os planos e toda a convicção dela de que terminaria os dias da vida dela ao seu lado. Você literalmente bombardeou todos os castelos que ela construíra no ar, ao redor de vocês dois.
Pronto. Você conseguiu! Parta em direção ao mundo, às curvas do caminho, às aventuras, à tal da busca do seu próprio EU. Quebre as vidraças. Chute os baldes, sacuda a poeira e parta. Suma da vida dela!
Um dia, amigo, ao virar-se para trás, você vai lembrar do que deixou pelo caminho. E aí baixará os olhos para o seu próprio peito, perceberá o vazio dentro dele, notará que foi o seu coração que morreu.
Vá homem. Vá e leve na sua lembrança a dor desse olhar.
Vá, homem!
Silvano – o impossível



COPA DO MUNDO NO BRASIL
É, eles conseguiram. A Copa do Mundo de 2014 vai ser mesmo no Brasil. Não, não serei eu a “secar”, afinal, num país de tantos escândalos e corrupção, uma copa do mundo a mais, uma menos...não fará diferença.
Não deixa de ser pitoresco ver na imagem da TV, reunidos no mesmo evento, gente de um certo quilate. Perceba que estavam lá, todos sorrisos, o Ricardo Teixeira, homem a quem você não confiaria a sua carteira de dinheiro. O Joseph Blatter, outro mafioso só que em nível mundial. O Lula, rá,rá,rá.......desculpa, não contive o riso – o nosso presidente do mensalão. O Romário, o cara mais falcatrua dessa geração. Enfim, eles se merecem. E nós, como nação, os merecemos também. Fazer o quê? Só nos resta esperar que comecem as licitações para as obras, os desvios de dinheiro, as CPIs, as pizzas e tudo o mais. E olha que o presidente será outro, por certo a turma do FHC, do Serra e outros comunas despeitados vão estar de volta ao poder, dando indenizações até para cachorro de preso político de 64. Mas não tem problema. O que importa é que a Globo (tava falando em mafioso?) já tem os direitos de transmissão da copa de 2014, e teremos que ouvir o Galvão Bueno (mais um da turma de notáveis) narrando todos os jogos. Até aqui achou pouco? Amigo(a), até o Paulo Coelho estava lá, festejando a Copa aqui em terras brasilienses. Que time! Que camarilha! Que gang! Como dizia o Caco Antibes, nós brasileiros não apenas cuspimos na cruz, nós buscamos os pregos e emprestamos o martelo! Ops, me veio de novo à cabeça aquela musiquinha....este é um país que vai pra frente, hô, hô, hô, hô, hô.
Silvano – mas que cara implicante

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