03 janeiro 2008

Coisa de Gordo - 357


357 – UMA JANELA PARA O NOVO ANO
Não é novidade para quem lê este blog o assunto da JANELA. Sim, aquela parte lateral do boi, que o açougueiro corta inteirona, deixando a costela toda, um tanto do vazio e muito mais. Já citamos isso aqui nesta coluna semanal, creio que foi inclusive no tempo do site.
O que não impede que a gente busque novas experiências, novas oportunidades, novos carvões em brasa. O Professor Zeca, o Papa da Hidroginástica do litoral norte (51 – 36626666) fez mais uma das suas. Para bem abrir o ano que se inicia, ele nos convocou a degustar uma deliciosa Janela. Veja ele ali na foto tratando do negócio.
Disse ao telefone que a colocaria no fogo em torno das cinco da tarde, de tal sorte que poderíamos comê-la a partir das nove da noite. Sim, caro(a) leitor(a), são no mínimo quatro horas de fogo. As churrascarias famosas todas já aderiram a esta especialidade de carne. Alguma inclusive montaram vitrines onde a costela fica girando e assando a partir de uma certa hora da tarde. Na hora que o troço chega ao prato da gente, o osso está se soltando da carne. É uma delícia.
Pois em pleno calor gaúcho, este verão abafado e insuportável, lá se foi o Professor Zeca para a beira do fogo.
A noite esteve agradabilíssima, a companhia dos anfitriões dispensa apresentações, os amigos presentes estavam em estado de graça. A isso tudo se somou uma coisa. Munidos de violão e microfones, os ótimos Clóvis e Margarete cantaram e alegraram a todos, noite adentro. Iniciaram com músicas calmas, depois samba, bossa nova, anos sessenta, românticas, meu Deus, foi tanta música que fica difícil citar uma ou outra. Claro que não me contive e, em uma ou outra música, cometi a ousadia de tentar acompanhá-los ao microfone. Sabe como é, ano-novo, os corações mais desarmados, as pessoas até que me agüentaram pacientemente.
Mas voltemos ao espeto. Já houvera provado tal iguaria com estes mesmos amigos, e em vezes anteriores a coisa esteve deveras deliciosa. Mas esta Janela desta noite em especial estava demais! A carne tenra, saborosa, de fato soltando-se do osso. Provei de lascas de vazio com um gosto insuperável. Em dado momento me vi forçado a abrir mão da etiqueta e me atraquei numa costela de boca mesmo. A Célia Ribeiro e a Glória Khalil me absolveriam, por certo. A gente é tomado de uma força estranha e quando se apercebe está ali, feito um troglodita. É que o sabor...
Enfim, como dizem os oradores da atualidade, foi uma bela largada para o ano que começa. Literalmente uma janela nova se abriu. Mais deliciosa. Saborosa. Prenunciando doze meses de confraternização, alegria, músicas ao luar. Uma janela que o Professor Zeca e sua esposa souberam nos fazer ver e apreciar.
Um baita 2008 para todos nós! Basta abrir esta e outras janelas. Basta querer.
Silvano – o impossível


AS CORUJAS
Acho que foi o Luis Fernando Veríssimo que disse que a pior coisa para um cronista, ou “bloguista”, é ter que explicar o que ele escreveu. É um atestado de incompetência. É o fracasso da comunicação. A gente começa com o clássico “não foi isso que eu quis dizer” a acaba sempre saindo por explicações outras. Tendo isso em mente, não falarei mais do tema das CORUJAS. Deixo ao exame dos leitores. Mas o que está escrito ali, escrito está.


E TEM MAIS
Acho que nunca uma coluna suscitou tantos comentários (doze até agora!), o que me deixa muito feliz. Houve alguns leitores que “sentaram a lenha”, mas entendo isso como o fruto de sua indignação. Tentei responder a todos, agradecendo a opinião (mesmo que em contrário), e enaltecendo o saudável debate de idéias! Era o mínimo que eu podia fazer, diante de tanta deferência.


E DESCOBRI ALGUMAS COISAS SOBRE MIM...
...nos comentários postados. Ali fiquei sabendo que sou “uma pessoa egoísta e de visão estreita”, que eu tenho um “pensamento medíocre”, e que, sendo médico, surpreendo algumas pessoas com minhas idéias. É...vivendo e aprendendo. Já dizia o sábio na antiguidade: - Conhece-te a ti mesmo! Cara, tô começando, tô começando......


TEM UM CARA DA ANTIGUIDADE...
...que se chamava HERÁCLITO, da cidade grega de Éfeso (500 AC). Era um filósofo, um pensador. Seu estilo era baseado em charadas de difícil compreensão, a ponto dele ser conhecido como “o obscuro”. Conta-se que no final de sua vida Heráclito adoeceu, uma doença na pele, e foi até a vila mais próxima procurar um médico. A todos médicos que encontrou, ele só dizia charadas e frases enigmáticas, a ponto de nenhum deles tê-lo entendido. Desanimado, ele enterrou-se num monte de estrume para ver se se curava. O cara morreu ali, literalmente no meio da “merda” (desculpe a palavra grosseira). Onde quero chegar? Isso é o que dá a pessoa ser mal compreendida! Li este relato e lembrei do debate das corujas. Viu, Silvano? Viu, Silvano? Vê se te lembra do Heráclito! – foi uma voz íntima que escutei.


QUEM SABE...
...deixo de me assinar como “o impossível” e assumo minha nova identidade: - Silvano, o obscuro! ?


03/01/2008

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