06 março 2008

Coisa de Gordo - 366


366 – Reticências
A língua portuguesa, essa nossa idolatrada, tem seus encantos e alegorias. Nós que nos dedicamos a ler sabemos bem disso. E se nos dedicamos a conversar também nos defrontamos com isso. Ela oferece palavras as mais variadas, as mais belas, tem verbos e advérbios inigualáveis. E paralelo a isso, essa mesma senhora sedutora (a “última flor do Lácio”) traz algumas armadilhas.
Sim, quem nunca deu uma escorregada no português? Todo mundo já deu!
Quando mais jovem, a gente tropeçava até no uso da crase. Com o tempo os erros ficam mais profundos. Concordâncias e sintaxes mal-feitas passam a nos assombrar. Metáforas mal utilizadas batem à nossa janela.
Modismos vêm e vão, como as ondas da Praia de Garopaba (idéia fixa), de tal sorte que ninguém mais agüenta o “gerundismo” que andou invadindo os textos e conversas telefônicas. “Eu vou estar ENVIANDO o documento amanhã!” Eu pessoalmente vou estar JOGANDO o telefone na cabeça de quem continuar falando assim.
E por fim há as armadilhas da língua. Os desvios, os descaminhos, as vielas úmidas e tortuosas e até as areias movediças estão ali, no cenário de quem fala ou escreve.
Uma dessas armadilhas fazia e faz parte de meu dia-a-dia, coisa que uso muito em meu ambiente de trabalho. E olha que eu nem sabia dos riscos que estava correndo. Estou falando das reticências...sim...esses simpáticos três pontos sucessivos dos quais tanto me sirvo. Imaginava que elas eram usadas como um recurso de preguiça, a gente já tinha escrito a frase toda, faltava uma palavra e aí encerrava com elas, as reticências.
Usei de tal estratagema até o dia em que debati tal assunto com uma amiga minha, psicóloga de muitas luzes, doutorada em Lingüística, que me advertiu dos riscos das reticências. As reticências, alertou-me ela, abrem portas para qualquer coisa. Você escreve uma coisa e ao colocá-las no texto, permite que a pessoa que está lendo preencha o espaço com o que ela bem entender.
Fiquei intrigado com aquilo, mas acabei percebendo a veracidade de tal afirmação. Sim, amigo(a), as reticências são algo como uma areia movediça da língua portuguesa.
No meu labor, ia prescrever uma receita para uma criança com febre, resfriada e colocava assim:
REMÉDIO TAL........................1frasco
Dar 15 gotas via oral de 8/8horas, para resfriado, gripe.....
Percebeu o risco? A mãe do Fulaninho podia preencher a frase com o que ela quisesse. Ela pensaria: “Posso dar esse remédio para gripe, resfriado, visita da sogra e TPM!” Pronto, estaria feita a confusão.
Você deixa um bilhete ou manda um bilhete para seu chefe dizendo: “Romualdo, não pude ficar até a hora da reunião. Não deu....”
Aí o tal do Romualdo pode preencher a frase com “...para agüentar esta tua cara de canalha. Fui embora para casa assistir a Sessão da Tarde”. Viu só o tamanho da confusão?
Sua vizinha de prédio, aquela loura escultural, lhe pede que a auxilie na montagem de um armário novo. No bilhete que ela deixa sob a sua porta está escrito: “Oi, vizinho. Você poderia me ajudar a montar um armário novo que comprei? Traga martelo, chave de fenda e furadeira que o resto eu providencio...
Você enlouquece, uiva virado para a lua, toma uns três banhos, se cobre de perfume, enche o bolso de camisinhas e bate à porta dela. Ela abre a porta com um bebê no colo, mais dois gêmeos fazendo barulho e a avó por perto. E ao vê-lo, diz: “Que bom que você trouxe tudo. Os parafusos e as buchas eu comprei. Pode entrar.”
Viu a confusão na qual você quase se meteu? Disfarce esse volume sob a calça e trate de marcar os buraquinhos na parede. E cuidado para não furar nenhum cano de água! Bonitão, hein, crente que ia dar um malho na louraça. Tudo culpa das reticências, tudo culpa das reticências...(ih, olha elas aí!).
Pelo sim, pelo não, cuidado com o uso delas. Dão um charme ao texto, dão até um certo ar de mistério. Mas abrem porta para as maiores confusões.
Silvano – reticente... (mas vem cá, eu não acabei de avisar?)



BANRISUL – a resposta
Comentei aqui acerca da campanha que deflagrei junto ao Banrisul para que eles abram uma Agência em Garopaba de dezembro a março, que é para a gauchada gastar mais, mas gastar bem. Enviei e-mail ao FALE CONOSCO e veio esta resposta, que, por decência, transcrevo aqui: Prezado(a) Cliente, agradecemos o acesso ao nosso site. Em atenção a sua mensagem, informamos-lhe que O Banrisul disponibiliza durante o período de veraneio diversos equipamentos de auto-atendimento no litoral Gaúcho e Catarinense, neste ano em Garopaba disponibilizamos uma segunda máquina na Feira de Verão, sendo que a do Super Silveira opera o ano todo. Informamos, ainda que, neste período estes equipamentos são totalmente terceirizados não exigindo envolvimento por parte dos empregados da agência Tubarão. Neste ano de 2008 o Banco está pondo em prática Projeto de Expansão para Santa Catarina onde estamos avaliando, tecnicamente e economicamente, os locais a serem contemplados com novos pontos de atendimento. Além disto, o Banco está executando parcerias com estabelecimentos comerciais onde serão disponibilizados correspondentes bancários, locais em que nossos clientes poderão efetuar pagamentos de contas e encargos, saques e depósitos. Leonardo Lucas – Analista Banrisul S/A - Unidade de Gestão Corporativa


A CAMPANHA CONTINUA NO AR
Acesse a página do Banco, vá ao FALE CONOSCO e peça para abrirem uma agência em Garopaba. Quando estiver veraneando lá na próxima temporada, você vai lembrar de mim.


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...eu estarei junto ao Mestre da Janela (Costela Bovina assada inteira), o Professor Zeca e sua esposa Sônia. Retorça-se de inveja, morda o lábio de fome, enquanto eu me atraco naquele costelão. Sim, fui convidado. Que janta a me esperar!!


06/03/08

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