27 março 2008

Coisa de Gordo - 369


369 – COMENDO NAS ALTURAS
Os caras já não têm mais o que inventar. Que coisa maluca. Já tinha recebido este e-mail um tempo atrás, dia desses recebi de novo. Trata-se de um suposto restaurante na Bélgica, onde as pessoas são içadas a uma altura enorme para lá em cima, nas alturas, comerem os pratos de suas escolhas.
Imagino que o público freqüentador seja bem limitado em seu número. Começo pelo mais óbvio. O medo de altura. Eu que evito andar até em Montanha Russa falo com propriedade. Não apenas tenho medo como enjôo em tais brinquedos de Parques de Diversão. Então eu já me coloco fora do tal restaurante. Só que não sou só eu. Muita gente tem medo de altura, o que nos remete ao bom e velho instinto de preservação. É uma coisa óbvia, a gente tem que temer a altura para poder ficar vivo mais tempo. Não é uma fobia, é só preservação da vida.
Aí os caras resolvem fazer essa maluquice, abrindo mão de toda uma clientela que não vai se arriscar a subir tão alto em nome da gastronomia.
A idéia é simples. Um poderoso e enorme guindaste levanta uma espécie de plataforma lá para o infinito dos céus, levando uma mesa, os equipamentos de preparo da comida, as bebidas, o cheff, a equipe do cheff, e por fim as vítimas, digo, os fregueses.
Você escuta falar do troço, um dia um amigo o leva até lá, você espera na fila meio incrédulo, quando se dá conta o chão está desaparecendo debaixo dos seus pés e aí já é tarde demais para descer. E o pior é que deu aquela vontade de fazer xixi. E vem até uma dor de barriga. Cadê o vaso sanitário? Meu Deus – você balbucia – no que eu fui me meter?
Outros fatores por certo devem somar-se ao que descrevi até aqui. Por exemplo, a proximidade com um aeroporto. A cada Boeing que aterrissa suas orelhas vão encolhendo. Outro fator é uma coisa chamada vento. O troço vai subindo, subindo, começa aquela brisa mais fresca, quando chega lá no alto você percebe que não dá para deixar um guardanapo solto que a ventania carrega. Você começa a suar frio, o que passa despercebido aos outros, pois o vento é mais ágil em secar o seu suor do que a percepção dos convidados. Em meio à tragédia, surge uma pequena vantagem, um breve ganho secundário. Aproveitando o vento, e sem poder ir ao banheiro por causa daquela dor de barriga, você vai soltando gases que se diluem em meio ao quase-tornado que os envolve. Pobre das águias e dos condores.
Aí a plataforma começa a sacudir de um lado a outro, e você lembra de que logo vai estar enjoado. Que belo almoço o aguarda. De fato.
Só isso? Claro que não. Com a vibração, os cabos que prendem vocês por lá começam a “gemer”, a fazer barulhos os mais estranhos, ao que o Cheff tenta acalmar a todos, afirmando que aquilo é perfeitamente “norrrrmal” (carregando nos erres). Normal nessa hora seria você ligar para o Corpo de Bombeiros, a Samu, o Papa ou a SWAT e pedir uma equipe de resgate. Você só não faz isso por medo de derrubar seu celular lá de cima.
Por fim. As fotos são impressionantes. A altura é enorme. Parece que é na Bélgica. Esteja a gosto. Eu, de minha parte, ficarei com os pés bem no chão. Não vá vomitar na minha cabeça...
Silvano – que cara enjoado


27/03/08

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