24 abril 2008

Coisa de Gordo - 373



373 – MERCADO DAS GASOSAS
Num exercício de volta ao passado, vivências da infância, já declarei aqui neste espaço meu apreço gustativo aos refrigerantes de POMELO. Para quem não lembra, o pomelo é uma fruta cítrica, algo entre uma laranja e uma lima, com um gosto amarguinho característico. Cito que é uma volta à infância pois só bebíamos o tal refrigerante em nossas idas à Rivera (Uruguai). Ao cruzarmos a fronteira de volta ao Brasil, deixávamos do lado de lá aquele sabor inigualável (amargo no fundo) por lá, para nunca mais provar.
Anos mais tarde, desta vez em território argentino, pude mais uma vez degustar o delicioso sabor do Paso de los Toros, um dos refrigerantes desta estirpe. E aí veio uma pergunta: - Por que não se vende isso no Brasil? Por que nunca lançaram isso por aqui? Num país que já teve Mountain Dew e Crush, não seria de admirar.
Dia desses cruzamos de novo a fronteira uruguaia e eu, em plena crise de abstinência, pedi um refri de pomelo. Passados anos e anos, pude sorver de novo esta maravilha. E aí fui defrontado com uma revelação. Deste vez o nome do refrigerante era Quatro, e trazia no pé da lata descartável aquela clássica inscrição: “Un producto de Coca-cola Company”.
Puxa!!.. – pensei eu – até isto é da Coca-cola. Mas se é da Coca, por que eles não lançam no Brasil? Conversamos na mesa e deduzimos que há coisas neste mercado que parecemos desconhecer. A mesma Coca-cola é dona do Guaraná Kuat, e nem por isso o lança nos países vizinhos. É como se houvessem nichos de mercado, reservas, regras obscuras que determinam o que vai ser bebido e aonde.
Sem laivos de novidade, mas até com certo enfado, fui depois perceber que o Paso de los Toros é propriedade da Pepsi Company. Que coisa, os caras são donos de tudo.


A mim, eterno admirador, só resta lamentar e tentar entender os meandros deste lúgubre e refrigerado mercado.
Há uma teoria mais simples. Alguém na mesa alertou que talvez os caras não tenham lançado isso no Brasil pois só haveria uma pessoa na fila de compra: - EU! De fato, não é uma bebida para muitos. Tem um gosto amargo incomparável, mas que é delicioso. Quem toma Campari talvez me entenda melhor. E veja que não gosto de Campari.
É um cítrico agradável, delicioso, saboroso, encorpado, de cor parda, um bege claro característico. Como demoro a voltar ao exterior, tratei de trazer um pequeno estoque, embalagens de 1,5litro na versão light. Trouxe dois fardos de seis garrafas. Estou bebendo com um conta-gota. Não sofro grande concorrência doméstica, posto que os paladares caseiros ainda estranhem tal sabor.
Se alguém for ao exterior, Uruguai, Argentina, Paraguai, já sabe o que me trazer de presente. Nada de quinquilharias e espelhos coloridos. Traga-me um fardo do Paso de los Toros, versão light, e eu, a exemplo da Branca de Neve, viverei feliz para sempre.
Silvano – com gosto amargo na boca


QUE PENA
Desde que o governo Fernando Henrique criou o Pecúlio Comunista, esta bolada de dinheiro que os supostos perseguidos da ditadura amealham do contribuinte, um carnaval foi começado. Às custas de nosso suor e trabalho. No dia que o Carlos Heitor Cony se declarou um perseguido da ditadura, parei de ler qualquer coisa escrita por ele (inclusive ele nem dorme mais por causa disso!). Achei ofensivo, achei um absurdo, uma pouca vergonha. Para desmazelo meu, li que o Ziraldo e o Jaguar, dois mitos do Pasquim, enveredaram pelo mesmo caminho. Vão ganhar uma boladinha de um milhão, e depois um salário vitalício entre cinco e dez mil reais por mês. Amigo(a), estou ficando sem referenciais. Como dizia o Cazuza, meus heróis estão morrendo de overdose. Overdose de pouca vergonha na cara! Que pena.


24/04/2008

1 comentários:

Ivens disse...

Mas bá, também so lôco pelo pomelo do Paso de los Toros. Realmente pena não ter aqui, mas já existe uma esperança. Na fila teriam DOIS.
Grande abraço