15 agosto 2008

Coisa de Gordo - 389


389 - ESTEREÓTIPOS
Não sei de onde vem esta palavra “estereótipo”, pois a desdobrando, o radical dela é “estéreo”, que significa movimento. O significado dela tem sido bem outro. E ando obcecado por alguns estereótipos ultimamente. E partir da observação disso, constatei estarrecido que um estereótipo é uma coisa utópica, uma figura que não existe! Serve como padrão, serve como exemplo, mas não existe.
Certa feita a Globo exibiu uma novela onde havia ciganos, época em que muita criança neste país foi batizada com o nome DARA, que era como se chamava a cigana da novela. Naquela ocasião, a TV mostrava os ciganos como pessoas charmosas, sensuais, vistosas, roupas reluzentes. As mulheres ciganas seriam algo como sereias, tal a sua verve sedutora. Tudo isso era um estereótipo. Não existe cigano assim! Uns anos atrás, morando noutra casa desta mesma cidade, observava um acampamento de ciganos situado a uma quadra de nossa casa! Sujeira total, pessoas feias, podres. As mulheres, verdadeiros “tribufus” ambulantes, andavam sem calcinha e, andando pela praça, simplesmente se agachavam ali na grama para urinar e logo em seguida seguir seu caminho. Como bichos. E bichos sujos e fedorentos. Ora, não é difícil imaginar que pessoas que vivam sem banheiro, água corrente e sabonete, sejam sujas em seu viver. Quem se propõe a viver acampando aqui e ali, por opção própria, tem seu destino atrelado a uma certa falta de higiene, falta de sociabilidade. Enfim, os tais ciganos aqueles da novela eram só estereótipo. Não conheço cigano que se enquadre no que foi mostrado na TV.
Na Literatura Brasileira temos o mito do bom selvagem. O clássico José de Alencar escreveu livros onde pintava os índios como heróis altivos, bonitos, educados, amorosos. Peri e Ceci eram quase que Romeu e Julieta! Sim, a mim parece que tal mito não foi criação do Alencar, era uma coisa do movimento cultural vigente no mundo daqueles tempos. Quem já teve a chance de ver, escutar, se aproximar de algum índio facilmente percebe a diferença. Índios na vida real são pessoas (lá vamos nós de novo...) sujas, podres, analfabetas, desdentadas, eventualmente violentas, grosseiras. Cabe a mesma apreciação de antes. Os caras vivem em Tabas, dormem dentro de Ocas, o banheiro mais próximo é o rio, se tiver, a podridão viceja por ali, portanto. Esse mito do bom selvagem transbordou para outras obras clássicas, basta lembrar que o Tarzan, aquele da Jane, foi pintando como um cara legal, justo e bonitão. Amigo(a)...pobre da Cheeta! O cara era um farrapo humano, a se considerar que ele houvesse sido criado por macacos, em meio à selva. Mas o tal mito era forte e lá veio o Tarzan com cabelo penteado e hálito puro.
Por fim, indago. Com que finalidade são criados os estereótipos? Por que aparecem? O que os condiciona? Sim, bem sei que isso é quase incontrolável, é quase como fofoca em cidade pequena. Se cria, aumenta, aparece, se espalha!
Poderia um sociólogo ponderar que o estereótipo é uma espécie de inconsciente coletivo social. Surge nas mentes das pessoas e transborda para a cena do dia-a-dia. Se a Globo colocasse ciganos imundos na sua novela, por certo não teria audiência alguma. Como captou o imaginário popular, acertou na mosca.
Enfim, percebo a existência de estereótipos e ao mesmo tempo os respeito e temo. Por serem fantasiosos, nunca se sabe aonde a coisa vai parar! Observo-os de longe, dou um passo atrás e vejo a vida passar.
Silvano – o impossível


FENACAN
Começou ontem, com este novo nome a FESTA NACIONAL DA CANA, antiga festa do Sonho, Cachaça e Rapadura de Santo Antônio da Patrulha -RS. De ontem até o próximo domingo, a cidade ganha caras novas, um movimento inusitado, vem gente de todo lugar! O desafio dos expositores de Cachaça este ano é driblar e Lei seca. Sim, porque na tal festa há uma espécie de “cachaçódromo”, um pequeno estande onde os Alambiques expõem suas marcas, colocando á degustação do público as suas cachaças. Como provar aquilo e depois dirigir carro? Impossível, e a polícia local já avisou que vai mandar ver no bafômetro. Venha, beba e, portanto, traga seu motorista cara-limpa!


RECALQUE MEU
Toda Olimpíada é a mesma coisa. Olho o quadro de medalhas e fico vexado! Que paisinho de meia-tigela é este em que vivemos! Quase caí da cadeira quando a mídia anunciou que aquela mulher do JUDÔ foi a Primeira Mulher Brasileira a ganhar uma medalha em Olimpíada, num esporte individual! Meu Deus, do céu, é muita incompetência. Chama o Cristóvão Buarque e vamos começar tudo do zero. Pela educação! Pelas escolas! Pelo incentivo às crianças desde cedo! Pela chance de sermos, um dia, um país melhor. Todas essas parcas medalhas que eventualmente ganhamos são resultado único da iniciativa pessoal de um atleta, de um grupo de atletas, coisa assim. O governo pouco liga para isso! Se aquela pessoa se determinar: - Daqui a oito anos vou correr a maratona na Olimpíada, trabalhar o dia todo, treinar sozinha à noite, durante oito anos, talvez ela enfim consiga chegar lá. O governo em nada a apóia. Recalcado que fico por causa disso, escolho uma nação para torcer, para ver se alguém desbanca aqueles americanos soberbos e cheios de si! Este ano sou CHINA desde pequenininho. Torço pelos “chinas” até em campeonato de cuspe!


ALGEMAS
Eu serei sempre suspeito, mas acho um descalabro essa bobagem de quererem regulamentar o uso de algemas em solo nacional. Não sou favorável a abusos. Não coaduno com a violência policial. Mas neste singelo momento em que o país se vê às voltas com a barbárie, a violência, a impunidade, os caras do Congresso (sempre eles) se juntam para regulamentar o uso de algemas. Ou seja, o circo pegando fogo e eles preocupados com a almofada na cadeira. O ministro Gilmar “Amigo Deles” Mendes já inaugurara esta tendência, mostrando-se tremendamente preocupado com os abusos cometidos contra o coitadinho do Daniel Dantas. O desvio de dinheiro que ele causou, a falta que isso faz nas filas do SUS, na fila dos Aposentados...isso não o estressa. O que lhe causa frisson é o “modus operandi” dos policiais em relação aos punhos do Dantas. Pois agora, resolveram falar das algemas. A seguirmos por este caminho, logo , logo estaremos discutindo as acomodações dentro dos presídios. Afinal, dirão estes mesmos, por que não coloca uma cama Box e uma TV de LCD para cada preso? Gente....(bradarão eles)..eles são bandidos mas são humanos! Humanos!! Estupradores...mas humanos. Assassinos, mas humanos.


E O PIOR....
...é que EU e VOCÊ pagamos não apenas a estadia dos presos nas penitenciárias, mas o salário dos meliantes do Congresso e o do Gilmar Mendes. Ah, sim, e para não esquecer, pagamos também o novo salário da governadora Yeda “Arrogante” Crusius que se aumentou de 7.000,00 para 17.000,00 por mês.


14/08/2008

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