08 agosto 2008

DIA DOS PAIS


DIA DOS PAIS

Feliz és tu
que não precisas
fechar os olhos
para encontrar teu pai.

Ele abre o jornal
quando abres a porta.

Teu pequeno Atlas
tem um mundo em suas mãos.

Deixa de lado
a lufada dos fatos
e vem ao teu encontro.

Abraço de mãe é travesseiro.
E árvore, o pai.

A gente sempre fica
com algumas palavras
trancadas na garganta.

O pai não quer arroubos
nem proclamas…

A roupa do pai temtantos bolsos.
É neles que guarda
pequenas humilhações
e desditas.

Mas em seu olhar
brilha um grande sonho.
Um mundo melhor
para seus filhos.

Às vezes, dá vontade
de dizer ao pai
que nós também
pisamos o barro,
sujamos a alma
e os sapatos.
Mãe é teto.Pai é viga.
Há resíduos
de nossa infância
em todos os cantos.
Até no cheirinho
de água de barba
que vem com seu abraço.

Ele cantava no chuveiro.

Deixas sob o travesseiro
uma caixa de CDs.

A noite avança,
toca o telefone.
O pai agradece.
Ao fundo,ainda ouves
o som enternecido
de um bolero.

No escuro
avalias o filho que és.

Carece ser mais companheiro,
jantar, ir ao cinema.

Dormes e sonhas com teu pai.
Chove na manhã de inverno.
E como é bom
vir da escola em seu colo,
os pingos d’água cantando
sobre o guarda-chuva.

Luiz Coronel – Poeta- Editor e Escritor

1 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Silvano
Lindo, lindo , lindo...Me deu até saudades do meu pai.Bem como diz a poesia... o cheiro da água de barbear, as músicas... O meu tinha um ritual para barbear-se, lembro da hora e do barulho que fazia, pois costumava assoviar canções bem baixinho enquanto barbeava-se... Bons tempos!
Bjos Sonia.