25 setembro 2008

Coisa de Gordo - 395



395 – QUE BARULHO É ESSE?
Mistérios da meia-noite. Ou do meio da manhã. Quem primeiro escutou foi a Sra Kátia. Eram batidas, pancadas, um som seco contra uma parede. Ou um vidro. O que seria aquilo?
De um dia para o outro, ela relatou-me que escutava umas pancadas, um som que ainda não conseguia definir. No início não dei muita importância. Deve ser a dilatação dos materiais. A mudança de estação. Sei lá. Mas ela insistiu que era algo estranho.
Noutro dia, ao amanhecer, o ruído voltou. E desta vez eu também o escutei. Batidas, pancadas, um som seco de algo batendo contra outro algo. Mas de onde vinha aquilo?
Perambulei rapidamente pelos recantos da casa, mas sempre que me aproximava o ruído cessava. O mistério continuava. O que era aquilo?
Lembrei dos primórdios do Espiritismo, quando as Irmãs Fox deram vazão a uma torrente de manifestações físicas em seu pequeno barraco. Eram pancadas, ruídos, aparentemente sem uma causa aparente. E deu no que deu. Sacudi a cabeça por ter relacionado as duas coisas. Mas o mistério persistia.
Horas se passaram, já houvera vasculhado o derredor da casa, a vizinhança, o Google Earth e nada.
Novamente a Sra Kátia veio trazer luzes sobre o mistério. Após uma breve análise do caso, após curtas comparações entre coisas e troços, por fim ela matou a charada. Não, não eram almas de outro mundo. Não era a dilatação dos materiais diante do sol. Sequer eram ruídos dos vizinhos. Tudo estava na ação de um, apenas um, passarinho.
Acostumada a cuidar das coisas do pátio, ela familiarizou-se com um Sabiá que freqüentemente aterrissa por ali. Era antes um pequeno pássaro, com o passar das semanas e por se alimentar de minhocas e formigas que nossa casa lhe fornece, o pequeno ser alado foi ficando não apenas grande, mas de fato um pouco gordo. Sim, ela já houvera me chamado a atenção para aquele Sabiá, inclusive se referira a ele como “o nosso Sabiá”. Engraçado que o bicho não sabia disso. Ela voa o dia todo livre pelas redondezas, e numa certa hora da manhã aterrissa em nosso pátio para o lanche da manhã. Pois essa assiduidade fez dele o “nosso Sabiá”.
Pois justamente este singelo animal é o causador dos ruídos. Numa certa hora da manhã, o sol faz um certo ângulo com uma de nossas janelas, tornando o vidro dela um perfeito espelho. Justamente nesta hora o bicho vem comer por ali. Ao ver-se no reflexo do vidro, ele julga estar diante de outro Sabiá, o que é inadmissível para o seu domínio territorial. Assim, ele senta num galho próximo, enxerga-se no vidro e, diariamente, parte para o ataque. A si mesmo!
Imagino ele voando lá pelo alto, curtindo o amanhecer, a movimentação da cidade. Aí ele vem dar uma curingada no meu pátio, mas como o sol ainda não se posicionou ele não enxerga nada. Meio da manhã chegando, ele volta ao seu terreiro e dá de cara com aquele “intruso”. A partir daí ele fica enlouquecido e investindo contra o vidro. Que bicho burro. Bom de visão, mas burro.
Enfim, desfez-se o mistério. Pela perspicácia da Sra Kátia que desvendou o segredo.
Nossa casa não estava sendo alvo de manifestações transdimensionais. Não era alvo de meteoros intergalácticos. Sequer era uma estação de recepção de Código Morse. Tudo, tudo aquilo era obra de um Sabiá. Um gordo Sabiá. Que insiste em investir contra o nosso vidro. Água mole em pedra dura... Cadê o vidraceiro que tava por aqui??..
Silvano – o impossível




IMAGEM DO BICHO
Ei-lo em pleno ataque. Terei que ver um psicólogo para esse Sabiá. Ele anda muito auto-destrutivo. Tendências suicidas.. quem sabe uma fluoxetina ao entardecer...











OUTRA IMAGEM DO BICHO
Perceba que ele está meio gordo, seu IMC deve estar acima de 30.


25/09/2008

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