30 outubro 2008

Coisa de Gordo - 400


400 - VOCÊ SABE QUE EU TE AMO
Nesta reforma da língua portuguesa que o governo federal está implantando tem umas coisas muito estranhas. Já tratei deste tema aqui, lá quando escrevi o CG – 342, de setembro de 2007. Se quiser matar a saudade: http://coisa-de-gordo.blogspot.com/2007/09/coisa-de-gordo-342.html Pois é, sob a justificativa de se unificarem as publicações dos países que falam português, os caras resolveram dar uma uniformizada.
Noite dessas, zapeando na rádio, escutei o professor Flávio Ledur fazendo uma interessante crítica a esta reforma. Alertou ele que não adianta uniformizar a escrita das palavras se não se mexer nos seu significado. E aí ele citou uma série de exemplos que nos diferenciam, por exemplo, de nossos irmãos portugueses.Em Portugal, a palavra "buseta" designa um pequeno ônibus, e a sua pronúncia é essa mesma que você está pensando. Ora, não adianta se convencionar que a partir de agora os dois países vão escrever igual se lá a coisa tem um significado automotivo, ao passo que aqui se presta a considerações mais canhestras.Partindo deste exemplo, você pode imaginar a infinidade de palavras nas quais se vai mexer a grafia (forma de escrever), se que se uniformize o significado. Resultado óbvio disso: - este reforma é um grande, um gigantesco desperdício.
Ora, Silvano, dirá você leitor. Toda mudança causa resistência. Deixe de ser limitado, abra seus horizontes.Abro montes e horizontes, mas ainda não consigo ver tanta utilidade assim na tal reforma.Eu que não cozinho na primeira fervura, fui alfabetizado ali, no limiar da última reforma que houve no Brasil, a de 1971. Sim, crianças, eu já sabia ler na Copa de 70! Por muito tempo os livros ainda continham palavras impressas do jeito antigo, coisas como "facto" que virou fato. E de fato (olha a redundância aí, gente) o país sobreviveu àquela reforma.. Assim como eu. Sobreviveremos a esta? Por certo. O que não me impede de apreciar o desperdício de tempo, dinheiro e papel. Aliás, ainda não escutei nenhum ecologista berrando contra a nova reforma. Sim, porque os livros que temos até então virarão lixo daqui a quatro anos. Toda a bibliografia nacional vai ter que ser reimpressa. Vai ter árvore prá isso tudo? E aí, IBAMA? E então FEPAM? Tudo em paz. Ninguém vai pedir um RIMA (relatório de impacto ambiental) desta reforma ortográfica? Ela já tem alvará?
Onde quero chegar. O presidente Lula, o itinerante, poderia aproveitar esta deixa maravilhosa para acerta a fala dele e de muita gente que fala como ele, anexando na reforma umas coisinhas que o tirariam para sempre do anedotário nacional. Por exemplo...
POBLEMA - ficaria estabelecido que a palavra certa seria poblema, resolvendo de uma vez por todas esse grande problema que alguns governantes enfrentam. A palavra, uma vez oficializada, entraria para o Aurélio e o Houaiss pela porta da frente. Imagine quantos discursos de posse seriam elogiados. Quantas atas de reunião da CUT não ficariam corrigidas?.. Quantos comentaristas esportivos paulistas (né, Juarez Soares?) poderiam ser enfim aplaudidos nas suas falas? Uma infinidade.
VOCÊ SABE QUE EU TE AMO - faz trinta anos que meu ouvido sangra nas novelas da Globo, quando ouço os mocinhos e mocinhas dizerem esta clássica frase. Que fere todos os princípios da concordância. O certo seria: - Você que sabe que eu lhe amo. Ou então: - Você sabe que eu o amo. Ou por fim: - Tu sabes que eu te amo. Mas essa mistureba que as atrizes e galãs têm feito não pode mais persistir na ilegalidade. Vamos legalizar esta droga! Só esta, Gabeira, só esta. Poderemos encher a boca e declamar às nossas amadas e amados: - Você sabe que eu te amo! - sem o risco de sermos corrigidos ou despachados.
AGÁ – esta gíria inicialmente médica invadiu o linguajar popular e poderia ser incluída na reforma. O Fulano foi lá na loja, xingou, brigou, fez o maior “agá”. Vem da letra H, letra inicial de Histeria. Aquilo a que os médicos, em plantão, chamam de “agazão”, ou “agá infectado”. Pois é, antes só se falava isso em plantão, agora até criança usa em sala de aula: - Bah, a Diretora veio aqui e fez o maior “agá”!
Enfim, como todos os países que falam a língua portuguesa são nações prósperas e ricas, botar esses milhões na lata do lixo por certo não vai fazer falta. Pobre de nós. Ou será "nóis"?
Silvano - the impossible


UM BELO DIA...
....estávamos no Shopping Praia de Belas, Porto Alegre, provamos do Sorvete de Doce de Leite da Parmalat e adorei. Chegando em casa, escrevo um e-mail a um pequeno grupo, contando aquela doce aventura. Título do e-mail? COISA DE GORDO.
Na semana seguinte outro relato. Depois mais outro, na média escrevi um por semana. Estamos completando o número 400 neste de hoje! Quer calcular? Dá uns sete anos e meio. Gente, tá na hora de botar isso no papel. Mesmo com a cara feia do Ibama. E antes que mude a grafia. Acho que ficará mais original escrito assim, como é hoje.

1 comentários:

lizi disse...

sorvete de menta com chocolate é o melhor!!!
e sou totalmente contra a reforma ortográfica. acho que é apenas mais uma desculpa pra baixar o nível de exigência do conhecimento na língua.