21 novembro 2008

Coisa de Gordo - 403


403 – CAROÇO?
Você por certo estava vivo(a) na virada do milênio e deve lembrar das coisas que se falou por aquela época. Uma clássica expressão é aquela que diz.. “em pleno século 21....blá....blá....blá”. Sim, deu-se a virada do ano, do século, do milênio. E de fato é inadmissível que certas coisas ainda permaneçam entre nós.
Gente de Deus!
Dia desses fomos comer uma Pizza em casa, dessas que se compram já montadas. Aspecto delicioso, queijo derretendo, e bem no meio dela uma linda azeitona. Após ter servido a turma, tomei daquela azeitona e lasquei o dente! Uau! Quase quebrei o dente! Sim, o troço ainda tinha caroço dentro de si.
Inadmissível! No ano de 2008 isso é inadmissível!
Sim, ninguém teve a chance de conhecer azeitona no pé. Todo mundo que conheço travou conhecimento com esse delicioso fruto da Oliveira já devidamente engarrafado e temperado. No ritual de se comer azeitona, aprendemos a comer cuidadosamente a fruta (será que é assim que se chama?), já sabendo que restaria dentro da boca o caroço. Aquilo sempre gerou uma série de pequenos embaraços. Num evento, quem mais comia, era identificado pela montanha de caroços ao redor. Alguns não se davam ao trabalho de juntar os caroços, jogando os pequenos detritos em vasos, por cima do muro do vizinho, na orquídea da Vovó, no vaso sanitário, no cinzeiro, na casa do cachorro, na mesa de centro.
Quem servia azeitona para alguém já sabia dessa nojeira toda e providenciava receptáculos, pratinhos, pires, para que as pessoas colocassem os viscosos caroços após seu deleite.
Enfim, como diria minha amiga Caroline, era uma função desproporcional!
Aí os caras se deram conta e começaram a industrializar a azeitona sem caroço, igualmente temperada, bem salgadinha, e sem o quebra-dentes inconveniente. E para arrematar, ali, naquele pequeno espaço vazio, naquele pequeno útero em seu pós-parto, acomodaram lascas de pimentão, tomate, etc. Além do contraste da cor, o gosto ficou muito bom.
Lembro que comer azeitona recheada era um luxo em nossa juventude. Fazia parte dos eventos de Natal, justamente por vir em cestas de coisas importadas. A gente guardava aquele vidrinho até março, quando então, numa data especial, abria o vidro e servia a deliciosa iguaria. Hoje isso se popularizou!
Há azeitonas recheadas a preços bem acessíveis, a granel no balcão do Supermercado, em armazéns e mercados. Tornou-se um produto barato, comum, acessível!
Por que, então, meu amigo, colocar uma traiçoeira azeitona encaroçada numa pizza que se vai saborear na intimidade do lar? Para que fazer isso? Por que este descaso? Será que o custo de UMA azeitona (que é o que tinha naquela mortífera pizza) é significativo para quem a prepara e vende? Não será um diferencial bem fácil de colocar? Pois é! Por que o caroço?
Pensei em algumas estratégias neste sentido. Passei por idéias terroristas, táticas de guerrilha para cercar e invadir fábricas de conservas. Depois pensei em recrutar o Daniel Dantas para, com sua influência, decretar a extinção do caroço em território nacional. Mais tarde lembrei dos ecologistas, pensando em convencê-los de que o caroço jogado fora a esmo seria prejudicial ao ecossistema. Me passou pela cabeça deflagrar uma daquelas correntes pela internet, convocando todos a espalharem e-mails com a campanha: “Não é bicho nem tem osso – mas é uma droga o tal do caroço!”. Desisti de todas essas estratégias.
Aí lembrei da uma lei, a boa e velha LEI DO MERCADO. Ora, caro(a) amigo(a), basta que se faça uma coisa. Vamos parar de comprar, consumir, vender, encomendar azeitonas com caroço. Vamos nos dedicar a comprar, consumir, presentear, preparar pizzas e bacalhau APENAS com azeitona descaroçada! Na hora que os donos das fábricas se derem conta, retirarão do mercado estas verdes armadilhas, deixando à nossa disposição apenas as suculentas azeitonas recheadas.
Pense nisso. Seu dente pré-molar vai agradecer. E a grama do vizinho também.
Silvano – sem recheio


O POSTE QUE CAIU
Pois é, com toda tecnologia disponível no mundo moderno, basta que caia um POSTE e a gente se vê de volta a cinco séculos atrás. Sem geladeira. Sem forno de microondas. Sem internet. Após o evento ocorrido (o poste que caiu espontaneamente na frente de nossa casa), acionamos a CEEE que em seis horas tirou o poste podre, desligou os fios todos, colocou um poste novo no local e religou os fios e a corrente elétrica. E os fios de telefone? – perguntei aos caras. Isso é com a Brasil Telecom, chama eles que eles arrumam esta parte – responderam.
Acionamos então a Brasil Telecom, após a sra Kátia ter ficado uns vinte minutos discando UM, discando DOIS, etc...até que conseguiu falar com um ser humano que disse que em vinte e quatro horas o problema estaria solucionado. Fizeram em menos tempo do que isso. Que bom, voltamos a ter luz, telefone e internet. A partir de agora passarei pelo poste novo, darei bom dia, serei um amigo. Já percebi que ele tem poderes sobre nossa casa e, por conseguinte, nossas vidas.
Enfim, voltei! Chato, enfadonho, inútil. Mas de poste novo!
Silvano – não foi dessa vez...


22/11/2008

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