13 novembro 2008

Leitor fala sobre os Pedágios gaúchos


Caro Silvano,
Falo sobre os pedágios, assunto que agora está em candente discussão no nosso meio, tendo em vista a proposta do governo em prorrogar os contratos com as concessionárias. Tenho lido e ouvido muita coisa nos jornais e rádios, e algumas coisas tenho que dizer a respeito:
- De que quando fizeram os contratos, o governo não tinha experiência com pedágios. Pelo amor de Deus, isso é um absurdo! Quantos advogados e administradores têm ou tinha no governo para elaborar um contrato, uma lei ou que seja?? Até legalmente, desconhecimento não é desculpa para nada! É óbvio que os contratos foram feitos exclusivamente para beneficiar as concessionárias. É do mesmo governo a famosa renegociação da dívida que endividou o estado. A história já julgou este governo. Antonio Britto não ganha eleição para síndico do prédio em que mora. A pouco, tentou ressurgir no Grêmio e houve um clamor insuportável e ele sumiu!
- Fique bem claro, também não sou contra os pedágios. A Free Way é uma das dez melhores rodovias do Brasil, a melhor do estado. Estão falando muito do pedágio de Portão, mas não falam do de Sapiranga. Quem vai a Gramado de Porto Alegre, paga dois e pouco, estrada duplicada pelo pedágio, e como quase não passa caminhão, a conservação dura. A de Portão tem problemas de conservação, mas faltam 15% para conclusão da duplicação, o pedaço de Bom Princípio e o trevo de São Vendelino. Agora, querem extinguir este pedágio e passar para a concessionária de Caxias. É inacreditável, ou seja, todos os benefícios para as concessionárias novamente. As concessionárias dizem que não tem guincho ou ambulância nas comunitárias. Alguém acha que precisa ou todo mundo quer é estrada melhor a preço justo? Quem vai a Gramado, uma ilha cercada por pedágios por todos os lados, e leu a proposta do que vai acontecer entre Gramado e Nova Petrópolis vê que é um absurdo, agora, dez anos depois, vão fazer acostamento. Vai ter uma praça nova de pedágio entre Gramado e Taquara. Para mim, isto é a prova inequívoca que os pedágios são só exploração: cobra-se o máximo do principal pólo turístico do Estado. Mas Caxias é igual. Estes tempos, fiz um tour na serra, passando, por Carlos Barbosa, Farroupilha, Caxias, Nova Petrópolis, Gramado e voltei por Taquara: CINCO pedágios em menos de 300 quilômetros. O único que não te irrita, é o de Sapiranga. Fico pensando o caminhão que vai de Iraí a Rio Grande, eu perdi a conta.
- O Governo diz que não tem plano B, assim como não tinha no ICMS e mundo não acabou. Eu tenho. Começa hoje, nova licitação para todas as estradas estaduais, as propostas têm que ter: obras completas na estrada, duplicadas nas que passam trânsito pesado de caminhão, após inicia cobrança, e ganha a que tiver menor preço. Não precisa ser comunitário. Vão ver o contrato da Concepa, vão ver os contratos que foram fechados a pouco no centro do país pela Dilma. E quem ganhar, assume quando acabar os contratos atuais. Até lá, que se cumpram os contratos, pelo governo e principalmente, pelas concessionárias.
Perguntas: por que o Governo Yeda, que não falou em pedágios na campanha, quer agora a qualquer custo renovar os contratos, que encerram no meio do próximo governo?? Por que, agora, as concessionárias têm dinheiro para investir nas estradas? Quanto custou de verdade a casa da Yeda?
James – de Porto Alegre



AGORA EU FALO SOBRE ELES
Concordo com o leitor JAMES e na carona do que ele escreveu, mando bala. A coisa é toda muito complexa, se tem um caso em que cabe aquela máxima de que neste mato não tem coelho, é só raposa, este caso é o dos pedágios nas estradas gaúchas. Já levantei bandeiras de recalque aqui neste blog para depreciar o Rio Grande do Sul, quando o comparo com a vizinha Santa Catrina. Lá é proibido colocar pedágio em estrada e as estradas estaduais deles são as melhores onde já andei. Qual é a magia? Vamos além.
Por que quando a coisa é na Saúde Pública todo mundo se ofende e se arma, ao passo que nesta área de transportes todo mundo vira ovelha? Perceba a diferença. Imagine uma situação em que um pai leva seu filho com febre a um Hospital público. Ora, ele precisa de atendimento. Se ao chegar lá o Hospital não providenciar logo um médico e todo o resto (raio-x, laboratório, farmácia...), a família chama o Promotor Público que manda prender todo mundo e vinte minutos depois a demanda daquela família é prontamente atendida.
Voltemos às estradas. Este mesmo pai precisa viajar cinqüenta quilômetros para então levar seu filho ao atendimento. Só que a estrada está péssima, esburacada, sem sinalização. Ora, isso também é obrigação do governo, atender a necessidade de transporte daquele cidadão. Então porque não se aciona a polícia, o Promotor, o Bispo? Pois é, somos ovelha. Com a Saúde, faca no peito. Com o Transporte, calma e paciência. Se você acha um menos importante que o outro, lembre que a ambulância que vai lhe levar infartado até a UTI não tem asas, não flutua na água e ainda precisa de estrada boa para lhe salvar.
Sim, lembro vivamente do tempo em que não havia pedágios nas estradas gaúchas. Eram terra de ninguém, coisa para lembrar do filme Mad Max. Se o Estado era incompetente para fazer isso, muito bem, que viessem as concessionárias fazer melhor. Então cabe a pergunta que brado faz mais de uma década: - Para que serve o DAER? O DAER, para quem não sabe, equivale ao DER catarinense, e é aquele verdadeiro elefante branco, órgão público super inchado, que ostenta um prédio gigantesco ali na Avenida Borges de Medeiros na capital (ao lado do IPERGS), sem função nenhuma! Então, o Estado vai entregar as estradas à iniciativa privada? Fecha o DAER. Elimina o DAER. Onde os caras atuam? Na concessão de linhas de ônibus, verdadeiro antro de mafiosos e troca de interesses. No aumento de passagens estaduais, outro vespeiro onde tem muita gente se arrumando às nossas custas. Na vistoria de ônibus e caminhões, setor onde frequentemente a imprensa denuncia fraudes. Na concessão de Estações Rodoviárias decrépitas Rio Grande afora. Enfim, o troço é um antro de corrupção, não presta mais serviço algum ao estado e ninguém toca no DAER! Pagar pedágio é ruim? Com certeza. Mas manter esta excrescência administrativa é algo muito pior.
Se prefiro as estradas mais seguras e sinalizadas de agora, quando são pedagiadas? Claro que sim. Então por que o governo não reduz o nosso IPVA? Ou o ICMS da gasolina? Para nos compensar, ora essa!
De novo o paralelo com a saúde. Se um prestador qualquer de saúde ousar cobrar um centavo de um usuário, o mundo vem abaixo! Vai preso o médico, o administrador, a faxineira e o guarda da instituição. E de noite isso é notícia no Jornal Nacional. Mas e quando se cobra do usuário o direito de andar por uma estrada boa, aí ninguém reclama? Paga-se o pedágio e o Jornal Nacional não quer nem saber do fato.
Você deve ter esquecido, mas eu, que sou recalcado, lembro. Ao tempo do governador Germano “aumentando impostos” Rigotto, houve um escândalo nesta área, do qual ninguém mais falou. Quando um caminhão passava numa cancela de pedágio e tinha que pagar por eixo, os caras se deram conta de que se o caminhão estivesse vazio ele levantava o rodado e, por estar usando menos o asfalto, ele pagava menos pedágio. Ah, dirá você, mas aí o motorista fraudava, levantando o rodado mesmo carregado. Nada disso. Para evitar tal fraude, sempre que isso acontecia o motorista era encaminhado a uma balança onde se constatava que de fato o caminhão estava vazio. O que fez sua eminência arrecadadora, o Rigotto? Baixou uma lei onde proibiu que se fizesse isso. A partir dali, os pobres caminhoneiros passaram a pagar o pedágio mais caro, mesmo estando sem carga na carroceria. Dá para levar este Estado a sério?
Agora a Governadora Yeda “arrogante” Crusius quer antecipar a renovação dos contratos de pedágio. Você tem SUSPEITA de que há algo suspeito nessa negociata? Rá, rá, rá....cara, eu tenho certeza! Então vejamos...quem será que MAIS UMA VEZ vai arcar com esta conta? Deixa ver.....VOCê e EU! De novo!
Desculpa o ranço, mas já fui muito espoliado!
Silvano – mas que coisa

13/11/2008

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