16 abril 2009

Coisa de Gordo - 424


424 – AINDA GRAMADO
Falávamos em Gramado. Lá estando, a gente se entrega a alguns prazeres que citei no texto anterior, coisas como chocolates, Sopas de Capeletti e outras iguarias. Mas citei também algo que se faz nessas pequenas cidades. Se brinca de morador.
Para compensar as noitadas calóricas, formamos um pequeno grupo de caminhadas matinais. Sim, era necessário gastar um pouco do que fora estocado.
Devo aqui fazer justiça a uma dupla de amigos. Anos atrás, hospedados na Estalagem St. Hubertus, nas imediações do Lago Negro, os amigos Rogério e Cristiane nos ciceronearam neste esporte, a caminhada em Gramado. Para um gordo isso soou estranho, naquela época. Como assim? A gente vem a Gramado para descansar, comer, passear.... mas caminhar? Ao que a Cristiane insistiu e nos levou a caminhar. Provamos desse fruto e gostamos.
Voltemos ao ano de 2009. No alvorecer dos lindos dias de Páscoa lá vividos, nos fardávamos de tênis, short e acessórios e íamos então caminhar pelas ruas de Gramado.
Por certo que se somavam fatores lúdicos. Uma cidade em princípio desconhecida, ou melhor que isso, uma cidade que não nos conhecia, onde éramos estranhos. O ar agradável da montanha. O silêncio das alamedas. As casas lindamente enjardinadas. Os bosques nos pátios. As araucárias. Os anões de jardim. A impressionante limpeza das ruas. O descompromisso, a conversa agradável. Enfim, tudo eram fatores que se somavam e nos embalavam naquelas deliciosas caminhadas matinais.
Aí a gente percebe que dá para ser feliz. Ou dizendo melhor. Percebe-se que basta organizar as horas dos dias e semanas, acomodando na correria das semanas e quinzenas um espacinho para caminhar, respirar um ar mais limpo. Brincar de ser saudável, por que não?
Sentindo aquele ambiente tão acolhedor, tão mágico, esse das horas silenciosas da manhã, estive a filosofar. Imagino que espécie de aura espiritual envolve uma cidade como Gramado. Imagino a espécie de Espíritos que por ali gravitam, proporcionando a nós, meros mortais, uma sensação tão grande de prazer e calma. Uma quase que paz de espírito.
Contrário a isso, lembrei de outras cidades mais litorâneas, mais quentes mais lascivas. Lembrei também das ruas sujas e do povo que para lá migra em veraneios. E igualmente imaginei uma aura espiritual, só que bem mais pesada.
Será que isso é mesmo assim? Locais mais frios, mais arejados, mais altos, seriam lar de Espíritos serenos e elevados? Ao passo que locais mais quentes, mundanos, promíscuos dariam guarda a Espíritos mais baixos, agitados? Fica a pergunta no ar. Óbvio é que não se pode generalizar, mas sentindo aquela paz toda foi o que me ocorreu.
O ar frio invadiam meus pulmões sedentários, vez que outra eu ofegava, a poeira no tênis (parado no guarda-roupas fazia um tempo) também pesava. Mas nada nos detinha, havidos que ficávamos de dobrar mais uma esquina, vislumbrar uma casa enfeitada, um chalé misterioso e continuar a passear.
Na sua próxima ida a Gramado, reserve um tempo para isso. Acorde um pouquinho mais cedo. Curta mais essa delícia da serra. Abra seus olhos, suas narinas, seus poros para perceber enfim que lá, nos altos daquelas montanhas, existe bem mais que chocolate, vinho e fondue. Há paz, e mais paz, e muita paz.
Roubando (e modificando) os versos cantados pelo ROUPA NOVA na música CRISTINA, diria:
O dia invade meu quarto, nem percebi
Que as horas que passamos foram segundos.
Mil motivos prá te amar, Gramado!!..
Silvano – o impossível

16/04/2009

1 comentários:

Aida Staszak disse...

Quanto aos Espíritos penso o mesmo. Antes do Carnaval estive em Santo Antonio, próximo a Vinícola Zolin, passei uma semana, saindo de Porto Alegre e confesso que voltei renovada. Lá não tem computador, celular tem sinal só com antena externa, as pessoas são mais cordiais, menos competitivas. Consegui ver os pequenos arroios da minha infância, ainda com a água transparente e tão fresca. Lastimo não poder ter ficado mais, marido e filhos clamavam por mim. Vou voltar desfrutar deste pedacinho de lugar que ainda não absorveu a rotina de uma cidade com tanta correria, às vezes impessoal.
Abraços a todos.