21 junho 2009

Coisa de Gordo - 433



433 – LUGAR RUIM PARA SE VIVER
A culpa é da Martha Medeiros. Fui ler a coluna dela no jornal Zero Hora do outro domingo e ela cita a poeta carioca Maria Rezende com o seguinte verso:
- “Dentro de mim não é mais um bom lugar para se viver!”
O verso está num livro chamado BENDITA PALAVRA e no jornal citado a Martha faz então suas considerações acerca do verso. E ela conclui ser ainda um bom lugar para se viver. A Martha Medeiros concluiu isso.
Eu não.
A partir da leitura desse verso, completamente flechado que fui pelo talento da poeta, passei dias e horas remoendo esta idéia. E quanto mais filosofei em torno do tema, mais soturno e sisudo fiquei. Por isso atrasei a postagem desta semana. A conclusão me foi assustadora.
Sim, cara poeta Maria Rezende, posso lhe dizer que somos dois a partir de agora. Também me associo ao teu sentimento de desterro. De exílio de si próprio.
Seja pela correria dos compromissos profissionais, seja pela falta de tempo, pelo cansaço...seja pelos excessos, pelas horas mal dormidas, dei-me conta de que deixei de ser um bom lugar para se viver e já não é de agora.
Não conseguirei precisar as datas. Mas recordo que lá atrás, tempos passados, estive mais de bem comigo mesmo. Olhava-me no espelho e até que suportava o que via. Subia na balança e junto dos números sempre altos percebia sempre um rasgo de esperança, a chance de uma nova dieta, uma caminhada. Conversava com amigos e sentia neles uma reciprocidade de felicidade. Os dias passando, as horas indo ladeira abaixo na correnteza da vida, e sentia mais seguidamente a alegria de viver.
Fosse porque as crianças eram menores. As contas eram mais palatáveis. Os financiamentos mais exeqüíveis (não implique com este trema, o corretor do WORD insiste em colocá-lo ali).
Seguindo uma filosofia de vida de nossa família, diria que naqueles tempos eu era feliz e sabia.
Calma, não se exaspere. Continuo feliz, isso é importante que se ressalte. Não a felicidade plena, destituída de realidade e mais utópica do que palpável. Sou feliz ao jeito da Fernanda Montenegro que quando lhe perguntaram se era feliz respondeu: - Várias vezes ao dia.
Sou assim feliz. Juntando as peças do quebra-cabeça da vida, encontrando sim gotas, respingos, goles, suspiros e baldes de felicidade dentro das horas de um dia. Não é disso que estou falando.
Volto ao tema pinçado e reafirmo que atualmente também não sou um bom lugar para se viver.
Aquela tal crise dos quarenta não me veio aos quarenta, quem sabe esteja agora me batendo á porta. Mas não questiono os rumos e caminhos escolhidos, nada disso. Minha vida para rápido demais para que me perca em tais perquirições. A tal crise dos quarenta (tenho agora quarenta e seis) me coloca num turbilhão de coisas que tenho que fazer mas que não consigo fazer.
Pôr um tênis. Voltar a caminhar. Tirar mais fotos do que tenho tirado.
Ouvir mais música, meu Deus. Sexta-feira passada botei para tocar um CD que me acompanha faz décadas, tem a NONA SINFONIA DE BEETHOVEN interpretada pelo maestro Eugene Jochüm (este trema eu mesmo pus, afinal está no nome do cara). Um primor de poesia, de musicalidade, de viagem no tempo e no espaço. Certa feita, ainda jovem, fiz uma lista das dez música principais da minha vida e a Nona Sinfonia estava lá. Onde continua até hoje. Pois é, depois de anos, parei para escutar essa bela sinfonia.
Tem uma lista de amigos com tenho que jantar. Jantar para conversar, rir , falar da vida, criticar o Sarney e toda essa corja de Senadores. Jantar para poder fotografar os pratos e depois colocar aqui no BLOG. Pois bem. Não estou dando conta. A vida, já citei, está se indo muito celeremente. Não consigo organizar o tempo.
Tem uns dois médicos com quem tenho que consultar. E estou deixando, acomodando, protelando.
De fato, assumindo a tese materialista (na qual não acredito), eu diria para o meu espírito: - Vai-te, pobre espírito, não sou um bom lugar para se viver. Espírita que sou, não posso dizer tal frase. Primeiro porque não terceirizo meu espírito.. Eu SOU o meu espírito. E segundo porque basta me veja no espelho para saber isso que a poeta captou. Tanto ela quanto eu não somos mais um bom lugar para se viver.
Já fomos. Já fomos, sim. Talvez até voltemos a ser. Mas no momento....tá danado!
Silvano – o impossível

AS DEZ MÚSICAS
Só por curiosidade, falei nas DEZ MÚSICAS principais de minha vida e deixei o mistério no ar. A lista é dinâmica, ela varia de acordo com algumas coisas. Não saberia dizer as dez de hoje. Mas tem umas que entraram na lista e nunca mais saíram; São elas:
1) BRIGAS – Evaldo Gouveia e Jair Amorim, gravada por infinitas celebridades
2) NONA SINFONIA – Ludwig Van Beethoven – o cara
3) LA CUMPARSITA – el tango de todos los tangos – imperdível
4) DANCING QUEEN – do Grupo Abba – minha parceira vida afora
5) RONDA – do Paulo Vanzolin – clássico da MPB, eternizado também por inúmeras vozes
6) e outras que você poderá sugerir.....


0 comentários: