25 setembro 2009

OPS !!

Oi, você que veio aqui em busca de cultura inútil, bobagens, gostosuras e outras inutilidades...saiba que me mudei, migrei. A partir de agora estou aqui ó:

http://wp.clicrbs.com.br/coisadegordo/

E aguardando os seus olhos!
Silvano - ainda por cima itinerante

18 setembro 2009

Coisa de Gordo - 446


446 – TUDO TEM UM FIM
Pronto. Chegou a hora. Eis o momento. É agora! Já tinha conversado com você sobre uma migração que eu faria com meu blog para outro portal. É chegado o momento.
Após alguns anos postando aqui no BLOGGER, fui convidado por um amigo, o Totonho, a freqüentar outras paragens.
O endereço deste blog mudará a partir da próxima semana. Para acessá-lo, você terá que digitar outro comando.
Parece mentira, mas a partir da próxima semana estarei devidamente hospedado no CLICRBS, o portal do grupo editorial da Rede Brasil Sul de Comunicações. Ali estão a ZERO HORA e os outros jornais, a RÁDIO GAÚCHA e as outras rádios, a RBS TV e outros canais. E ali, perdido entre isso tudo, estarei eu. Eu e você que me lê.
Acessando o CLICRBS você visualiza à esquerda toda uma barra de atalhos num quadro azul-marinho. O primeiro é “Aeroportos”, o segundo é “Anonymus Gourmet”, depois vem “Atlântida FM” e então em quarto lugar está um que diz BLOGS. É nesse aí!
Clicando ali abre-se um enorme cardápio de possibilidades, inúmeros blogs, algo em torno trezentos blogs. Tem o David Coimbra, a Célia Ribeiro, o Blog Colorado, o Blog da Bicharada, o do Paulo Sant’anna, o do Patrola e outros mais.
A partir da semana que vem, portanto, ali, no meio dessa gente toda, estarei eu.
Ao deixar o BLOGGER para trás fica toda uma nostalgia, uma boa lembrança, um prazer no convívio. As postagens, os contos, as fotos, os comentários...tudo isso me emociona ainda hoje.
Conversando com o Totonho, ele me sugeriu e alertou para uma coisa. Coisa que eu gostei. Ele lembrou que tem uma gama de textos desconhecidos de novos possíveis leitores que vão acessar ali no ClicRbs. E que alguns poderiam eventualmente voltar à baila, para ilustrar o tema do blog.
Assim, além da postagem semanal, de algum comentário de filmes, livros, vou inaugurar uma sessão ABRINDO O BAÚ ou algo assim. E aí, de vez em quando, postarei coisas dos antigos. Mas sempre avisando que já foi publicado.
Para quem quiser, o blog no Blogger permanecerá ativo, permitindo o acesso a qualquer texto. Apenas não será mais regado com novidades, com o texto da semana, com as bobagens atualizadas.
As coisas novas estarão brotando a partir de então, no endereço novo.
“Parte, e se ao virar a extrema curva do caminho
Vires esbatida com carinho,
A extrema alvura dos cabelos meus....
Irás pensando pelo teu caminho,
Que essa pobre cabeça de velhinho,
É um lenço branco que te diz adeus...”
Certo, certo, a poesia do Guilherme de Almeida não é bem assim, dei uma ajustada. E nem sou velhinho e nem tenha uma alvura de cabelos sobre a cabeça. Mas deu vontade de viajar...
Então fica esse convite, essa quase convocação.
Tô mudando de casa!
Vamos junto comigo?
Nos vemos lá.
Silvano – o impossível


QUER LEMBRAR A POESIA CERTINHA?
Trata-se do Soneto XXI do Guilherme de Almeida.

Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.

E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
"Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: "Que é feito dela?"

Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;

irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!

AGUARDE QUE LOGO DIVULGAREI O NOVO LINK
Basta uns ajustezinhos finais. Tá chegando...tá chegando...

18/09/2009

13 setembro 2009

Os Farrapos...


Você pensa que sabe tudo sobre a Revolução Farroupilha? Leia no blog do Professor Jerri uma opinião ALGO DIFERENTE sobre esse assunto.

Silvano


Leitor manda foto de cidade irmã de Brasília


11 setembro 2009

Coisa de Gordo - 445


445 – AVENIDA HUGUINHO
Tem cada coisa por aí... Essa história de colocar nome em ruas e praças é de fato estranha. Nessa onda de escândalos que a família Sarney tem proporcionado, veio a público que lá no Maranhão tem praça Sarney, avenida Sarney, biblioteca Sarney e outras tantas coisas escabrosas.
Cada cidade regula a regra disso e até onde me lembro, a capital gaúcha estabeleceu uma regra através da qual só se pode dar nome de alguém a um logradouro público se essa pessoa já tiver morrido. Pelo jeito os Sarney não levariam nome de rua em Porto Alegre.
Em tempos idos, eu estranhava uma coisa. Na subida do cemitério, em Porto Alegre, tem aquela bela avenida, a Oscar Pereira. E eu estranhava isso pois na faculdade de medicina tinha aulas de parasitologia com o Oscar Pereira. Como pode? O cara ainda não morreu... Tempos depois elucidei o mistério. Na verdade o nome da tal avenida era em homenagem ao pai do meu professor, de nome igualmente Oscar. Ah, bom!
O que leva uma cidade a dar nome de alguém a uma rua, uma praça?
Certo, comecemos pelos heróis históricos. Toda cidade gaúcha tem ruas e avenidas chamadas Borges de Medeiros, Protásio Alves, Flores da Cunha e Bento Gonçalves.
Depois tem os motivos religiosos. Assim, toda cidade tem ruas e avenidas chamadas Santo Antônio, Espírito Santo, Nossa Senhora do sei lá eu o quê, e outras entidades. Parêntesis aqui. Sempre encontrei escolas, ruas e igrejas aludindo às dores e lágrimas da Maria, aquela que vem de ser a mãe de Jesus. Eram Nossas Senhoras das Dores, das Lágrimas, dos Abandonados, dos Miseráveis, etc. Pois na cidade de Lages, em Santa Catarina, o Hospital e a Igreja se chamam Nossa Senhora dos Prazeres. Isso mesmo, prazeres. Ah, então a vida da Maria também teve lá suas amenidades. Esses lageanos...Fecho parêntesis.
Depois vem os ídolos esportivos nacionais. Tem as avenidas Ayrton Senna, o ginásio Tesourinha (em Porto Alegre) , o estádio Manoel Garrincha, assim por diante.
Nos tempos em que o Felipão ganhou a Copa do Mundo na campanha do Penta, até aqui em Santo Antônio quiseram torná-lo cidadão patrulhense. Um vereador tratou de conceder-lhe o título de Cidadão Honorário. Me perguntei na época: - O que será que o Felipão fez pela cidade, especificamente? Nada!
Em meio a esse cenário, fiquei admirado com uma coisa presenciada no litoral gaúcho. Estava eu de plantão num Posto de Saúde na praia do Imbé, litoral norte gaúcho, quando li na ficha do paciente que ele residia na Avenida Huguinho. O quê? – pensei. Huguinho? Mas que raio de nome é esse?
Mais tarde comentei aquilo com a moça que fazia as fichas e ela me explicou que havia uma série de ruas e avenidas na Praia de Albatroz, que faz parte do município do Imbé, com nomes assim. Curioso fui perscrutar um mapa da cidade e para minha surpresa lá estavam as tais ruas e avenidas.
Num ato de completa falta de nomes, num momento de completa ausência de homenageados, os munícipes decidiram homenagear ali, alguns personagens de Histórias de Quadrinhos. E outros similares.
Saindo da beira-mar, em paralelo, temos as avenidas Professor Pardal, Tio Patinhas, Disney e Clarabela. Continuamos com Donald, Zé Carioca, Mônica (OPS) e Professor Gavião. Coloquei a interjeição ali, pois a Mônica está perdida em meio à turma da Disney, incluindo o próprio.
Aí chegamos à avenida central litorânea, a Paraguassu.
Continuando para dentro do continente, temos agora Lobão, Peter Pan (outro alienígena), Pernalonga (opa, de novo, agora misturaram tudo), Ludwig (quem é esse mesmo?), Mickey, Margarida e Pinóquio (ueba, outro escorregão).
Finalmente, temos as avenidas Luizinho, Huguinho e Zezinho.
A Huguinho foi a que deu origem a este texto.
O que será que o Huguinho fez por esse município, para ser homenageado? Que benefícios o Luizinho trouxe àquela praia? O quanto a qualidade de vida daqueles veranistas e moradores melhorou com as ações da Margarida? E o Pinóquio, o Lobão, o Peter Pan, minha gente!! O que terão feito em prol do Imbé?
Resumindo, colocaram o nome do Disney (boa!) e de várias de suas criações.
A Mônica (do Maurício de Souza) está ali avulsa. Mas também já pensou numa avenida Cebolinha ou Cascão?
Entram então dois personagens de clássico infantil, o Peter Pan e o Pinóquio, e um de Desenhos Animados, o Pernalonga.
Mas afinal, com todos os diabos, quem é o Ludwig? O James deve saber, o James deve de fato saber.
Se você acha que eu estou inventando, confira as fotos que tirei do mapa da cidade.
Como diz o povo nas ruas....eu morro e não vejo tudo. É brincadeira....
Silvano – mas que cara implicante



COMO SE NÃO BASTASSEM TODAS...
...as roubalheiras e escândalos, o Sarney, a Yeda, o Detran, O Lair Ferst, a Dilma e todas essas coisas nojentas mais...a Câmara de Deputados aprova o aumento do número de vereadores país afora! Vergonhoso, escandaloso, nauseabundo. Com o nosso dinheiro. E não venham me dizer que a verba foi reduzida, que isso eles resolvem ligeirinho, ligeirinho. Em meio à roubalheira nacional instituída, eles aprontam mais essa e nós nos calaremos! E na próxima eleição...os elegeremos de novo!



11/09/2009

O FEIRA DA FRUTA....


...seguiu a tradição da Banca 40 do Mercado Público de Porto Alegre. Famoso por servir sucos de frutas, saladas saldáveis, etc, rendeu-se ao prazer de servir um copão de salada de frutas com uma baita bola de sorvete. Delicioso.
Silvano

04 setembro 2009

Coisa de Gordo - 444


444 – QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? Às vezes a gente duvida da premiação do Oscar, achando que os caras foram muito políticos, ou sacanas, coisas assim. Quando saiu a última premiação dando a este filme QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO como o vencedor, tive essa sensação. Essa academia....estão querendo abrir espaço dentro do mercado cinematográfico gigantesco dos indianos. Isso na época eu pensei.
Até que fomos ver o filme no DVD. Impressionante.
Já nas primeiras tomadas o diretor já diz a que vem. Lança o espectador num vaivém temporal, narrando a história em três tempos distintos.
Por força disso, a trama do filme que já é bem conhecida mostra um rapaz que participa de uma espécie de Show do Milhão ( do Silvio Santos), um programa televisivo onde ele vai respondendo perguntas e passando de fazes, dirigindo-se ao prêmio máximo em dinheiro.
Diante de nossos olhos são mostradas então três histórias, cada uma no seu tempo. Numa delas, vemos a infância sofrida do rapaz, Jamal Malik, nas favelas e periferias urbanas de Mombai. Ou qualquer outra grande metrópole indiana.
Se você quer saber um pouco da índia, conhecer suas tradições, seu povo, sua cultura, não se prenda apenas nessa novelinha das oito que a Globo exibe. Vá um pouco mais adiante. Mergulhe em imagens mais marcantes, mais profundas, mais tristes e fortes. Veja esse filme.
Faço um paralelo com a nossa brasilidade e imagino que um estrangeiro poderia dizer a mesma coisa do Brasil, alegando que quem quisesse conhecer este país não deveria ver o SE EU FOSSE VOCÊ com o Tony Ramos, mas deveria isso sim ver o TROPA DE ELITE. Pode ser....pode ser... seria uma troca justa.
O relato do filme vencedor do Oscar remonta à infância de Jamal Malik, desde o momento em que ele passa a ser uma espécie de “menor abandonado”. Na verdade ele é um abandonado do destino. Todas as adversidades lhe sobrevirão. O guri anda e tropeça, anda e é derrubado, anda de novo e é atropelado. E não obstante isso, mantém sempre uma confiança impressionante no futuro. Levanta a cabeça e vai em frente. Para cair de novo. Não bastassem as agruras do meio circundante, vez que outra ele ainda tem que lidar com a traição de pessoas próximas.
E o relato é envolvente, o vaivém do tempo é ágil e prende o espectador. Assim, sem ter ido a escola, sem ter tido família, o nosso herói acaba encontrando algumas das respostas às perguntas que lhe são feitas no tal Show de TV justamente na sua trajetória de vida. É engraçado que por vezes, ao escutar a pergunta, ele esboça um sorriso de estupefação, uma quase alegria, por lembrar de alguma coisa do passado que o vai salva naquela hora.
A expressividade desse ator que faz o Jamal é emocionante. O nome dele é Dev Patel e em cenas mais fortes ele sequer precisa falar, apenas suas feições dão a dramaticidade da cena. Aula de interpretação.
O ator infantil que o representa também é muito bom, o nome é um pouquinho mais complicado, o guri se chama Ayush Mahesh Khedekar.
A fotografia do filme é linda, e isso você já saberá nos primeiros cinco segundos de exibição. A índia tem suas cores fortes e dramáticas e isso foi bem, na verdade, muito bem retratado nas imagens desse instigante filme.
Filmaço. Nota: DEZ!
Vá correndo até a locadora.
Silvano – o impossível


FICHA TÉCNICA
título original:Slumdog Millionaire
gênero:Drama
duração:02 hs 00 min
ano de lançamento:2008
site oficial:http://www.quemquerserummilionario.com.br/
direção: Danny Boyle
roteiro:Simon Beaufoy, baseado em livro de Vikas Swarup
fotografia:Anthony Dod Mantle



LIVRO, LIVRO, LIVRO..(lá vem ele)..
Não tem como não comentar o lançamento do livro FAMÍLIA FRENTE & VERSO aqui na cidade de Santo Antônio. Foi na noite de ontem, no Espaço Cultural Qorpo Santo. Meu co-autor, Jerri Almeida, veio da cidade de Osório com a esposa para o evento. No momento inicial, fizemos uma palestra ao público presente, versando sobre o tema do livro. O público carinhoso nos prestigiou e fez valer a pena. No momento seguinte fomos para a sala Gecy Luz, onde fizemos a noite de autógrafos. Emocionante! Não pensei que viesse a passar por isso em minha vida. A gente semeia tão pouco, dá migalhas às pessoas no nosso dia-a-dia e então na hora da colheita essas mesmas pessoas nos dão coisas tão mais fortes e belas que dá vontade de chorar. Lindo, emocionante. Sendo pouco original, diria a todos que nos foram prestigiar....SEM PALAVRAS!


DEPOIS DO EVENTO...
...fomos até um “point” novo aqui da cidade para festejar. O nome do lugar é MEIA, MEIA, DOIS. Lá comemos uma coisinha tão deliciosa, mas tão deliciosa....só que isso é assunto prá outra postagem. Aguarde, portanto, porque...(citando o Anonymous Goumet)...VOLTAREMOS!


04/09/2009

28 agosto 2009

Coisa de Gordo - 443



443 – FAMÍLIA – frente & verso
Já tinha plantado uma árvore. Várias, aliás. Já tinha tido filhos. Não, não foram vários. Faltava-me o livro. Em que pese seja um escrevinhador de antanhos, faltava-me o livro. Ano passado conversávamos eu e meu amigo JERRI acerca da publicação de livros. Eram meados de outubro, tempo de Feira do Livro de Porto Alegre. Após uma breve combinação, assumimos um compromisso, selamos um pacto. Faríamos um livro para estar na próxima Feira do Livro. Nos demos um ano de prazo. Conseguiríamos? Conseguimos!
Na verdade isso nasce um pouco antes. O Jerri é professor e historiador e já percorre o caminho das letras impressas faz mais tempo. Aqui nesse espaço já comentei um livro dele, o DESAFIO DA FELICIDADE, tem ainda o HERÓIS DE PAPEL e o FILOSOFIA DA CONVIVÊNCIA. O homenzinho é um ativo escritor, portanto. Em tempos mais antigos ainda ele já me desafiara a que escrevêssemos um livro a quatro mãos, achei o tema proposto meio soturno, a conversa se perdeu no esquecimento.
Passaram-se os anos e estávamos juntos, eu e ele, na cidade de Triunfo, interior gaúcho, para fazer um trabalho espírita naquela região. O tema do encontro era FAMÍLIA e lá nos fomos num domingo chuvoso. Não chegamos a combinar muitos detalhes, mas o trabalho dividir-se-ia em duas partes. Na primeira, o Jerri falaria dos aspectos sociais, históricos e filosóficos da instituição Família. Na segunda parte eu falaria das coisas práticas, dos relacionamentos, dos embates entre pais e filhos. O resultado do trabalho foi bem interessante, o público que nos prestigiou participou bastante, foi uma coisa bem gratificante. Ao sairmos dali comentamos que isso daria um livro! E foi aí que nos demos o tal prazo aquele que comentei no início do texto. Começamos a redigir, eu escrevia um capítulo e mandava para ele por email, no dia seguinte ele me respondia, sugeria coisas aqui e ali. Os dias e semanas foram se passando.
Organizamos uma espécie de esqueleto do futuro livro, a ordem e os títulos de cada capítulo. E principalmente quem escreveria o quê. A coisa foi crescendo, tomando forma. Aí tivemos que envolver uma terceira pessoa. Uma amiga, minha, Caroline, diagramadora de primeira ordem, artista dos teclados e coisas gráfico-digitais, foi chamada a dar sua contribuição. Ela faria a diagramação, a capa, o projeto gráfico enfim. Começaram os testes, as sugestões, mais emails cruzando a rede mundial, a coisa foi afunilando. Os capítulos estavam prontos, o projeto gráfico também, era hora de buscar uma editora. Seguindo o caminho mais óbvio a nos dois, eu e o Jerri levamos o projeto para a Livraria e Editora Francisco Spinelli, a editora da FERGS (Federação Espírita do RGS). Após os passos burocráticos, os registros, as correções, eis que no dia inicial do Congresso Espírita Estadual o livro chegou às nossas mãos.
Foi uma coisa emocionante, quase indescritível. Após todo o ano de idéias, conversas, buscas, ver se materializar o nosso livro. Está no mercado, portanto, esse nosso singelo livro. O primeiro ponto de lançamento foi esse do congresso em Porto Alegre, dia 22 de agosto (foto aqui ao lado), onde recebemos o carinho e o afeto de muita gente. Os próximos passos vem a seguir. No dia 03 de setembro, quinta-feira próxima, haverá aqui em Santo Antônio um evento com a Palestra de abertura seguida da noite de autógrafos. Mais momentos de emoção e carinho se aproximam, portanto.
Estamos em festa. Tenho distribuído convites por toda a cidade nesses últimos dias. Para mim é uma coisa tão inusitada, impensável, pego o livro com as mãos, vejo nossos nomes na capa, parece um sonho. Um sonho que se realizou.

Cumprindo o prazo que nos houvéramos dado, na Feira do Livro de Porto Alegre de 2009 teremos nossa "tarde de autógrafos" provavelmente na tarde do sábado 14 de novembro, às 17:30h. Marque na sua agenda!
Talvez você esteja surpreso, imaginando que o primeiro livro seria sobre esse nosso COISA DE GORDO. Fique tranqüilo, esse já está sendo mentalizado. Um dia virá. Mas esse que agora divulgo é o primeiro.
Silvano – o impossível, tornando as coisas possíveis


ONDE VOCÊ VAI COMPRAR O SEU?
Nas melhores casas do ramo (resposta padrão). Principalmente na Livraria da FERGS. Acesse http://www.fergs.org.br/ e vá em livraria. E por fim, se quiser, me mande email pedindo o livro que mediante o depósito do valor, lhe envio por correio.


28/08//2009

21 agosto 2009

Coisa de Gordo - 442


442 – Eram anos longínquos aqueles. No país, imperava a ditadura militar e não se sabia que o filho do presidente da República tivesse enriquecido subitamente. O Sarney já existia, caro(a) leitor(a), e já tinha por hábito apropriar-se do alheio. A diferença é que o presidente não o defendia com unhas e dentes.
Em nível estadual, não terei muitos detalhes na lembrança, posto que morava fora daqui, mas sei que eram anos de domínio do Internacional sobre seu rival Grêmio, os campeonatos estaduais vinham sendo ganhos pelo time colorado. Faltava um ano para a Copa do Mundo da Alemanha, estávamos, portanto, em 1973. Sei, sei , algum leitor por certo nem havia nascido.
Havia casos de corrupção aqui no Estado, isso é óbvio, mas nem de longe se aproximavam desse enorme rolo do Detran, da casa da governadora, eram casinhos quase que amadorísticos que não alteravam a ordem natural das coisas.
Morávamos na cidade de Castro, interior do Paraná, perto de Ponta Grossa.
Era e creio que ainda é uma pequena comunidade interiorana. Lembro de detalhes inusitados. O telefone de nossa casa tinha TRÊS dígitos e o aparelho de telefone não tinha números. A gente apenas levantava o telefone do gancho e uma telefonista atendia, solicitando o número. Isso significa que em toda a cidade havia no máximo mil telefones. Por aí você já pode ir compondo o cenário.
Nos fins de semana caminhávamos com nosso Pai até os arredores da cidade, brincando com nossa cachorra ADA, pastora alemã, que corria pelos campos verdes daquele entorno. Havia trilhos de trem cruzando a periferia, e o movimento era intenso. Certa feita passava uma composição puxada por duas locomotivas e empurrada por uma terceira, e nunca esquecerei do número de vagões. Ficamos parados ao lado dos trilhos, esperando para poder atravessar, e contei 42 vagões de carga! Imagino que devam haver composições maiores e mais possantes do que essa, mas na minha cabeça infantil aquilo foi quase que um trauma, um referencial de tamanho. Sempre tive esse número como um paradigma de valor, vida afora. Nas nossas caminhadas, pairava no ar um cheiro de café torrado, pois havia por perto uma espécie de torrefação, uma pequena fábrica, imagino eu, onde se fazia café em pó.
Estudava eu no Colégio São José, um colégio de freiras, e cursava a quarta série do primário.
Dentro de minha pequena inocência, entre uma fatia de pão com manteiga e outra, eu era aluno dedicado aos estudos, tanto que jamais houvera causado problema aos meus pais nesse sentido.
Nesse contexto todo, aconteceu algo que me acompanharia vida afora.
Vim fazendo o primeiro bimestre normalmente até que vieram as primeiras notas. Meu boletim veio reluzente, cheio de notas 9,0 e 10,0. Mas fiquei estarrecido ao ver uma coisa. Na matéria de Educação Moral e Cívica veio uma nota 6,0 !! Além do choque pela nota em si, descobri outra coisa. Por causa daquela nota, eu não fazia jus a uma estrela dourada que era dada como prêmio aos alunos que tivessem apenas notas boas. Ali, logo abaixo das notas, a estrela dourada era aposta e servia como estímulo aos que a conquistavam e castigo aos que dela se afastavam.
Fui interrogar a freira que dava a matéria acerca daquela nota e também saber da estrela. Ela me explicou isso que coloquei até aqui e disse-me que eu apenas fora brindando com aquele 6,0 por não ter entregue um determinado trabalho. Achei estranho aquilo, não era de fazer tais coisas, mas naquele tempo não se discutia com professor e muito menos ainda se fosse uma freira. Por quase nada a gente era jogado no fogo do inferno. Muito mansamente, ponderei com a tal freira se não havia nada que eu fizesse para recuperar aquela nota e ela então disse que bastava fazer o trabalho.
Aliviado, fui para casa e me pus a executar o trabalho. No dia seguinte, certo de que aumentaria minha nota e mais certo ainda de que obteria minha estrela, estava com o trabalho em mãos e pronto para ser entregue. Entreguei a ela e esperei os dias seguintes. Nada mudou. Fui perguntar-lhe o que estava havendo e então ela me disse que a nota não mudaria, já tinha sido dada, que elas não voltavam atrás, que eu NÃO TERIA MINHA ESTRELA, cacete! Mas que gordinho chato – ela deve ter pensado!
A freira mentira para mim! Me enganara. Me fizera redigir todo um trabalho, depositara em meu pequenino coração a esperança de ver luzir uma estrela em meu horizonte, mas sabendo o tempo todo que a nota não mudaria e a estrela não viria. Ela conseguiu matar ali, no alvorecer de meus dez anos, a primeira de muitas ilusões que viriam a morrer a partir dali.
Esse episódio gravou em meu imaginário uma mensagem negativa e por vezes errada: - Freiras mentem! Carreguei isso pela minha vida afora: Freiras mentem! O que foi uma completa distorção.
Lá mesmo naquele colégio tive a chance de fazer outras descobertas sobre irmãs católicas. A diretora da escola era um trator , uma freira chamada Irmã Nelsa (pronunciavam NEUSA) Pellanda. Era um mulher dura, cruel, vi saírem de seus olhos faíscas de ódio que nunca mais vi pela minha vida afora. E, no entanto, tinha a Irmã Apoline, nossa professora de português, que me ensinou a conjugar verbos como mais ninguém o fez, ensinamentos que trago até hoje. Era uma pessoa calma, serena, pacífica. Tinha a Irmã Angelita, que nos dava aula da Religião, e que igualmente era um doce de pessoa, exemplo de conduta para qualquer pessoa. Enfim, as pobres irmãs apenas refletiam o que se via do lado de fora dos conventos. Eram uma fração da comunidade, com elementos bons e ruins. Nem anjos. Nem demônios.
O episódio da estrela no boletim me alertou para a vida que ali se ensaiava, o mundo real. Pela estrada afora, eventualmente me deparei com promessas não cumpridas, com malícia, com malevolência. E sempre me reportei ao episódio do boletim, pensando intimanente: - Eu já passei por isso, eu já sabia que podia ser assim.
Para fechar o relato, nos bimestres seguintes obtive as tais estrelas sem dificuldade. Veja na foto ao lado a aparência delas. Mas perceba ali ao lado delas, aquele vazio, aquela mácula, aquela ausência estelar. Parece que essa me ensinou mais e reluziu mais com o passar dos anos. Média final de aprovação: 9,2 ! Mas bah, guri véio! Que notão!
Silvano – nostálgico

CLIQUE NA IMAGEM..
e perceba os detalhes do boletim, as notas, lá embaixo as assinaturas de duas freiras, uma boa e outra ruim. E examine as estrelas...ah, as estrelas...
21/08/2009

13 agosto 2009

Coisa de Gordo - 441


441 – CICLOS
Vivemos em ciclos, a vida de fato é feita deles. Num discurso de fim-de-ano, numa pequena escola estadual de Porto Alegre, uma diretora disse que “há um tempo para plantar e um tempo para colher”. Lulu Santos reforçou dizendo que “a vida vem em ondas como o mar”. A Alcione entoa seu vozeirão para cantar que “a vida é um eterno voltar”.
Perceba, portanto, amigo(a) leitor(a), que o tema é recorrente nas palavras e criações das pessoas. Ciclos.
Vejamos o caso do Michael Schumacher. Multicampeão da Fórmula Um, obteve nas pistas aquilo que nenhum outro piloto jamais obterá. Em número de vitórias, de campeonatos, de recordes cada vez mais difíceis de superar. Essa era uma parte do ciclo dele. Aí ele olhou para a esposa, os filhos, os milhões de dólares acumulados e decidiu parar. Chega – deve ter pensando. Está na hora de eu curtir um pouco isso tudo. Daqui a pouco posso morrer num acidente, numa viagem, numa mola que vem pela pista. E parou. Por essas coisas do destino, eis que a Ferrari fica sem um de seus pilotos e lançam mão de quem? Dele, do Schumi! Nossa, que bomba publicitária. Schumacher vai voltar a correr. Vai? Vai mesmo? Nada disso, ele de novo deve ter acordado num dia, olhado para a esposa, os filhos, os amigos, os tais milhões de dólares que insistiam em continuar lá e gritou: - EPA! Cara, to fora! Chama outro. O que o velho alemão do asfalto percebeu foi a teoria dos ciclos. Não estiver presente no discurso daquela diretora de escola de Porto Alegre, mas deu-se conta de que sim, ele tinha tido o seu tempo de plantar. E como plantara! E que agora era o seu tempo de colher!
Vejamos o caso do Fernandão. Sim, o Fernandão, ídolo da torcida colorada, capitão das conquistas maiores do time do Internacional. Mito na história do clube de futebol. Adorado e amado pela torcida. Líder incontestável dentro e fora de campo. E que um dia foi jogar noutro continente. Passam-se os meses e eis que surge a chance desse ídolo retornar ao clube. Uau! Já pensou? O Fernandão de volta!! Parece que ele mesmo entrou nessa onda e pelo jeito queria ter voltado ao Inter por agora. Nesse caso, a clarividência teve que vir de fora. Parece que foi um dirigente (o Fernando Carvalho) que se deu conta. Conta de que o ciclo do Fernandão foi inigualável no Inter, mas esse ciclo já tinha passado. Ele já plantara e já colhera. A hora (pensou o dirigente) é de deixar outros virem semear. E parece que o clube evitou trazer o jogador de volta para não ter que testemunhar um fim decepcionante para alguém que o clube tanto ama.
Vejamos o caso do Silvano, o impossível! Ahá, dessa vez o assustei! Calma, não vou sair das pistas e nem abandonar os gramados. Iniciei o caminho deste blog COISA DE GORDO de forma incipiente, enviando emails a um pequeno grupo de amigos. O tempo correu, esse curto ciclo inicial deu lugar a outra coisa. Passo seguinte, orientado pelo meu webmaster Geovanni Bertaco, adentrei as portas do SITE COISA DE GORDO, devidamente hospedado no Brasil On Line, o BOL! Muitas coisas boas rolaram ali naquele espaço. Ali, além dos textos, comecei engatinhando nas imagens eventuais para ilustrar os textos. Volta e meia, pela minha inoperância, tinha que me socorrer do Geovanni para configurar alguma coisa, fazer alguma correção, um ajuste. O quase nada que sei de linguagem HTML foi ali que aprendi. Os comandos mais simples. Também esse ciclo se encerrou. Migrei para o BLOG COISA DE GORDO, por sugestão de um blogueiro chamado Ivens Branco que sequer me conhecia, e que num belo dia me mandou uma mensagem falando de blog, o que era aquilo, as facilidades, a agilidade nas postagens, etc. O ciclo do site se fechou e abriu-se este novo e atual ciclo. Mais interatividade, mais variedades, mais dinâmica!
Pois acredite você, estou em tratativas para, TALVEZ, migrar mais uma vez. Virar esta página para abrir outra totalmente nova. Mais forte, mais visível.
Deixo-lhe curioso, portanto e por enquanto. Até que as coisas se clareiem, não divulgarei nada! Mas fique atento, um ciclo maior parece estar se abrindo. E tomara que eu esteja dentro dele para navegar em mais esta aventura.
Mas fique calmo(a), você será a primeira pessoa a ser avisada!
Silvano – além de impossível, misterioso

13/08//2009

11 agosto 2009

Pizza no Peixe

Um amigo (Odilon) nos falou dessa Pizza a que ela assistira de manhã no Globo Rural. Como é que é? - perguntamos - uma pizza em que a massa é o próprio peixe. Isso mesmo. Enfim, veja o vídeo. Silvano

05 agosto 2009

Coisa de Gordo - 440



440 – O CLUBE DO FILME
Um pai está em crise diante da educação de seu filho. O que fazer para resolver a situação? Ora, ele funda o Clube do Filme.
Nesta curta entrada de texto está a síntese desse interessante livro. A sra Kátia me presenteou com tal obra literária sabedora de minha atração pela sétima arte. Partindo dessa simples premissa, desdobra-se a narrativa de todo o livro. Um homem mora com sua segunda esposa, mas é tão amigo da primeira esposa que eventualmente viajam juntos. O que os une? Seu filho adolescente Jesse. E Jesse está em crise, vai mal na escola, vai a festas, volta bêbado. O pai preocupado tem que buscar uma saída.
Em meio a isso, justamente esse pai, o canadense David Gilmour, está meio que sem emprego. Trabalhava em filmes, montagens, projetos de curta-metragens. E justo neste momento está sem trabalho, sem dinheiro, sem possibilidades.
Pode soar estranho a alguns este pequeno drama familiar, mas a mim soou bem familiar. Todos nós que temos (meu caso) ou teremos filhos (talvez o seu) um dia nos confrontaremos com isso. O filho diante das portas escancaradas da vida. Portas que se abrem para jardins ensolarados, mas que também se abrem para masmorras intermináveis. E ali estamos nós, pais e mães, inseguros, preocupados com os caminhos que nossos filhos vão trilhar.
Munido desse sentimento, Gilmour faz uma coisa que poucos de nós teríamos coragem de fazer. Permite que o filho abandone a escola, impondo apenas uma condição. Eles dois teriam que assistir juntos a três filmes por semana. O jovem escuta aquilo meio admirado, primeiro por ver que o pai permite que ele saia da escola e segundo por achar meio pitoresco aquilo. Ver filmes? Vamos nessa.
A partir daí o autor do livro desenrola uma série de filmes, desde clássicos do cinema como Sindicato dos Ladrões até filmes mais, digamos assim, mundanos. Ali, na sala de casa, os dois desocupados vão assistindo filmes e se emocionando, debatendo idéias e por vezes se enfarando.
Passam-se três anos. Muitos filmes.
Começam a aparecer trabalhos para o pai desocupado e o filho se vai para longe. O tempo passa. Eles se reencontram. Decisões terão que ser tomadas. Caminhos serão percorridos.
Algumas coisas merecem destaque neste livro. A primeira é o belo desfile de filmes e os comentários e curiosidades acerca de cada um deles. Uma historinha paralela. Uma briga do diretor com a atriz. Assim por diante. Por isso só esse livro já vale a pena. Uma homenagem ao cinema. Uma ode. Uma festa.
O outro aspecto relevante é o dilema pai-filho. Lá pelas tantas aparece uma namorada que esnoba o filho, faz ele sofrer. Gilmour se contorce diante daquilo, sem ter muito o que fazer. Noutras vezes ele se segura diante dos tropeços do filho, com um ímpeto de querer arrancá-lo de drogas, fracassos, perdas. Mas a vida real não permite isso e ele, sofrendo por ser pai, tem que administrar essa sua vontade.
Esse é um outro atrativo desse filme. Lembrar-nos de nossa condição de pais e mães, meros assistentes das tragédias das vidas de nossos filhos. Aqui e ali, a gente vai tentar influir. Mas “ao fim e ao termo”, eles trilharão as estradas que escolherem. Queiramos ou não. Por isso sofremos. Trata-se de um belo livro. Não é o melhor do ano nem merece nota dez. Leva no máximo um 7,5 ou 8,0. Mas como diversão (cinema) e sentimento (filhos) é muito bom. Divirta-se.
Silvano – o impossível

06/08//2009


ENTREVISTA COM O AUTOR (Agência Estado)
Como o cinema surgiu em sua vida?
Gilmour -
Eu via filmes como todo mundo, mas tive a revelação em 1972, quando assisti a "Último Tango em Paris", de Bernardo Bertolucci. O filme me marcou tanto que resolvi, instantaneamente, que queria ser ator. Sou canadense, mas fui para Nova York, em busca de uma carreira. Não deu certo, porque era muito ruim como ator, mas a paixão pelo cinema continuou e consegui um trabalho como crítico no Canadá.

E o filme de Bertolucci, continua uma paixão?
Gilmour - "Último Tango" foi importante para mim, num determinado momento, como obra de descoberta. Aliás, dupla descoberta. Me descobri e descobri o cinema, mas a obra, embora lindamente filmada, possui seus limites. Há um lado infantil muito forte em "Último Tango" e toda a parte com Jean-Pierre Léaud e aquela câmera me parece hoje constrangedora. Em compensação, os solilóquios de Marlon Brando continuam sendo, talvez, os mergulhos mais profundos de um ator na complexidade da natureza humana.

O propósito do clube não era didático, era?
Gilmour -
Não, porque o didatismo seria um retorno à escola, que Jesse não queria encarar. Os filmes podiam ser bons ou ruins, não importa, o importante era a qualidade da nossa conversa. Mas acredito que consegui lhe inculcar alguma coisa. Quando lhe mostrei "Ran", de Akira Kurosawa, deixei claro que ele poderia gostar, ou não, mas aquele é um filme que faz a diferença. A arte, e o cinema, fazem bem para a alma. Em compensação, errei ao lhe mostrar "Os Incompreendidos". Ele não estava preparado para o cinema europeu e só conseguiu gostar do filme de (François) Truffaut mais tarde.

30 julho 2009

Coisa de Gordo - 439


439 – DE VOLTA A CAMBARÁ
Quase que num caso de obsessão espiritual, fomos novamente recebidos na cidade de Cambará, um dos locais mais frios do Brasil, para lá fazer uma palestra no Centro Espírita local. Brinco que é obsessão pois ano passado já os acometi do mesmo mal, fazê-los me escutarem numa palestra. E este ano fomos de novo. Justamente na noite da sexta-feira passada, um dos dias recordes de frio na região.
Bem nessa noite, no virar dos termômetros para o lado negativo, no cair abrupto da sensação térmica, lá estávamos.
A palestra foi gelada, o público bem que tentou acolher....mas o frio era intenso. Após a preleção, fomos em busca de uma sopa quente num ambiente que já conhecêramos no ano anterior. Trata-se da CANTINA MENEGOLLA, um delicioso Bar, situado na avenida central, num subsolo. A gente adentra a porta estreita de madeira e desce por uma escadinha igualmente de madeira. Para então chegar ao salão do negócio. Na verdade uma sala, ternamente aquecida por uma lareira incandescente. Ali tomamos uma SOPA NO PÃO de lavar a alma.
Após termos iluminado os espíritos e termos alimentado os corpos, fomos dormir na Estalagem que nos hospedava. Noite fria, fria, fria por demais. Fazia tempo que não passávamos tanto frio.
Os termômetros marcaram temperaturas bem baixas na madrugada, não vou citá-las com exatidão. Citarei apenas aquela que vimos no painel do carro, às 07:30h da manhã do sábado, e que cuidei de pôr ali naquela foto. Amigo(a), no amanhecer, fazia QUATRO GRAUS NEGATIVOS. Os carros estavam cobertos de gelo, os telhados, a grama e tudo o mais também tinham gelo sobre si.
Para coroar esse frio todo com uma aventura inesquecível, fomos dar um passeio no Cânion Fortaleza. Você por certo irá lembrar. Ali, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão aquelas escarpas todas, penhascos desenhados a dedo pela natureza,verdadeiros cartões postais da região. Os mais famosos são o Itaimbezinho e o Fortaleza. Já tínhamos ido a ambos, ano passado estivemos no Fortaleza. Mas não resistimos e retornamos ao Fortaleza.
Impressionante, lindo, imponente, marcante, indescritível. Para evitar transtornos, dessa vez contratamos um guia numa Land Rover e lá nos fomos.
A estrada que sai da cidade de Cambará e leva até o Fortaleza tem 20Km, sendo que apenas quatro estão asfaltados. Os dezesseis restantes são de uma estrada péssima, esburacada, cheia de pedras traiçoeiras e buracos perigosos. Não ceda à tentação de colocar o seu precioso carrinho nessa pirambeira. Chame por um serviço profissional. Os caras têm Vans, Land Rovers, ônibus, tem até táxis que levam as pessoas ao passeio. Qualquer economia eventual que você venha a ter indo no seu carro, vai por água abaixo quando você tiver que trocar um ou dois pneus, desentortar uma ou outra roda, arrumar a grade do carter, isso só para começar. Pois bem, fomos de Land e com um amigável guia. Já conhecíamos o passeio, comentei que ano passado fomos levados lá pelos amigos Paulinho e Mara. Mas a magia do local é tanta que a volta sempre vale a pena.
Leva-se quase uma hora para se chegar ao ponto de parada dos veículos. Ali os caras estacionam e a gente então tem que seguir a pé. Neste ponto, quando se desce do carro, a pessoa está mil metros acima do nível do mar. O passeio principal inclui uma subida de cerca de uma hora até o topo do cânion, quando então se fica a cento e trinta metros acima do mar. Lá do alto se vê a cidade de Torres, litoral gaúcho.
A vista é impressionante, já o disse. Dá uma sensação de pequenez, de insignificância diante das obras da Natureza. O guia explica que aquilo ali se formou a cerca de cento e trinta milhões de anos atrás, na separação dos continentes, momento em que explosões vulcânicas recortaram a montanha, dando-lhe o aspecto atual.
Só essa relação temporal já nos coloca em nossos devidos lugares. Se formos usar então o tamanho dos penhascos, as alturas assustadoras, as escarpas, tudo o mais...aí sim viramos grão de areia.
As pessoas não se dão conta de como é perto esse passeio. Saindo de Porto Alegre via Novo Hamburgo, a distância até Cambará é de 190Km. Eu, que vou por outro lado, percorro apenas 150Km até Cambará. Depois, é claro, tem os 20Km até o Cânion.
Não importou o frio, até porque à medida que a caminhada avança a gente vai tirando as blusas e capotes. O sol estava aberto e nos permitiu fazer belas fotos.
Um arraso de passeio! Imperdível! Não, não deixe para o próximo inverno. Ponha aquele tênis a suba a montanha. É uma caminhadinha fácil, nível um. E veja quem está falando isso!
Silvano – nas alturas







A CANTINA MENEGOLLA
Av. Getúlio Vargas, 1304 - Centro (No subsolo da loja Coisas da Terra)
Tel.: (54) 3251.1053 / 9947.5687
Funcionamento: De quarta a domingo - Das 18h às 23h


GUIAS PARA PASSEIOS
Estéfano – telefones (54) 99780538 e (54) 32511181
O cara tem a Land Rover e uma turma de guias ótimos. O que nos conduziu foi um chamado ANDRINO. Gente boa, ótimo serviço.


30/07/2009

23 julho 2009

Coisa de Gordo - 438


438 – BOLSA DE MULHER
Essa coisa de tecer comentários sobre o gênero oposto sempre corre o risco de se perder no vazio do desconhecimento. Mulheres falam isso e aquilo de homens. Homens falam isso e aquilo de mulheres. O tema é até interessante, mas vez que outra a gozação ou a crítica perdem sua força por causa da falta de empatia.
Sempre se falou na expressão BOLSA DE MULHER. As mulheres carregam suas bolsas por aí e junto levam a fama de que ali carregam tudo. O que não dista muito da verdade.
Já pude constatar em diversas vezes. Mulheres tiram de dentro de suas bolsas não apenas carteiras, cartões de crédito ou celulares. Não se iluda. Isso é só o trailler inicial. Dali elas também já tiraram colher para se comer iogurte, abridor de garrafa (no tempo em que se abria garrafa). Fralda descartável (essa era fácil de imaginar), lenço umedecido, cueca reserva para o filho que está fazendo vestibular, caixinha pequena de sucrilhos Kellogg’s.
Tiraram grampeador de papéis, furador de papéis, lanterna, isqueiro (sem ser fumante), caixa de fósforo, vidrinho de álcool, acetona (óbvio), livro de dieta, revista Cláudia, revista Playboy (mulher adora ver Playboy, sim senhor, só que é para ver a maquiagem, a forma do seio, o possível silicone).
Tiraram faca, canivete, lápis de cera, caneta tinteiro, canetas comuns, pendrive, envelope de carta, manual de redação.
Tiraram o maiô da hidroginástica, a malha do ioga, o livrinho intitulado “Minutos de Sabedoria”. Tiraram raminhos de macela colhidos na sexta-santa. Tiraram aspirina, neosaldina, novalgina, pílula anticoncepcional, absorventes e camisinhas (duplamente óbvios). Tiraram calculadoras, lâminas de depilar as pernas, caderninhos de telefone.
Uma coisa que perturba qualquer mulher é quando o celular toca dentro da bolsa. Ela dá de mão na bolsa e passa a vasculhar aquele pequeno container em busca do celular. E olha que o toque não apenas é alto como ainda tem vibracall. Mas ela mexe, remexe, escarafuncha, se retorce, abre um fecho, vira, abre outra parte, e o celular ali...tocando. O que ajudou a aumentar esse mistério em torno da BOLSA DE MULHER. Se mesmo quando elas querem achar algo, elas se perturbam...é porque o troço é de fato misterioso.
Por uma dessas coisas da vida, dia desses tive um “insight” em torno desse assunto. Por ter voltado às lides dos plantões, empregos que me levam a ficar doze horas longe de casa (às vezes vinte e quatro), acabei munindo-me de uma pequena bolsa de viagem. Pequena mesmo, ganhei ela de brinde num posto de gasolina. Mais chinelona, impossível. É que esse tipo de artigo tem que ser assim mesmo para não chamar a atenção. Pois bem, ali coloquei os objetos, as ferramentas necessárias ao ofício de médico, estetoscópios e seus congêneres. Depois entrou um avental. E se ficar frio? Entrou um blusão fininho (para não fazer volume). Sim, tem aquela insubstituível nécessaire contendo pasta de dente, escova, perfume e fio dental. Entraram folhetos de medicamentos. Livrinhos e manuais úteis aos plantões. E aí....OPA...até parece bolsa de mulher...cara...esse troço tá cheio e pesado. Dia desses precisava achar uma coisa que eu tinha certeza que estava ali dentro e virei, revirei....puxa, então é isso que as mulheres passam. Após ter emborcado minha mochila de plantão no chão, achei a tal coisa. Pronto, naquele momento lembrei da mulheres e suas bolsas. Passei a melhor entendê-las. Me solidarizei a elas. Eu, que já lhes sou tão reconhecido. Fiquei ainda mais.
Sim, bichices à parte, tenho que fazer uma verdadeira faxina em minha mochila de plantão. Tem coisa ali que nem lembro para que era mesmo. Mas que carrego prá lá e prá cá.
Silvano – perdido entre o forro e a fivela


23/07/2009

Leitor manda frase instigante


Em que pese a concordância incorreta, a filosofia da frase não deixa de ser instigante. De ser correta... de ser real.
Em tempo..os homens LEEM....a maioria LÊ !
Silvano

Leitora manda frase de caminhão


16 julho 2009

Coisa de Gordo - 437


437 – ROLHAS
Fui falar em rolhas...
Recebi de meu amigo, o Chef Giordani, um breve relato sobre a coleção que ele mantém com as rolhas das garrafas que ele abriu. Por email, conversei com ele a partir do recado que ele deixou no post anterior. Ao comentar sobre minha singela coleção de rolhas, expostas ali naquela foto do post anterior, despertei nele a resposta devida. Disse ele:
Silvano, esse negócio de coleção de rolhas é relativo....depende do enfoque que queres dar....A minha coleção (que deve estar beirando as mil rolhas), eu determinei que guardaria só as que eu abrisse....e assim foi... tem que haver uma razão para a guarda das rolhas.... Te mando fotos delas um diaAbração.” Betho Giordani
Viu só, isso é uma coleção de rolhas. Mil rolhas. Algumas aparecem nestas duas fotos aqui desta postagem. Mas também tem aquilo. O que vale é colecionar as coisas que a gente viveu. No caso , ele guarda as rolhas de bebidas que abriu. Não sou um grande abridor de garrafas. Apenas estou reunindo aquelas que bebi. A julgar pelo meu lento ritmo de consumo de bebidas alcoólicas, morrerei bem antes de ter mil rolhas.
Uma outra coisa que me surpreendeu é que os vinhos estão sendo invadidos por rolhas de material artificial, a boa e velha cortiça está sendo deixada de lado. Achei um pouco triste. Talvez tenha a ver com a preservação do ambiente, não sei. Mas fazer rolhas de borracha? A partir de petróleo? Sim, na postagem anterior, aquela que destaquei, a do J.P. CHENET, é artificial. Fazer o quê?
Nos emails seguintes o Chef citou uma expressão que me remeteu ao passado. Falou do “sabrage”. Disse ele: “Nas fotos, as rolhas que aparecem mais escuras, são do vidro das garrafas de espumantes, cavas e champanhes que ficam grudados na rolha quando se abre com a técnica do sabrage. Sim...eu tenho um sabre...é muito legal. Giordani.
Anos atrás, ainda estudante, tive a oportunidade de trabalhar num Bar que era hit na capital gaúcha, o 433. O 433 ficava ali no Bairro Auxiliadora e agitava as noites de Porto Alegre. Outra hora conto mais detalhes desse tempo. Um dos donos era o BOB, que na gíria da gauchada era e sempre foi um cara “gente fina”, ou seja, um cara legal. Uma das coisas que aprendi com ele foi essa do “sabrage”. Na hora de abrir uma garrafa de champanhe, ao invés de simplesmente tirar a rolha, ele tomava de uma lâmina, uma faca grande (um sabre, enfim) e dava um golpe no gargalo da garrafa. A garrafa se quebrava exatamente ali, no gargalo e permitia a degustação do precioso líquido. Alguém poderia dizer: - Mas e os cacos de vidro? Com a pressão da bebida, eventuais lascas eram jogadas para fora. Trata-se de um ritual, uma coisa especial.
Ao ler essa mensagem do Chef Giordani fui remetido àquele tempo. Lembrei vivamente das garrafas assim abertas.
Zapeando pela internet, leio num blog de um certo Pedro Missioneiro que essa coisa do sabrage remonta aos tempos de Napoleão Bonaparte, quando os franceses comemoravam no campo de batalha as suas vitórias. Munidos de sabres, davam aquele cutelaço nas garrafas que se abriam para o supremo deleite. O costume atravessou o tempo e os oceanos e até hoje se mantém. Existem, inclusive, os sabres feitos só para isso.
O Youtube dirime qualquer dúvida. Assim, estou postando aqui abaixo um breve filminho que não apenas demonstra como ensina a técnica.
Comece pelas rolhas. Depois vá ao sabre. Por fim, a exemplo do Chef Giordani, especialize-se.
Silvano – entalado no gargalo da garrafa

16/07/2009

Com você...o SABRAGE

Casa sobre Rodas



O que terá chegado antes? A casa ou o caminhão? O que será que esse cara pretendia? Poder ligar o caminhão e dar no pé? Ou virar a casa de acordo com a insolação. Tirei esta foto ainda no veraneio, na cidade de JARAGUÁ - SC. O interessante é que as instalações todas estão feitas, água, luz, etc.. A gente vê cada coisa..

SILVANO

10 julho 2009

Coisa de Gordo - 436



436 – LER E LER
No local de trabalho, entre uma coisa e outra, parei um minutinho para conversar com um outro Leitor. Leitor de coisas impressas no papel. Sim, nós os leitores antigos, aqueles que ainda se valem de papel para ler, somos uma espécie em extinção.
Sim, é óbvio que também lemos as coisas na tela do computador, isso quase todo mundo faz. Mas além, disso nos entregamos a este deleite pré-histórico. Folhear páginas de livros. Revistas. Jornais. Tem gente no mundo que desconhece o prazer de se abrir um livro novo. O cheiro das páginas. As cores da capa. As orelhas, sim as orelhas.
Mas comentava que encontrei o outro Leitor e, naqueles breves momentos, nos entregamos ao alegre exercício de puxar pela memória.
Lembra desse trecho da Florbela?
“Minha alma de sonha-te anda perdida,
meus olhos andam cegos de te ver,
Não és sequer a razão do meu viver
Pois que tu és já toda minha vida.”
Claro, claro, ele atestou. E a partir daí passou a relembrar dados biográficos da Florbela Espanca, sua vida sofrida, suas tragédias, seus sofreres. Falou da morte do irmão dela. Do suicídio. Rebati comentando que ela ficara maldita diante da cultura portuguesa, para ser resgatada décadas mais tarde por outro poeta, José Régio.
O Leitor remexeu em outras gavetinhas de nossas memórias, falou de textos de outros portugueses, falou de alguns brasileiros, adentramos comentários sobre palestras, a arte da oratória. E assim, naqueles breves minutos, refrescamos nossas memórias com cultura geral.
Trago este pequeno recreio ao seu conhecimento porque ali, naquele ambiente em que estávamos, criamos uma espécie de ilha de saber. As pessoas ao nosso redor, seja por desconhecimento, seja pela sua juventude, seja por timidez, silenciaram e ficaram nos olhando, admiradas. Entre mim e o leitor abriu-se um espaço onde os outros não ousavam entrar.
Isso é assustador. Falar de uma que outra poesia, citar um que outro poeta português, deveria ser algo menos assustador. Menos ofensivo. Desconfie que alguma coisa está errada quando um sujeito normal como eu é tido por inteligente. Por intelectual. Desconfie que a coisa vai mal na cultura do país.
Se algo me diferencia do populacho em geral é apenas a coisa citada ali no início, isso de ler letras impressas em papel. Mas é só.
Essa noção do saber nacional talvez explique o que acontece em Brasília. O Sarney pode fazer o que quiser. Nunca será banido. O povo deve achar que ele é mais sabido, mais importante, mais poderoso. Mas deixemos o Sarney de lado.
As pessoas que lêem livros criam pequenos rituais, cacoetes, manias. Tem gente que rabisca todo o livro à medida que vai lendo. Sempre fiquei meio constrangido. Não era desse time. Mas o tempo amainou minhas reticências no que tange ao branco das páginas dos livros, e dei-me conta de que por vezes rabiscar era útil. Útil e íntimo.
Você se expõe no que escreve dentro de um livro. Tem ali um parágrafo arrasador e aí você puxa um colchete do lado e escreve bem grande: “Lindo. Colocar isso num cartão para a Rochele.” Anos depois, sua mulher abre o tal livro e a confusão está feita.
Via de regra eu apenas sublinho coisas que precisarei no futuro. Numa palestra. Num texto.
Tem quem leia livros no ônibus, na praça, no vaso sanitário. Não tenho preconceitos, mas via de regra, lascivamente, sempre que pude levei os livros para a cama.
Ali, no ambiente mais íntimo e pessoal, entreguei-me ao prazer de suas palavras. Permiti-me sentir o toque de suas páginas. Sentir o cheiro da encadernação. Ler as dedicatórias.
A leitura sempre progride bem, até que você chega num ponto em que lê um parágrafo e se perde. Recomeça o mesmo parágrafo. Se perde de novo. Na terceira tentativa....desista...está na hora de dormir. Falando nisso, vou prá cama e vou bem acompanhado. É um lançamento. Está nas páginas da Veja desta semana. Mas isso já é outra história...
Silvano – o impossível


COLEÇÃO DE ROLHAS
Todo enólogo que se preza tem uma taça gigante onde coleciona as rolhas dos vinhos que ele toma. São lembranças, troféus de que todo enólogo se orgulha. Meu amigo ROGERIÃO é pródigo em tal hábito, posto que faz uso medicinal de vinho tinto. Uma taça por dia para ter vida longa. Já me habituei a ver nas casas onde eventualmente ando a tal taça cheia de rolhas. Pois neste inverno comecei minha própria coleção. Não, não entendo de vinhos. Mas sei que é bom bebê-los. Até este momento só tenho as rolhas. Não tenho a tal taça grande em formato de vaso. Veja as poucas rolhas. Ali há de tudo um pouco. Perceba na foto que é uma pequena coleção. Mas repare bem ali naquela rolha deitada...sim...é um J.P. Chenet. Fazer o quê? Fui casar com uma italiana.... Só podia dar vinho bom. Francês. Mas bom.


10/07/2009

03 julho 2009

Coisa de Gordo - 435



435 – FAMÍLIA
Esse tema do Michael Jackson por certo já deve estar lhe enfarando, quando as notícias brotam incessantemente a gente vai cansando delas. Mas eu não poderia me furtar de dar breves pinceladas em torno do tema.
Na postagem da semana passada, já houvera confessado minha idolatria pelo Jackson. Sim, no meu singelo modo de ver ele é um dos ícones incontestáveis da música mundial. É um divisor de águas. Um marco histórico. Pode-se falar na música, nos videoclipes, nas coreografias ANTES do Michael, e falar neles DEPOIS do Michael. Se uma pessoa ligar um rádio, em qualquer parte do mundo, e escutar breves acordes de uma das músicas deste artista, na hora a pessoa identifica a música e sabe quem a canta.
Quando os músicos se reuniram numa campanha mundial chamada “We are the world”, umas décadas atrás, lá estava o Michael Jackson com um dos autores da música, como um dos produtores do clipe e do disco e, é claro, um dos destaques da produção.
Anos mais tarde, após ter feito o emblemático “Thriller” (recorde de tudo), ter feito tantas coisas mais, quando a mídia pensava que ela estava acabado, ele sai da sombra para realizar o incrível “Black or White”. Fez um clipe inovador, marcante, apresentando as faces de pessoas de diversas nacionalidades, cores e sexos, mesclando-se sucessivamente, dando uma impressão de continuidade. Hoje em dia qualquer comercial de automóvel faz isso com a computação gráfica, mas quem abriu esta porta em nível mundial foi ele, o mito Jackson.
No entanto, nem tudo foram flores.
Egresso de uma família cruel, com um pai espancador, ele teve que emergir de sua condição de filho mais jovem para sobressair-se em meio aos irmãos mais velhos e brilhar no mundo, munido de sua criatividade. Desde cedo se divulgou que o pai era mão-de-ferro e trucidava os filhos exigindo deles sacrifícios pesados.
A vida apresentaria a conta disso anos mais tarde com a formação da figura pública de Michael Jackson. Era um ser andrógino. Era homem, mas nem tanto. Não era gay. Era meio afeminado, quase uma mulherzinha. No entanto, nas coreografias que fazia ele dançava com uma força masculina, usava gestos viris, insinuações fortes, botava a mão na genitália como que a exaltando. Ou seja, o cara era uma incógnita.
Nunca teve esposa, em que pese tenha se casado mais de uma vez. Não se imagina o Michael andando de mãos dadas com uma mulher, numa noite romântica. E ninguém em sã consciência imaginaria ele transando com mulher. Aliás....nem com homem. Não, também não caia na tentação de imaginá-lo como pedófilo. Ele ficava com crianças por se sentir seguro entre elas, nada mais. O que denota um despreparo total para a vida.
Era um desajustado, um psicopata, sim senhor (a). O cara andava de máscara, forçava seus filhos a também usarem máscara. E esses filhos tinham medo dele, não afeto.
Concluindo singelamente. Faltou ao grande astro uma coisa que quase todos de nós temos. Uma coisa que transcende nível social ou cultural. Faltou-lhe FAMÍLIA. Alguém imagina o Michael Jackson num churrasco de domingo, com a avó e os filhos incomodando? Ou vendo juntos na TV uma final de campeonato qualquer? Alguém sabia da mãe do MJ? Não, só se sabia do pai dele. Agora, depois da morte, a mãe apareceu para assumir a guarda dos netos. Que por certo já são meio malucos também. Também foram criados SEM MÃE. Isso mesmo. Os filhos do MJ não tinham mãe, eles tinham empregadas cuidadoras.
Alguém ainda acha estranho um final trágico para essa história? Ora, é óbvio que isso nunca acabaria bem.
Tinha dinheiro, fama, reconhecimento, uma legião de fãs (inclusive eu) pelo mundo afora. Mas nunca teve família. Pobre Michael Jackson.
Silvano – o impossível


SENADO PRÁ QUÊ?
Continuo firme na minha campanha pelo fim do Senado brasileiro. Casa de maracutaias, antro de biltres e usurpadores, a cada semana vem mostrando um escândalo maior que o anterior. Tudo isso sustentado com o SEU dinheirinho. O lema de nossa campanha é este estampado aqui ao lado: SENADO PRÁ QUÊ? SARNEY, VAI TE.......... Vamos fazer adesivos para automóvel?

INTER E GRÊMIO
Nunca se viu algo assim. Os dois times gaúchos receberam aqui na capital dos pampas a dois adversários do centro do país. Um jogo na quarta e outro na quinta. Nos dois jogos, os gaúchos não podiam tomar gol. Pois ambos levaram 2 x 0 já no primeiro tempo. Nos dois jogos, os gaúchos empataram no segundo tempo. O segundo gol do time da casa dos dois jogos se deu aos 29 minutos do segundo tempo. Nos dois casos, os gaúchos foram eliminados pelos times de fora. Na noite da quarta-feira, após o final do jogo Inter x Corinthians houve um foguetório de gremistas. Na noite seguinte, após o final do jogo Grêmio x Cruzeiro, houve um foguetório de colorados.
Chama o Nostradamus....

BIS LACTA PORTÁTIL
Essa Lacta... Todos conhecem e se deliciam com as caixinhas de BIS LACTA, virou um clássico nacional. Aí a gente imagina que os caras se acomodaram e vão morrer assim. Nada disso. Andando pelas estantes do Supermercado, fui capturado por um delicioso lançamento. Agora tem o MINI BIS LACTA, um copo de plástico contendo bolinhas de bis lacta. Uma sacada sensacional. Um copo fácil de consumir, dá para levar para o cinema, para a praia, para a frente da TV. As bolinhas são deliciosas. E você vai se deliciar com mais essa gostosura. Agora...a sua dieta...essa vai para o beleléu....

03/07/2009

25 junho 2009

Coisa de Gordo - 434


434 – Culpa do FH
A mídia andou se agitando neste último mês em torno da queda daquele avião da Air France. Ventos? Tempestade? Falha humana? Congelamento dos pitots?
Nada disso, gente, eu já sei o culpado. O culpado foi o FH !
Antes que a turma do PT se erice achando que estou arrolando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nas causas do desastre aéreo (bem que esse petezal gostaria disso), esclareço aos incautos que não estou aludindo ao ídolo tucano. Trago aqui outra ponderação.
Estou falando do FATOR HUMANO!
Em que pese o fato de existir toda essa tecnologia atual, as aeronaves cada vez mais computadorizadas, os equipamentos cada vez mais perspicazes, ao fim e ao cabo esquecemos de um pequeno detalhe. Sim, o Fator Humano.
Imagine você uma reunião de líderes mundiais decidindo o futuro da Humanidade, o Barak Obama argumentando em torno dos seus feitos, o Lula discursando em português, a Ângela Merckel preocupada com a camada de ozônio. Lá pelas tantas o Barak sente uma súbita cólica intestinal e percebe aquele breve arrepio descendo-lhe as espáduas e avisando-o de que deve procurar um banheiro logo. E é logo mesmo, não se esqueça ele das inúmeras vezes em que se meteu em banheiros inusitados para aliviar seu trânsito intestinal sagaz! Bem nessa hora, o Lula propõe a queda do protecionismo imposto pelos americanos, momento crucial em que o Barak teria que pedir a palavra e defender sua supremacia. Mas os grunhidos de seu intestino falam mais alto e ele tem que se ausentar da reunião rapidamente. Pronto, o futuro do mundo aguarda que o Barak alivie sua diarréia. Isso é o Fator Humano.
Noutro pólo da mesma reunião, um presidente de uma nação qualquer assiste a tudo em silêncio. Os outros até estranham sua atitude, ele que habitualmente é sempre tão falador. Ninguém sabe o motivo de sua quietude. Só ele. Sabe qual é? Um pedaço da carne que ele tem entre os dentes e que insistiu em resistir ao fio dental após o almoço. Agora ele está ali, concentrado, revirando sua boca com a própria língua, na tentativa de remover o pedaço alimentar que o está enlouquecendo. Mais uma vez...o futuro do mundo nas mãos de uma lasca de picanha. Isso é o Fator Humano.
Voltando aos Boeings e Airbus, sabe-se de toda a tecnologia que os envolve, mas jamais se pode esquecer que ali, na cabine, está um ser humano. E tudo que decorre disso. Anos atrás houve um quase acidente num jato da Japan Airlines que subitamente embicou para o solo e por pouco, muito pouco, não se espatifou. Após minuciosa investigação chegou-se ao laudo final. O filho adolescente do comandante tinha ido até a cabine e foi ele quem quase causou a tragédia. Isso mesmo, o comandante entregou o manche do avião ao seu filho teimoso. Imagine o diálogo:
- Pai, deixa vai, juro que vou pilotar só um pouquinho...
- Sai daí , guri.
- Ah,deixa pai, se fosse a mana você deixava...
- Mas que droga!! Tá bom, senta aqui duma vez. Pronto, estou tirando do piloto automático. Pode pilotar..
É de novo, mais uma vez, e sempre ele, o Fator Humano.
Ouvi de um tripulante de companhia aérea que eles tinham medo de um certo comandante pois o cara era alcoolista. E volta e meia chegava bêbado para comandar o avião. Sim, um comandante de jato bêbado.
Transponha isso para a área que você quiser. Poderia relatar-lhe os casos de anestesistas e outros especialistas médicos usuários de drogas. O cara estuda a morrer, se especializa, estuda ainda mais, se destaca profissionalmente para chegar ao meio da tarde e injetar em seu próprio braço uma ampola de dolantina. Ou algo similar. Eis o Fator Humano.
Alguém andou dizendo que se as pessoas soubessem dos porões da aviação comercial, as politicagens, as falcatruas, ninguém mais andaria de avião. Pois ouso dizer que se as pessoas soubessem de certas coisas que se dão dentro de hospitais e blocos cirúrgicos, ninguém mais se submeteria a cirurgia.
Certo, certo, desconheço detalhes e dados técnicos das causas da queda do jato da Air France. Mas tenho convicção que foi de novo ele, o inexorável, o inevitável FH.
Não se pode querer controlar tudo, tomar pé de tudo, administrar tudo. Chega-se a um ponto em que só nos resta nos entregar nas mãos dos outros e rezar para que dê certo. Senão a gente nunca mais vai andar de avião. Nem se operar de nada. Nem comer for de casa. Nem passear pela praça. A gente vai enlouquecer.
Relaxe, portanto. Voe à vontade. Marque logo sua cirurgia. Peça aquele Cheese-qualquer coisa e permita-se ser feliz.
Mas na hora do embarque aéreo, dê uma coringada e verifique se o filho do comandante está embarcando junto. Ou ainda pior, a amante do comandante. Ou a sogra dele. Isso pode selar a sua sorte. Em caso positivo, alegue a diarréia do Barak Obama e fuja para dentro do banheiro do aeroporto. Passe por “cagão” mas fique vivo. Como diria o Maquiavel....os fins justificam os meios...
Silvano – encharcado de humanidade

ESTOU VIÚVO...
...dessas duas celebridades que morreram agora há pouco. Na minha adolescência adorava a Farrah Fawcet, aquela linda pantera que alegrava nossas noites de Televisão. Loiraça, cabelão armado, charme à toda prova. Não chegou a ser um amor como o que eu tinha pela Barbara Éden (a Jeannie é um Gênio), mas foi uma paixãozinha de adolescente.
E a outra perda é o Michael Jackson. Cara, o mundo perdeu um de seus mitos. Confuso, perturbado, doente, é verdade. Mas antes de tudo uma vítima. Vítima de um pai espancador, talvez até abusador. Vítima da mídia cruel, da ganância e da inveja das pessoas. Apesar disso tudo, o cara é um divisor de águas na história da música, dos clipes, das coreografias, desse mundo todo que envolve a produção musical. Suas músicas são hits em todos os recantos do mundo. Sua dança é conhecida igualmente em qualquer lugar.
Nos dois casos...uma pena.

25/06/2009

21 junho 2009

Coisa de Gordo - 433



433 – LUGAR RUIM PARA SE VIVER
A culpa é da Martha Medeiros. Fui ler a coluna dela no jornal Zero Hora do outro domingo e ela cita a poeta carioca Maria Rezende com o seguinte verso:
- “Dentro de mim não é mais um bom lugar para se viver!”
O verso está num livro chamado BENDITA PALAVRA e no jornal citado a Martha faz então suas considerações acerca do verso. E ela conclui ser ainda um bom lugar para se viver. A Martha Medeiros concluiu isso.
Eu não.
A partir da leitura desse verso, completamente flechado que fui pelo talento da poeta, passei dias e horas remoendo esta idéia. E quanto mais filosofei em torno do tema, mais soturno e sisudo fiquei. Por isso atrasei a postagem desta semana. A conclusão me foi assustadora.
Sim, cara poeta Maria Rezende, posso lhe dizer que somos dois a partir de agora. Também me associo ao teu sentimento de desterro. De exílio de si próprio.
Seja pela correria dos compromissos profissionais, seja pela falta de tempo, pelo cansaço...seja pelos excessos, pelas horas mal dormidas, dei-me conta de que deixei de ser um bom lugar para se viver e já não é de agora.
Não conseguirei precisar as datas. Mas recordo que lá atrás, tempos passados, estive mais de bem comigo mesmo. Olhava-me no espelho e até que suportava o que via. Subia na balança e junto dos números sempre altos percebia sempre um rasgo de esperança, a chance de uma nova dieta, uma caminhada. Conversava com amigos e sentia neles uma reciprocidade de felicidade. Os dias passando, as horas indo ladeira abaixo na correnteza da vida, e sentia mais seguidamente a alegria de viver.
Fosse porque as crianças eram menores. As contas eram mais palatáveis. Os financiamentos mais exeqüíveis (não implique com este trema, o corretor do WORD insiste em colocá-lo ali).
Seguindo uma filosofia de vida de nossa família, diria que naqueles tempos eu era feliz e sabia.
Calma, não se exaspere. Continuo feliz, isso é importante que se ressalte. Não a felicidade plena, destituída de realidade e mais utópica do que palpável. Sou feliz ao jeito da Fernanda Montenegro que quando lhe perguntaram se era feliz respondeu: - Várias vezes ao dia.
Sou assim feliz. Juntando as peças do quebra-cabeça da vida, encontrando sim gotas, respingos, goles, suspiros e baldes de felicidade dentro das horas de um dia. Não é disso que estou falando.
Volto ao tema pinçado e reafirmo que atualmente também não sou um bom lugar para se viver.
Aquela tal crise dos quarenta não me veio aos quarenta, quem sabe esteja agora me batendo á porta. Mas não questiono os rumos e caminhos escolhidos, nada disso. Minha vida para rápido demais para que me perca em tais perquirições. A tal crise dos quarenta (tenho agora quarenta e seis) me coloca num turbilhão de coisas que tenho que fazer mas que não consigo fazer.
Pôr um tênis. Voltar a caminhar. Tirar mais fotos do que tenho tirado.
Ouvir mais música, meu Deus. Sexta-feira passada botei para tocar um CD que me acompanha faz décadas, tem a NONA SINFONIA DE BEETHOVEN interpretada pelo maestro Eugene Jochüm (este trema eu mesmo pus, afinal está no nome do cara). Um primor de poesia, de musicalidade, de viagem no tempo e no espaço. Certa feita, ainda jovem, fiz uma lista das dez música principais da minha vida e a Nona Sinfonia estava lá. Onde continua até hoje. Pois é, depois de anos, parei para escutar essa bela sinfonia.
Tem uma lista de amigos com tenho que jantar. Jantar para conversar, rir , falar da vida, criticar o Sarney e toda essa corja de Senadores. Jantar para poder fotografar os pratos e depois colocar aqui no BLOG. Pois bem. Não estou dando conta. A vida, já citei, está se indo muito celeremente. Não consigo organizar o tempo.
Tem uns dois médicos com quem tenho que consultar. E estou deixando, acomodando, protelando.
De fato, assumindo a tese materialista (na qual não acredito), eu diria para o meu espírito: - Vai-te, pobre espírito, não sou um bom lugar para se viver. Espírita que sou, não posso dizer tal frase. Primeiro porque não terceirizo meu espírito.. Eu SOU o meu espírito. E segundo porque basta me veja no espelho para saber isso que a poeta captou. Tanto ela quanto eu não somos mais um bom lugar para se viver.
Já fomos. Já fomos, sim. Talvez até voltemos a ser. Mas no momento....tá danado!
Silvano – o impossível

AS DEZ MÚSICAS
Só por curiosidade, falei nas DEZ MÚSICAS principais de minha vida e deixei o mistério no ar. A lista é dinâmica, ela varia de acordo com algumas coisas. Não saberia dizer as dez de hoje. Mas tem umas que entraram na lista e nunca mais saíram; São elas:
1) BRIGAS – Evaldo Gouveia e Jair Amorim, gravada por infinitas celebridades
2) NONA SINFONIA – Ludwig Van Beethoven – o cara
3) LA CUMPARSITA – el tango de todos los tangos – imperdível
4) DANCING QUEEN – do Grupo Abba – minha parceira vida afora
5) RONDA – do Paulo Vanzolin – clássico da MPB, eternizado também por inúmeras vozes
6) e outras que você poderá sugerir.....


10 junho 2009

Coisa de Gordo - 432


432 – Strogonoff Campeiro
Tem uns amigos nossos que são do ramo da alimentação comercial. O Romel e a Cristine. Aqui na cidade de Santo Antônio eles são os donos do EMPÓRIO DA PRAÇA, um aconchegante bistrô na cidade alta. Servem coisas as mais deliciosas, o ambiente é dos mais acolhedores. Mas não é isso que me traz aqui hoje. Falarei de uma nuance mais pessoal.
Fomos convidados para os aniversários deles, festejados conjuntamente numa mesma noite e lá nos fomos certos de bons momentos. Poderia falar do calor da festa, do ambiente descontraído, da boa companhia, da boa conversa, do fogo na lareira. Mas declinarei dessas coisas todas para falar de um achado que lá se deu. A Cristine, que é Nutricionista, preparou um prato que nos impressionou. O Strogonoff Campeiro.
Fui me servir na mesa do bufê e vi que era um strogonoff, mas fiquei inseguro quanto aos ingredientes. Vi que havia porções de carne, mas havia algo mais. Ao comer o prato percebi a jóia que me houvera sido servida.
Amigo(a), havia ali charque e pinhão mesclados com arte e maestria, numa composição de sabores que talvez eu nunca tivesse experimentado. Uma delícia, uma perdição. Enfim, deixo espaço para a receita do prato que a Cristine gentilmente me cedeu hoje de manha. Estive lá no Empório da Praça e pedi a ela a receita. Aproveite.
INGREDIENTES:
- 1Kg de charque de boa qualidade. Nem pense em usar esses “jerked beef” que se compra em Supermercados. Ela usou um charque cortado a mão e vendido pelo próprio açougueiro que fez o charque.
- 2 colheres de sopa de amigo de milho (Maisena).
- 2 cebolas médias picadas.
- 4 dentes de alho picados.
- 2 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem.
- 2 potes de nata.
- 1 Kg de pinhões cozidos descascados e picados em rodelas. Atente para o seguinte. O peso de um quilo deve ser obtido após o mesmo ter sido cozido e descascado. Na hora de botar na panela para cozinhar, portanto, coloque algo em torno de um quilo e meio.
MODO DE FAZER:
Coloque o charque de molho durante vinte e quatro horas, trocando a água por pelo menos quatro vezes. Escorra bem a água e pique o charque em tiras ou cubos. Em uma panela de ferro coloque o azeite de oliva e refogue o charque. Essa água que vai destilar do charque deve ser recolhida e reservada. Quando estiver bem seco, deixe fritar e acrescente a cebola e o alho. Refogue bem. Traga de volta para a panela aquela água que foi reservada e acrescente o pinhão. Chegou a hora de entrar a Maisena. Dissolva a Maisena num pouquinho de água e despeje na panela. Espere o molho engrossar. A seguir, acrescente a Nata. Prove o tempero. Se preciso for, acrescente um pouco de sal, pois talvez no processo de dessalgar o charque você tenha deixado o negócio insosso. Pronto. Está feito o acepipe.
Aproveite o feriado e mande ver nas panelas. Corpus Cristi? Não. Corpus Charque!
Silvano – o herege

Ana Carolina - DVD Dois Quartos


Te olho nos olhos e você reclama
que te olho muito profundamente.
Desculpa...
Tudo que vivi foi profundamente....

Com essa frase marcante a cantora Ana Carolina dá abertura a uma dentre tantas belas músicas contidas no DVD de nome DOIS QUARTOS. Na verdade trata-se de uma produção do canal Multishow e traz as imagens e sons de um show ao vivo que ela fez em 24 e 25 de novembro de 2007 em São Paulo. Revivendo uma coisa que a Maria Bethania fazia trinta anos antes, ela ousa portanto declamar aqui e ali uma poesia. E esta que citei aí acima emoldura a música mais bela do DVD, aquela chamada É ISSO AÍ.
O DVD traz imagens lindas que a produção do referido show proporcionou ao público. O cenário é lindo, inspirado, as evoluções sobre o palco são perfeitas.
Numa certa altura um percursionista despeja jarras de água numa bacia para obter o som desejado, uma coisa assim meio Marisa Monte. O público se manifesta apaixonadamente o tempo todo, os gritinhos apaixonados das mulheres apaixonadas por ela são uma constante. Aliás, tem uma passagem engraçada. O coro feminino brada “Ana, eu te amo!” e os músicos entram com a melodia. Ai a artista levanta a música segurando os músicos e diz: - Deixa as meninas falarem! Ao que o público vem abaixo. E ela então continua.... “não se pode cortar um papo assim”.
Os arranjos são impecáveis, sem improvisações, tudo milimetricamente estudado e bem postado.
E aí se sucedem as músicas.
Muitos reconhecerão a QUEM DE NÓS DOIS com sua batida latina. É uma versão para a italiana La mia storia tra le dita.
Há sambas onde ela toca pandeiro e há sambas em que ela só canta.
Ela toca violão, toca piano, batuca, se desdobra.
O DVD é arte pura, os efeitos cênicos são lindíssimos.
E aí me entreguei ao deleite da faixa que causou a compra do produto. Trata-se da citada música É ISSO AÍ, uma versão da música THE BLOWER’S DAUGHTER. Já assisti à performance da Ana Carolina com o Seu Jorge no YouTube e é de se ir às lágrimas. Aqui neste disco ela canta sozinha, mas nem por isso perde força. Com sua voz tonitruante, sua força vocal descomunal, a artista alcança pontos e notas inimagináveis, levando-nos a curtir emoções raras.
O show vem vindo e lá pelas tantas ela entra com aquele texto ali do alto, pedindo desculpas por olhar tão profundamente. Li no encarte que o texto é livremente inspirado em obras do Fabrício Carpinejar e do Boris Pasternak. Ela declama o belo texto, como que anunciando ao nosso coração que a seguir vem coisa forte. Ato contínuo, senta-se ao piano e dedilha discretamente os acordes da música, inundando o espaço físico e afetivo do Teatro com sua canção. Vai tocando o piano e nos conduzindo numa viagem profunda de musicalidade, emoções, sentimentos. Quando se percebe, as lágrimas transbordam pelo peito e estamos ali, postados diante da tela da TV, espicaçados. Linda, linda, linda música. Linda interpretação. Linda cantora e sua linda voz. Um verdadeiro arraso.
Imperdível na sua coleção.
SILVANO – em lágrimas

04 junho 2009

Coisa de Gordo - 431


431 – SOPAS NO BUFÊ
Sim, o frio chegou e como que num ritual obrigatório, fomos às alturas da Serra Gaúcha. Para não enjoar das mesmas caras e locais, desta vez fomos a NOVA PETRÓPOLIS. Esta bela cidade de colonização alemã faz parte daquela pequena constelação de municípios dedicados a brilharem no turismo. Associam todas elas algumas coisas, umas mais outras menos. Tais coisas são:
- o frio
- o alto da serra
- a colonização alemã
- o turismo
- o chocolate
No meu singelo modo de ver essa constelação é formada pela estrela principal, Gramado, rodeada das outras estrelas que são Nova Petrópolis, Canela e São Francisco de Paula.
Canela não é alemã, mas aprendeu rapidinho a enfeitar as calçadas e fazer chocolate.
São Francisco é portuguesa, motivo pelo qual, de todas as citadas, é a mais atrasada. Mas mesmo assim tem seu charme, sua localização. Deixa o chocolate de lado por um tempo para se dedicar ao pinhão.
Os caras são tão cruéis que cercaram Gramado de pedágios. Para se chegar a Gramado, seja de que lado for você terá que pagar pedágio. E pedágio caro. Algo em torno de 5 ou 6 reais o automóvel.
Pois bem, eram momentos de frio aqueles que degustávamos em Nova Petrópolis. Tempos atrás, as pessoas falavam alemão por detrás dos balcões de Nova Petrópolis. A pessoa se sentia um estrangeiro na cidade. Agora eles estão mais cuidadosos, falam português entre si. Para não nos intimidar. Acho que isso foi planejado, turisticamente falando.
Com o cair da noite, tínhamos que jantar e escolhemos o acolhedor CAFÉ & CIA. É um local aprazível, situado na calçada de passeio de Nova Petrópolis. Naquele alegre ir e vir que a gente faz nessas cidades, inevitavelmente se passa por esse lugar. Fica na Avenida 15 de Novembro, 1727, telefone (54) 32811101.
Na noite que lá estivemos eles serviram um Bufê de Sopas. Pode-se pedir a sopa à la carte, mas a tentação do bufê é enorme. E melhor! São oferecidas quatro possibilidades de Sopas. Tem aquela que é sempre mais procurada, mais pedida, mais fantasiada, ou seja, a Sopa de Capeletti. Todo mundo se serve dela. E estava deliciosa. Quente. Sedutora. Acolhedora.
Passo seguinte, prova-se a Sopa da Vovó. É uma deliciosa sopa caseira, que de fato parece ser daquelas que a Vovó fazia á beira do fogão à lenha. Deliciosa.
Terceiro passo, vem a Sopa de Feijão. Diferente, encorpada, bem temperada. Uma experiência que deve ser vivenciada. Com um pãozinho então...
A seguir vinham mais duas que não consegui provar mas que igualmente receberam elogios, a Sopa de Ervilhas e a Sopa de Legumes.
Enfim, uma bela e “caliente” noite. O ambiente é dos mais agradáveis e aconchegantes e a conta é leve, leve. O preço do Bufê é em torno de 11,00 reais por pessoa. É pegar ou largar!
Noutras horas do dia, entre tantas delícias que oferece, os caras vendem um Apfelstrudel de matar de bom. Então já sabe, se organize e aproveite.
Silvano – aquecido à beira das panelas


04/06/2009