25 setembro 2009

OPS !!

Oi, você que veio aqui em busca de cultura inútil, bobagens, gostosuras e outras inutilidades...saiba que me mudei, migrei. A partir de agora estou aqui ó:

http://wp.clicrbs.com.br/coisadegordo/

E aguardando os seus olhos!
Silvano - ainda por cima itinerante

18 setembro 2009

Coisa de Gordo - 446


446 – TUDO TEM UM FIM
Pronto. Chegou a hora. Eis o momento. É agora! Já tinha conversado com você sobre uma migração que eu faria com meu blog para outro portal. É chegado o momento.
Após alguns anos postando aqui no BLOGGER, fui convidado por um amigo, o Totonho, a freqüentar outras paragens.
O endereço deste blog mudará a partir da próxima semana. Para acessá-lo, você terá que digitar outro comando.
Parece mentira, mas a partir da próxima semana estarei devidamente hospedado no CLICRBS, o portal do grupo editorial da Rede Brasil Sul de Comunicações. Ali estão a ZERO HORA e os outros jornais, a RÁDIO GAÚCHA e as outras rádios, a RBS TV e outros canais. E ali, perdido entre isso tudo, estarei eu. Eu e você que me lê.
Acessando o CLICRBS você visualiza à esquerda toda uma barra de atalhos num quadro azul-marinho. O primeiro é “Aeroportos”, o segundo é “Anonymus Gourmet”, depois vem “Atlântida FM” e então em quarto lugar está um que diz BLOGS. É nesse aí!
Clicando ali abre-se um enorme cardápio de possibilidades, inúmeros blogs, algo em torno trezentos blogs. Tem o David Coimbra, a Célia Ribeiro, o Blog Colorado, o Blog da Bicharada, o do Paulo Sant’anna, o do Patrola e outros mais.
A partir da semana que vem, portanto, ali, no meio dessa gente toda, estarei eu.
Ao deixar o BLOGGER para trás fica toda uma nostalgia, uma boa lembrança, um prazer no convívio. As postagens, os contos, as fotos, os comentários...tudo isso me emociona ainda hoje.
Conversando com o Totonho, ele me sugeriu e alertou para uma coisa. Coisa que eu gostei. Ele lembrou que tem uma gama de textos desconhecidos de novos possíveis leitores que vão acessar ali no ClicRbs. E que alguns poderiam eventualmente voltar à baila, para ilustrar o tema do blog.
Assim, além da postagem semanal, de algum comentário de filmes, livros, vou inaugurar uma sessão ABRINDO O BAÚ ou algo assim. E aí, de vez em quando, postarei coisas dos antigos. Mas sempre avisando que já foi publicado.
Para quem quiser, o blog no Blogger permanecerá ativo, permitindo o acesso a qualquer texto. Apenas não será mais regado com novidades, com o texto da semana, com as bobagens atualizadas.
As coisas novas estarão brotando a partir de então, no endereço novo.
“Parte, e se ao virar a extrema curva do caminho
Vires esbatida com carinho,
A extrema alvura dos cabelos meus....
Irás pensando pelo teu caminho,
Que essa pobre cabeça de velhinho,
É um lenço branco que te diz adeus...”
Certo, certo, a poesia do Guilherme de Almeida não é bem assim, dei uma ajustada. E nem sou velhinho e nem tenha uma alvura de cabelos sobre a cabeça. Mas deu vontade de viajar...
Então fica esse convite, essa quase convocação.
Tô mudando de casa!
Vamos junto comigo?
Nos vemos lá.
Silvano – o impossível


QUER LEMBRAR A POESIA CERTINHA?
Trata-se do Soneto XXI do Guilherme de Almeida.

Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.

E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
"Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: "Que é feito dela?"

Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;

irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!

AGUARDE QUE LOGO DIVULGAREI O NOVO LINK
Basta uns ajustezinhos finais. Tá chegando...tá chegando...

18/09/2009

13 setembro 2009

Os Farrapos...


Você pensa que sabe tudo sobre a Revolução Farroupilha? Leia no blog do Professor Jerri uma opinião ALGO DIFERENTE sobre esse assunto.

Silvano


Leitor manda foto de cidade irmã de Brasília


11 setembro 2009

Coisa de Gordo - 445


445 – AVENIDA HUGUINHO
Tem cada coisa por aí... Essa história de colocar nome em ruas e praças é de fato estranha. Nessa onda de escândalos que a família Sarney tem proporcionado, veio a público que lá no Maranhão tem praça Sarney, avenida Sarney, biblioteca Sarney e outras tantas coisas escabrosas.
Cada cidade regula a regra disso e até onde me lembro, a capital gaúcha estabeleceu uma regra através da qual só se pode dar nome de alguém a um logradouro público se essa pessoa já tiver morrido. Pelo jeito os Sarney não levariam nome de rua em Porto Alegre.
Em tempos idos, eu estranhava uma coisa. Na subida do cemitério, em Porto Alegre, tem aquela bela avenida, a Oscar Pereira. E eu estranhava isso pois na faculdade de medicina tinha aulas de parasitologia com o Oscar Pereira. Como pode? O cara ainda não morreu... Tempos depois elucidei o mistério. Na verdade o nome da tal avenida era em homenagem ao pai do meu professor, de nome igualmente Oscar. Ah, bom!
O que leva uma cidade a dar nome de alguém a uma rua, uma praça?
Certo, comecemos pelos heróis históricos. Toda cidade gaúcha tem ruas e avenidas chamadas Borges de Medeiros, Protásio Alves, Flores da Cunha e Bento Gonçalves.
Depois tem os motivos religiosos. Assim, toda cidade tem ruas e avenidas chamadas Santo Antônio, Espírito Santo, Nossa Senhora do sei lá eu o quê, e outras entidades. Parêntesis aqui. Sempre encontrei escolas, ruas e igrejas aludindo às dores e lágrimas da Maria, aquela que vem de ser a mãe de Jesus. Eram Nossas Senhoras das Dores, das Lágrimas, dos Abandonados, dos Miseráveis, etc. Pois na cidade de Lages, em Santa Catarina, o Hospital e a Igreja se chamam Nossa Senhora dos Prazeres. Isso mesmo, prazeres. Ah, então a vida da Maria também teve lá suas amenidades. Esses lageanos...Fecho parêntesis.
Depois vem os ídolos esportivos nacionais. Tem as avenidas Ayrton Senna, o ginásio Tesourinha (em Porto Alegre) , o estádio Manoel Garrincha, assim por diante.
Nos tempos em que o Felipão ganhou a Copa do Mundo na campanha do Penta, até aqui em Santo Antônio quiseram torná-lo cidadão patrulhense. Um vereador tratou de conceder-lhe o título de Cidadão Honorário. Me perguntei na época: - O que será que o Felipão fez pela cidade, especificamente? Nada!
Em meio a esse cenário, fiquei admirado com uma coisa presenciada no litoral gaúcho. Estava eu de plantão num Posto de Saúde na praia do Imbé, litoral norte gaúcho, quando li na ficha do paciente que ele residia na Avenida Huguinho. O quê? – pensei. Huguinho? Mas que raio de nome é esse?
Mais tarde comentei aquilo com a moça que fazia as fichas e ela me explicou que havia uma série de ruas e avenidas na Praia de Albatroz, que faz parte do município do Imbé, com nomes assim. Curioso fui perscrutar um mapa da cidade e para minha surpresa lá estavam as tais ruas e avenidas.
Num ato de completa falta de nomes, num momento de completa ausência de homenageados, os munícipes decidiram homenagear ali, alguns personagens de Histórias de Quadrinhos. E outros similares.
Saindo da beira-mar, em paralelo, temos as avenidas Professor Pardal, Tio Patinhas, Disney e Clarabela. Continuamos com Donald, Zé Carioca, Mônica (OPS) e Professor Gavião. Coloquei a interjeição ali, pois a Mônica está perdida em meio à turma da Disney, incluindo o próprio.
Aí chegamos à avenida central litorânea, a Paraguassu.
Continuando para dentro do continente, temos agora Lobão, Peter Pan (outro alienígena), Pernalonga (opa, de novo, agora misturaram tudo), Ludwig (quem é esse mesmo?), Mickey, Margarida e Pinóquio (ueba, outro escorregão).
Finalmente, temos as avenidas Luizinho, Huguinho e Zezinho.
A Huguinho foi a que deu origem a este texto.
O que será que o Huguinho fez por esse município, para ser homenageado? Que benefícios o Luizinho trouxe àquela praia? O quanto a qualidade de vida daqueles veranistas e moradores melhorou com as ações da Margarida? E o Pinóquio, o Lobão, o Peter Pan, minha gente!! O que terão feito em prol do Imbé?
Resumindo, colocaram o nome do Disney (boa!) e de várias de suas criações.
A Mônica (do Maurício de Souza) está ali avulsa. Mas também já pensou numa avenida Cebolinha ou Cascão?
Entram então dois personagens de clássico infantil, o Peter Pan e o Pinóquio, e um de Desenhos Animados, o Pernalonga.
Mas afinal, com todos os diabos, quem é o Ludwig? O James deve saber, o James deve de fato saber.
Se você acha que eu estou inventando, confira as fotos que tirei do mapa da cidade.
Como diz o povo nas ruas....eu morro e não vejo tudo. É brincadeira....
Silvano – mas que cara implicante



COMO SE NÃO BASTASSEM TODAS...
...as roubalheiras e escândalos, o Sarney, a Yeda, o Detran, O Lair Ferst, a Dilma e todas essas coisas nojentas mais...a Câmara de Deputados aprova o aumento do número de vereadores país afora! Vergonhoso, escandaloso, nauseabundo. Com o nosso dinheiro. E não venham me dizer que a verba foi reduzida, que isso eles resolvem ligeirinho, ligeirinho. Em meio à roubalheira nacional instituída, eles aprontam mais essa e nós nos calaremos! E na próxima eleição...os elegeremos de novo!



11/09/2009

O FEIRA DA FRUTA....


...seguiu a tradição da Banca 40 do Mercado Público de Porto Alegre. Famoso por servir sucos de frutas, saladas saldáveis, etc, rendeu-se ao prazer de servir um copão de salada de frutas com uma baita bola de sorvete. Delicioso.
Silvano

04 setembro 2009

Coisa de Gordo - 444


444 – QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? Às vezes a gente duvida da premiação do Oscar, achando que os caras foram muito políticos, ou sacanas, coisas assim. Quando saiu a última premiação dando a este filme QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO como o vencedor, tive essa sensação. Essa academia....estão querendo abrir espaço dentro do mercado cinematográfico gigantesco dos indianos. Isso na época eu pensei.
Até que fomos ver o filme no DVD. Impressionante.
Já nas primeiras tomadas o diretor já diz a que vem. Lança o espectador num vaivém temporal, narrando a história em três tempos distintos.
Por força disso, a trama do filme que já é bem conhecida mostra um rapaz que participa de uma espécie de Show do Milhão ( do Silvio Santos), um programa televisivo onde ele vai respondendo perguntas e passando de fazes, dirigindo-se ao prêmio máximo em dinheiro.
Diante de nossos olhos são mostradas então três histórias, cada uma no seu tempo. Numa delas, vemos a infância sofrida do rapaz, Jamal Malik, nas favelas e periferias urbanas de Mombai. Ou qualquer outra grande metrópole indiana.
Se você quer saber um pouco da índia, conhecer suas tradições, seu povo, sua cultura, não se prenda apenas nessa novelinha das oito que a Globo exibe. Vá um pouco mais adiante. Mergulhe em imagens mais marcantes, mais profundas, mais tristes e fortes. Veja esse filme.
Faço um paralelo com a nossa brasilidade e imagino que um estrangeiro poderia dizer a mesma coisa do Brasil, alegando que quem quisesse conhecer este país não deveria ver o SE EU FOSSE VOCÊ com o Tony Ramos, mas deveria isso sim ver o TROPA DE ELITE. Pode ser....pode ser... seria uma troca justa.
O relato do filme vencedor do Oscar remonta à infância de Jamal Malik, desde o momento em que ele passa a ser uma espécie de “menor abandonado”. Na verdade ele é um abandonado do destino. Todas as adversidades lhe sobrevirão. O guri anda e tropeça, anda e é derrubado, anda de novo e é atropelado. E não obstante isso, mantém sempre uma confiança impressionante no futuro. Levanta a cabeça e vai em frente. Para cair de novo. Não bastassem as agruras do meio circundante, vez que outra ele ainda tem que lidar com a traição de pessoas próximas.
E o relato é envolvente, o vaivém do tempo é ágil e prende o espectador. Assim, sem ter ido a escola, sem ter tido família, o nosso herói acaba encontrando algumas das respostas às perguntas que lhe são feitas no tal Show de TV justamente na sua trajetória de vida. É engraçado que por vezes, ao escutar a pergunta, ele esboça um sorriso de estupefação, uma quase alegria, por lembrar de alguma coisa do passado que o vai salva naquela hora.
A expressividade desse ator que faz o Jamal é emocionante. O nome dele é Dev Patel e em cenas mais fortes ele sequer precisa falar, apenas suas feições dão a dramaticidade da cena. Aula de interpretação.
O ator infantil que o representa também é muito bom, o nome é um pouquinho mais complicado, o guri se chama Ayush Mahesh Khedekar.
A fotografia do filme é linda, e isso você já saberá nos primeiros cinco segundos de exibição. A índia tem suas cores fortes e dramáticas e isso foi bem, na verdade, muito bem retratado nas imagens desse instigante filme.
Filmaço. Nota: DEZ!
Vá correndo até a locadora.
Silvano – o impossível


FICHA TÉCNICA
título original:Slumdog Millionaire
gênero:Drama
duração:02 hs 00 min
ano de lançamento:2008
site oficial:http://www.quemquerserummilionario.com.br/
direção: Danny Boyle
roteiro:Simon Beaufoy, baseado em livro de Vikas Swarup
fotografia:Anthony Dod Mantle



LIVRO, LIVRO, LIVRO..(lá vem ele)..
Não tem como não comentar o lançamento do livro FAMÍLIA FRENTE & VERSO aqui na cidade de Santo Antônio. Foi na noite de ontem, no Espaço Cultural Qorpo Santo. Meu co-autor, Jerri Almeida, veio da cidade de Osório com a esposa para o evento. No momento inicial, fizemos uma palestra ao público presente, versando sobre o tema do livro. O público carinhoso nos prestigiou e fez valer a pena. No momento seguinte fomos para a sala Gecy Luz, onde fizemos a noite de autógrafos. Emocionante! Não pensei que viesse a passar por isso em minha vida. A gente semeia tão pouco, dá migalhas às pessoas no nosso dia-a-dia e então na hora da colheita essas mesmas pessoas nos dão coisas tão mais fortes e belas que dá vontade de chorar. Lindo, emocionante. Sendo pouco original, diria a todos que nos foram prestigiar....SEM PALAVRAS!


DEPOIS DO EVENTO...
...fomos até um “point” novo aqui da cidade para festejar. O nome do lugar é MEIA, MEIA, DOIS. Lá comemos uma coisinha tão deliciosa, mas tão deliciosa....só que isso é assunto prá outra postagem. Aguarde, portanto, porque...(citando o Anonymous Goumet)...VOLTAREMOS!


04/09/2009

28 agosto 2009

Coisa de Gordo - 443



443 – FAMÍLIA – frente & verso
Já tinha plantado uma árvore. Várias, aliás. Já tinha tido filhos. Não, não foram vários. Faltava-me o livro. Em que pese seja um escrevinhador de antanhos, faltava-me o livro. Ano passado conversávamos eu e meu amigo JERRI acerca da publicação de livros. Eram meados de outubro, tempo de Feira do Livro de Porto Alegre. Após uma breve combinação, assumimos um compromisso, selamos um pacto. Faríamos um livro para estar na próxima Feira do Livro. Nos demos um ano de prazo. Conseguiríamos? Conseguimos!
Na verdade isso nasce um pouco antes. O Jerri é professor e historiador e já percorre o caminho das letras impressas faz mais tempo. Aqui nesse espaço já comentei um livro dele, o DESAFIO DA FELICIDADE, tem ainda o HERÓIS DE PAPEL e o FILOSOFIA DA CONVIVÊNCIA. O homenzinho é um ativo escritor, portanto. Em tempos mais antigos ainda ele já me desafiara a que escrevêssemos um livro a quatro mãos, achei o tema proposto meio soturno, a conversa se perdeu no esquecimento.
Passaram-se os anos e estávamos juntos, eu e ele, na cidade de Triunfo, interior gaúcho, para fazer um trabalho espírita naquela região. O tema do encontro era FAMÍLIA e lá nos fomos num domingo chuvoso. Não chegamos a combinar muitos detalhes, mas o trabalho dividir-se-ia em duas partes. Na primeira, o Jerri falaria dos aspectos sociais, históricos e filosóficos da instituição Família. Na segunda parte eu falaria das coisas práticas, dos relacionamentos, dos embates entre pais e filhos. O resultado do trabalho foi bem interessante, o público que nos prestigiou participou bastante, foi uma coisa bem gratificante. Ao sairmos dali comentamos que isso daria um livro! E foi aí que nos demos o tal prazo aquele que comentei no início do texto. Começamos a redigir, eu escrevia um capítulo e mandava para ele por email, no dia seguinte ele me respondia, sugeria coisas aqui e ali. Os dias e semanas foram se passando.
Organizamos uma espécie de esqueleto do futuro livro, a ordem e os títulos de cada capítulo. E principalmente quem escreveria o quê. A coisa foi crescendo, tomando forma. Aí tivemos que envolver uma terceira pessoa. Uma amiga, minha, Caroline, diagramadora de primeira ordem, artista dos teclados e coisas gráfico-digitais, foi chamada a dar sua contribuição. Ela faria a diagramação, a capa, o projeto gráfico enfim. Começaram os testes, as sugestões, mais emails cruzando a rede mundial, a coisa foi afunilando. Os capítulos estavam prontos, o projeto gráfico também, era hora de buscar uma editora. Seguindo o caminho mais óbvio a nos dois, eu e o Jerri levamos o projeto para a Livraria e Editora Francisco Spinelli, a editora da FERGS (Federação Espírita do RGS). Após os passos burocráticos, os registros, as correções, eis que no dia inicial do Congresso Espírita Estadual o livro chegou às nossas mãos.
Foi uma coisa emocionante, quase indescritível. Após todo o ano de idéias, conversas, buscas, ver se materializar o nosso livro. Está no mercado, portanto, esse nosso singelo livro. O primeiro ponto de lançamento foi esse do congresso em Porto Alegre, dia 22 de agosto (foto aqui ao lado), onde recebemos o carinho e o afeto de muita gente. Os próximos passos vem a seguir. No dia 03 de setembro, quinta-feira próxima, haverá aqui em Santo Antônio um evento com a Palestra de abertura seguida da noite de autógrafos. Mais momentos de emoção e carinho se aproximam, portanto.
Estamos em festa. Tenho distribuído convites por toda a cidade nesses últimos dias. Para mim é uma coisa tão inusitada, impensável, pego o livro com as mãos, vejo nossos nomes na capa, parece um sonho. Um sonho que se realizou.

Cumprindo o prazo que nos houvéramos dado, na Feira do Livro de Porto Alegre de 2009 teremos nossa "tarde de autógrafos" provavelmente na tarde do sábado 14 de novembro, às 17:30h. Marque na sua agenda!
Talvez você esteja surpreso, imaginando que o primeiro livro seria sobre esse nosso COISA DE GORDO. Fique tranqüilo, esse já está sendo mentalizado. Um dia virá. Mas esse que agora divulgo é o primeiro.
Silvano – o impossível, tornando as coisas possíveis


ONDE VOCÊ VAI COMPRAR O SEU?
Nas melhores casas do ramo (resposta padrão). Principalmente na Livraria da FERGS. Acesse http://www.fergs.org.br/ e vá em livraria. E por fim, se quiser, me mande email pedindo o livro que mediante o depósito do valor, lhe envio por correio.


28/08//2009

21 agosto 2009

Coisa de Gordo - 442


442 – Eram anos longínquos aqueles. No país, imperava a ditadura militar e não se sabia que o filho do presidente da República tivesse enriquecido subitamente. O Sarney já existia, caro(a) leitor(a), e já tinha por hábito apropriar-se do alheio. A diferença é que o presidente não o defendia com unhas e dentes.
Em nível estadual, não terei muitos detalhes na lembrança, posto que morava fora daqui, mas sei que eram anos de domínio do Internacional sobre seu rival Grêmio, os campeonatos estaduais vinham sendo ganhos pelo time colorado. Faltava um ano para a Copa do Mundo da Alemanha, estávamos, portanto, em 1973. Sei, sei , algum leitor por certo nem havia nascido.
Havia casos de corrupção aqui no Estado, isso é óbvio, mas nem de longe se aproximavam desse enorme rolo do Detran, da casa da governadora, eram casinhos quase que amadorísticos que não alteravam a ordem natural das coisas.
Morávamos na cidade de Castro, interior do Paraná, perto de Ponta Grossa.
Era e creio que ainda é uma pequena comunidade interiorana. Lembro de detalhes inusitados. O telefone de nossa casa tinha TRÊS dígitos e o aparelho de telefone não tinha números. A gente apenas levantava o telefone do gancho e uma telefonista atendia, solicitando o número. Isso significa que em toda a cidade havia no máximo mil telefones. Por aí você já pode ir compondo o cenário.
Nos fins de semana caminhávamos com nosso Pai até os arredores da cidade, brincando com nossa cachorra ADA, pastora alemã, que corria pelos campos verdes daquele entorno. Havia trilhos de trem cruzando a periferia, e o movimento era intenso. Certa feita passava uma composição puxada por duas locomotivas e empurrada por uma terceira, e nunca esquecerei do número de vagões. Ficamos parados ao lado dos trilhos, esperando para poder atravessar, e contei 42 vagões de carga! Imagino que devam haver composições maiores e mais possantes do que essa, mas na minha cabeça infantil aquilo foi quase que um trauma, um referencial de tamanho. Sempre tive esse número como um paradigma de valor, vida afora. Nas nossas caminhadas, pairava no ar um cheiro de café torrado, pois havia por perto uma espécie de torrefação, uma pequena fábrica, imagino eu, onde se fazia café em pó.
Estudava eu no Colégio São José, um colégio de freiras, e cursava a quarta série do primário.
Dentro de minha pequena inocência, entre uma fatia de pão com manteiga e outra, eu era aluno dedicado aos estudos, tanto que jamais houvera causado problema aos meus pais nesse sentido.
Nesse contexto todo, aconteceu algo que me acompanharia vida afora.
Vim fazendo o primeiro bimestre normalmente até que vieram as primeiras notas. Meu boletim veio reluzente, cheio de notas 9,0 e 10,0. Mas fiquei estarrecido ao ver uma coisa. Na matéria de Educação Moral e Cívica veio uma nota 6,0 !! Além do choque pela nota em si, descobri outra coisa. Por causa daquela nota, eu não fazia jus a uma estrela dourada que era dada como prêmio aos alunos que tivessem apenas notas boas. Ali, logo abaixo das notas, a estrela dourada era aposta e servia como estímulo aos que a conquistavam e castigo aos que dela se afastavam.
Fui interrogar a freira que dava a matéria acerca daquela nota e também saber da estrela. Ela me explicou isso que coloquei até aqui e disse-me que eu apenas fora brindando com aquele 6,0 por não ter entregue um determinado trabalho. Achei estranho aquilo, não era de fazer tais coisas, mas naquele tempo não se discutia com professor e muito menos ainda se fosse uma freira. Por quase nada a gente era jogado no fogo do inferno. Muito mansamente, ponderei com a tal freira se não havia nada que eu fizesse para recuperar aquela nota e ela então disse que bastava fazer o trabalho.
Aliviado, fui para casa e me pus a executar o trabalho. No dia seguinte, certo de que aumentaria minha nota e mais certo ainda de que obteria minha estrela, estava com o trabalho em mãos e pronto para ser entregue. Entreguei a ela e esperei os dias seguintes. Nada mudou. Fui perguntar-lhe o que estava havendo e então ela me disse que a nota não mudaria, já tinha sido dada, que elas não voltavam atrás, que eu NÃO TERIA MINHA ESTRELA, cacete! Mas que gordinho chato – ela deve ter pensado!
A freira mentira para mim! Me enganara. Me fizera redigir todo um trabalho, depositara em meu pequenino coração a esperança de ver luzir uma estrela em meu horizonte, mas sabendo o tempo todo que a nota não mudaria e a estrela não viria. Ela conseguiu matar ali, no alvorecer de meus dez anos, a primeira de muitas ilusões que viriam a morrer a partir dali.
Esse episódio gravou em meu imaginário uma mensagem negativa e por vezes errada: - Freiras mentem! Carreguei isso pela minha vida afora: Freiras mentem! O que foi uma completa distorção.
Lá mesmo naquele colégio tive a chance de fazer outras descobertas sobre irmãs católicas. A diretora da escola era um trator , uma freira chamada Irmã Nelsa (pronunciavam NEUSA) Pellanda. Era um mulher dura, cruel, vi saírem de seus olhos faíscas de ódio que nunca mais vi pela minha vida afora. E, no entanto, tinha a Irmã Apoline, nossa professora de português, que me ensinou a conjugar verbos como mais ninguém o fez, ensinamentos que trago até hoje. Era uma pessoa calma, serena, pacífica. Tinha a Irmã Angelita, que nos dava aula da Religião, e que igualmente era um doce de pessoa, exemplo de conduta para qualquer pessoa. Enfim, as pobres irmãs apenas refletiam o que se via do lado de fora dos conventos. Eram uma fração da comunidade, com elementos bons e ruins. Nem anjos. Nem demônios.
O episódio da estrela no boletim me alertou para a vida que ali se ensaiava, o mundo real. Pela estrada afora, eventualmente me deparei com promessas não cumpridas, com malícia, com malevolência. E sempre me reportei ao episódio do boletim, pensando intimanente: - Eu já passei por isso, eu já sabia que podia ser assim.
Para fechar o relato, nos bimestres seguintes obtive as tais estrelas sem dificuldade. Veja na foto ao lado a aparência delas. Mas perceba ali ao lado delas, aquele vazio, aquela mácula, aquela ausência estelar. Parece que essa me ensinou mais e reluziu mais com o passar dos anos. Média final de aprovação: 9,2 ! Mas bah, guri véio! Que notão!
Silvano – nostálgico

CLIQUE NA IMAGEM..
e perceba os detalhes do boletim, as notas, lá embaixo as assinaturas de duas freiras, uma boa e outra ruim. E examine as estrelas...ah, as estrelas...
21/08/2009