25 setembro 2008

Coisa de Gordo - 395



395 – QUE BARULHO É ESSE?
Mistérios da meia-noite. Ou do meio da manhã. Quem primeiro escutou foi a Sra Kátia. Eram batidas, pancadas, um som seco contra uma parede. Ou um vidro. O que seria aquilo?
De um dia para o outro, ela relatou-me que escutava umas pancadas, um som que ainda não conseguia definir. No início não dei muita importância. Deve ser a dilatação dos materiais. A mudança de estação. Sei lá. Mas ela insistiu que era algo estranho.
Noutro dia, ao amanhecer, o ruído voltou. E desta vez eu também o escutei. Batidas, pancadas, um som seco de algo batendo contra outro algo. Mas de onde vinha aquilo?
Perambulei rapidamente pelos recantos da casa, mas sempre que me aproximava o ruído cessava. O mistério continuava. O que era aquilo?
Lembrei dos primórdios do Espiritismo, quando as Irmãs Fox deram vazão a uma torrente de manifestações físicas em seu pequeno barraco. Eram pancadas, ruídos, aparentemente sem uma causa aparente. E deu no que deu. Sacudi a cabeça por ter relacionado as duas coisas. Mas o mistério persistia.
Horas se passaram, já houvera vasculhado o derredor da casa, a vizinhança, o Google Earth e nada.
Novamente a Sra Kátia veio trazer luzes sobre o mistério. Após uma breve análise do caso, após curtas comparações entre coisas e troços, por fim ela matou a charada. Não, não eram almas de outro mundo. Não era a dilatação dos materiais diante do sol. Sequer eram ruídos dos vizinhos. Tudo estava na ação de um, apenas um, passarinho.
Acostumada a cuidar das coisas do pátio, ela familiarizou-se com um Sabiá que freqüentemente aterrissa por ali. Era antes um pequeno pássaro, com o passar das semanas e por se alimentar de minhocas e formigas que nossa casa lhe fornece, o pequeno ser alado foi ficando não apenas grande, mas de fato um pouco gordo. Sim, ela já houvera me chamado a atenção para aquele Sabiá, inclusive se referira a ele como “o nosso Sabiá”. Engraçado que o bicho não sabia disso. Ela voa o dia todo livre pelas redondezas, e numa certa hora da manhã aterrissa em nosso pátio para o lanche da manhã. Pois essa assiduidade fez dele o “nosso Sabiá”.
Pois justamente este singelo animal é o causador dos ruídos. Numa certa hora da manhã, o sol faz um certo ângulo com uma de nossas janelas, tornando o vidro dela um perfeito espelho. Justamente nesta hora o bicho vem comer por ali. Ao ver-se no reflexo do vidro, ele julga estar diante de outro Sabiá, o que é inadmissível para o seu domínio territorial. Assim, ele senta num galho próximo, enxerga-se no vidro e, diariamente, parte para o ataque. A si mesmo!
Imagino ele voando lá pelo alto, curtindo o amanhecer, a movimentação da cidade. Aí ele vem dar uma curingada no meu pátio, mas como o sol ainda não se posicionou ele não enxerga nada. Meio da manhã chegando, ele volta ao seu terreiro e dá de cara com aquele “intruso”. A partir daí ele fica enlouquecido e investindo contra o vidro. Que bicho burro. Bom de visão, mas burro.
Enfim, desfez-se o mistério. Pela perspicácia da Sra Kátia que desvendou o segredo.
Nossa casa não estava sendo alvo de manifestações transdimensionais. Não era alvo de meteoros intergalácticos. Sequer era uma estação de recepção de Código Morse. Tudo, tudo aquilo era obra de um Sabiá. Um gordo Sabiá. Que insiste em investir contra o nosso vidro. Água mole em pedra dura... Cadê o vidraceiro que tava por aqui??..
Silvano – o impossível




IMAGEM DO BICHO
Ei-lo em pleno ataque. Terei que ver um psicólogo para esse Sabiá. Ele anda muito auto-destrutivo. Tendências suicidas.. quem sabe uma fluoxetina ao entardecer...











OUTRA IMAGEM DO BICHO
Perceba que ele está meio gordo, seu IMC deve estar acima de 30.


25/09/2008

Dica de Filme


DICA DE FILME: NOSSO AMOR DO PASSADO
Já comentei aqui neste espaço que de vez em quando é bom a gente ver um filme (cinema ou DVD) em que não haja tiros, explosões, carros voando sobre lanchas e tecnologia de animação digital. É bom lembrar que com sentimentos também de faz cinema. E dos bons. Os europeus que o digam. Vimos na SKY, mas acredito que também esteja nas locadoras. O filme se chama NOSSO AMOR DO PASSADO e traz na verdade o diálogo de duas pessoas sofridas. O filme começa, um vem falar com o outro, a conversa começa e quando a gente se dá conta já passou meia-hora de filme e eles continuam conversando. E prendendo a nossa atenção. Com o avançar do filme, sentimentos afloram e feridas sangram. Lá pelas tantas...uma revelação impressionante. Assim como é impressionante a atuação dos dois protagonistas. Eles estão perfeitos em seus papéis. Esta atriz Helena Bonham Carter é deslumbrante! Vale o filme, vale o tempo, vale o divertimento e acima de tudo vale a lição de arte. O único efeito especial deste filme é remexer com os nossos sentimentos. Imperdível. Nota: 9,5!
Silvano

FICHA TÉCNICA
Título no Brasil: Nosso Amor do Passado
Título Original: Conversations with Other Women
País de Origem: Inglaterra / EUA
Tempo de Duração: 84 minutos
Ano de Lançamento: 2005
Direção: Hans Canosa
ELENCO
Aaron Eckhart .... Homem
Helena Bonham Carter .... Mulher
Brian Geraghty .... Noivo
Brianna Brown .... Noiva
Thomas Lennon .... Cara filmando

22 setembro 2008

Conto curto de Fim-de-Inverno


Os passos rápidos escadaria abaixo prenunciavam que alguma coisa iria acontecer. Ele segurou-se firmemente ao travesseiro, escondendo o rosto contra a fronha. Como se aquilo o protegesse do que estava por vir. Forçaram inicialmente a porta. Depois, a janela. Seu pequeno coração acelerou ainda mais. O cara ia conseguir entrar! E ele estava sozinho. Indefeso. Esperando pelo pior. Ouviu um barulho de vidro quebrando. O cara tinha entrado pela janela. Passos secos pela sala. Até que a mão o tocou no ombro.
- Agora é a tua vez, neném! – disse a voz aterradora!
Por segundos ainda vislumbrou sua cadeira de rodas, pedaço de seu corpo, ali ao lado da cama. O cara arrancou o travesseiro de suas mãos retorcidas e o comprimiu contra o seu rosto, aos gritos de: - Morre, aleijado filho-da-puta! Na próxima vez que for testemunhar contra mim lembra que tudo tem volta.
Obediente, ele morreu!

Silvano - 19/09/2008

Conto curto de Início de Primavera


- Me dá uma lambidinha no teu sorvete? – disse a voz fininha, assim do nada.
O homem estranhou aquilo ali, em meio ao parque, naquela hora da tarde. O que faria aquela menina ali sozinha? Onde estaria sua mãe, seu pai, alguém? No entorno não havia ninguém que parecesse conhecer a menina.
- Quem está te cuidando, guria? Com quem tu veio aqui?
A vozinha insistiu: - Moço...me dá uma lambidinha no teu sorvete... Eu vou chamar o Tadeu.
Mas que situação maluca. De onde tinha saído aquela criança, meu Deus?
- Isso, guriazinha, chama esse Tadeu logo. Chama ele aqui, por favor.
A pancada forte na cabeça acabou por derrubá-lo, mal ele viu o brutamontes se aproximando de skate por trás. Agora ali jazia ele, cabeça ensangüentada, o cara esvaziando seus bolsos. E por suprema ironia, o sorvete ainda na mão. Voltou a vozinha:
- Moço, agora que o Tadeu já pegou o que ele queria...me dá uma lambidinha no teu sorvete?

Silvano - 19/09/2008

Dica de DVD


DICA DE DVD: HOMEM DE FERRO
Sim, eu sei que a gente já está de saco cheio desses filmes de super-heróis, começamos com o Batman, Homem-Aranha, Super-Homem, passamos pelo Quarteto Fantástico e pecamos no Incrível Hulk. Mas cabe indicar este filme por uma série de eventos convergentes. O principal deles é o ROTEIRO bem amarrado. Este roteiro é que dá veracidade a tudo que se vê na tela (ou na TV). Na versão dos quadrinhos (de Stan Lee – sempre ele), o herói surgia na Guerra do Vietnã. Neste filme a coisa foi atualizada e a transformação se dá em pleno Iraque. Ou será no Afeganistão? Bom, é no mundo bélico árabe da atualidade. Um milionário é seqüestrado e, a partir disso, cria uma roupa especial, um traje com super-poderes, para combater o mal. As cenas são belas, críveis, impressionantes. Confirmando a tendência de sua carreira, o ator Robert Downey Jr abrilhanta este filme. Após isso por certo ele cai em overdose de drogas de novo, num contínuo sobe-desce. Mas neste filme ele está na ascendente. Tem também o Jeff Bridges, a Gwineth Paltrow e como curiosidade o próprio Stan Lee numa pontinha.
Vale a pena tirar na locadora. Diversão garantida! Nota: 9,0!
Silvano – enferrujado

FICHA TÉCNICA
Título Original: Iron Man
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 126 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Direção: Jon Favreau

Elenco
Robert Downey JR ( Tony Stark – Homem de Ferro)
Terrence Howard ( Cel Jim Rhodes)
Jeff Bridges (Obadiah Stane – Monge de Ferro)
Gwineth Paltrow (Virginia Pots)

18 setembro 2008

Coisa de Gordo - 394




394 – DOS CÉUS PARA AS TAÇAS
Por indicação de amigos, fomos levados a um doce passeio pelo interior aqui de Santo Antônio. Já havíamos escutado algumas coisas, já tínhamos conversado sobre isso, mas ainda não experimentáramos o sabor.
Para dirimir este pequeno suspense inicial, parto da história curta de uma pessoa. O nome dele é ZOLIN. Nessas fotos aqui ao lado é aquele de vermelho e com avental estilizado. O homem era piloto de avião na Varig, aposentou-se e foi em busca de diversificar sua atividade. Numa propriedade localizada no interior de Santo Antônio, localidade chamada Evaristo, ele ergueu uma Vinícola e passou a produzir seu próprio vinho. Da marca ZOLIN, é óbvio.
A partir disso, eventualmente a gente cruzava com o tal empreendedor. Numa exposição em um Supermercado. Num estande de Festas Regionais. A gente passeando, e lá estava o Zolin expondo, divulgando, vendendo seu vinho. O qual ainda não prováramos.






Para divulgar sua marca, seu produto, o Zolin passou então a organizar jantares lá na Vinícola. Jantares para casais. Em grupos pequenos, coisa de vinte e poucas pessoas, o povo local começou a visitar a Vinícola, nessas jantas onde se paga um valor fechado, come-se livremente e bebe-se o vinho do cara à vontade. Para a nossa pequena cidade isso foi um achado. Algo diferente. Algo inusitado.
Numa noite dessas, lá fomos conhecer.
Partindo da zona urbana da cidade, andam-se 13 km em estrada de chão, estrada boa, dá para carros comuns. A gente sai da cidade e vai em direção ao Monjolo. Vira à direita e segue em direção ao Evaristo, a tal localidade onde a coisa está. No folder que recebemos quando da aquisição do Ingresso, há toda uma seqüência de referências. Passa duas pontes, entra à direita. Numa encruzilhada há uma placa indicando a Vinícola. Passa então por uma Igreja Adventista à direita, depois um Cemitério à esquerda, mais uma ponte e ...ufa, chega-se ao alvo!





O prédio é todo novo, erigido dentro das normas sanitárias vigentes, paredes azulejadas, limpeza total. O dono obteve ainda licença junto à FEPAM e ao IBAMA. A produção de vinho se dá a partir de uvas ali mesmo plantadas e colhidas. E também a partir de uvas nobres da Serra Gaúcha.
A partir disso ele fabrica quatro vinhos, assim descritos no folder.
Um SUAVE, elaborado com uvas americanas Bordô e Isabel, selecionadas no próprio vinhedo. Você sabe que vinho suave não é a minha praia! Mas para quem gosta, tem este.
Um TINTO SECO, elaborado com as mesmas uvas citadas no anterior.
Um BORDÔ, vinho tinto de mesa, encorpado, de cor rubi, elaborado com uvas americanas e Bordô e uma pequena percentagem de uvas americanas Isabel, selecionadas no próprio vinhedo.
Por fim, um CABERNET SAUVIGNON, vinho tinto fino, encorpado, de cor rubi, com um leve sabor de frutas vermelhas silvestres e um toque sutil de carvalho, elaborado com uvas selecionadas da Serra Gaúcha.




Este Cabernet Sauvignon ficou de fora do preço do jantar, não estava para consumo livre. Quem o quisesse beber pagava por fora. Mas valia a pena. Se valia!
Ah, sim já ia esquecendo. O prato da noite era SALMÃO NA BRASA, acompanhado de Arroz, Batata Suíça e Saladas. Janta deliciosa! Saborosa. E que se prestou muito bem a nos acolher ali na Vinícola, naquela fria noite de inverno. Não é restaurante. Não é lancheria. Trata-se de uma Vinícola divulgando sua produção. Quem vai até lá vai imbuído deste espírito.
Vale o delicioso passeio pelo interior de Santo Antônio (sempre belo), vale o encontro, as pessoas. E vale sobretudo conhecer este belo empreendimento ali incrustado.


Fomos à noite, já citei que foi um jantar. Fiquei com vontade de voltar de dia. Para mais fotos. Mais passeio. Mais campo, natureza. Mais vinho e queijo. Enfim, para quem veio dos céus da Varig, um mergulho em taças saborosas vale como uma lição de vida.
Silvano – o impossível




CONTATOS COM O HOMEM?
O site está em construção, portanto por aqui ainda não dá. Mas para quem quiser falar direto com o produtor, tem o celular (51) 99994494. O e-mail que está no folder é vinicolazolin@gmail.com


18/09/2008

11 setembro 2008

Coisa de Gordo - 393


393 – VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?
O tema da fome é uma coisa muito maluca. A gente ouve todo dia pelo menos umas dez ou vinte vezes a palavra FOME, seja de nossa própria boca, antes do almoço, seja das pessoas ao redor, seja do casal do Jornal Nacional. Se tivéssemos que selecionar as cinqüenta palavras com as quais passamos o dia, por certo a fome estaria lá pelo alto da lista.
Fome na Etiópia, Programa Fome Zero, fome de votos, o termo preenche os minutos da TV e do Rádio. A palavra ficou até vulgar. Banalizamos o seu uso. No futebol? Fome de gols.
No meu dia-a-dia profissional, as mães me repetem em cantilena que seus filhos não têm fome! Amigo(a), se elas permitissem que a criança tivesse fome...
Isso me lembra certa criança que tive a chance de atender, tempos atrás, cuja mãe me pranteava exatamente isso. “Ela não come, ela não quer nada, a gente tem que ficar oferecendo coisas o tempo todo” e por aí afora. Mães são assim. E em seu relato minucioso ela me contou que a cada vinte ou trinta minutos ela assediava a criança com um prato de mingau, ou uma gelatina, ou uma bolacha, ou sei lá eu o quê! Na hora do sono, ela traiçoeiramente socava uma mamadeira na criança a cada três horas. Pensei um pouco e disse a ela que a pobre criança nunca tivera a sensação de fome em toda sua curta vida de dois anos. Que ela, a mãe, nunca permitira que aquela área do cérebro que dá o aviso, o alerta da fome, fosse irrigada por sangue. Que a filha dela tinha uma espécie de deficiência cerebral, tendo em vista a total vigilância alimentar que a própria mãe exercia. E finalizei pedindo que ela desse uma folga para a coitada da criança, para que, pela primeira vez na vida, ela pudesse ter s sensação de fome! Os olhos aterrorizados daquela mãe me perscrutaram de cima a baixo, ela silenciou, a consulta terminou e ambas se foram. Para nunca mais voltar. A verdade assim colocada, por vezes fere ouvidos mais sensíveis.
Trago esse tema para uma pontinha de filosofia. Dia desses, horas adiantadas, algo me impediu de seguir a rotina tradicional de acordar, banho, café, pasta de dente, trabalho, almoço...blá..blá..blá. E eis que lá pelas tantas senti essa estranha sensação. Sim, amigo(a), falo dela, aquela que a citada criança nunca tivera! Para admiração minha...eu estava com FOME!!! Gente do céu... – pensei de mim para mim mesmo – então fome é assim. Tinha até me esquecido! No meu específico caso, havia uma mescla de um pequeno mal-estar abdominal, com um centésimo de enjôo, um milésimo de irritabilidade e sim, eu estava com fome!
Percebi, diante do acima exposto, que na rotina em que vivemos acabamos da mesma forma impedindo que a fome apareça. A gente trabalha duas ou três horas e dá um tapa numa bolachinha. O relógio bate meio-dia e a gente não pára para ver se tem fome. O horário apertado nos faz ir até o bufê, a lanchonete, ir até em casa e simplesmente almoçar. Sem fome. Três da tarde, uma fruta ou um suco. E assim por diante o dia se passa, sendo a nossa fome mitigada com coisinhas aqui e ali. Ter de novo sentido uma real sensação de fome me fez lembrar da tal mãe da tal criança. Claro que não nos socamos coisas o tempo todo. Mas eventualmente abrimos mão de sentir fome. Não há tempo para isso.
A fome tem lá suas vantagens. Anos passados, éramos crianças na cidade de Santiago-RS. Os tios se reuniram, tomaram de uns filhos e fomos todos a uma pescaria. Você, que vive no mundo moderno de hoje não deve saber o que é isso, uma pescaria. Era um antigo ritual social, um hobby para alguns, aonde se ia até uma lagoa, um rio, ou ao mar para se tentar capturar alguns seres que naquela época viviam dentro da água. Os peixes. A gente fazia um fogo, um café para passar o tempo, botava as linhas na água e esperava o tempo passar. Pois bem, tínhamos ido pescar, já estávamos de volta, fim da tarde, e então a caminhonete atolou. Ou estragou. Ou sei lá. Algo nos impediu de prosseguir viagem motorizados. Os adultos começaram a se organizar, quem é que vai buscar um trator aqui por perto.. Ah, sim, eram tempos em que não havia telefone celular. Nós crianças, os primos, fomos orientados a ir seguindo a pé, pelo meio do campo, a noite já começava a aparecer. Em grupo de quatro ou cinco primos, fomos voltando para a cidade em meio ao escuro da noite. Aí nos bateu uma fome. Não uma fome qualquer, mas aquela fome de quando se volta de um passeio estafante. De quando se está sujo, embarrado, cansado. Esta fome é mais forte. Andávamos e lamentávamos o ocorrido até que passamos por uma lavoura de milho. Os pés verdes, as espigas mal e mal apontando, aquilo nos pareceu apetitoso. Invadimos a lavoura e aqui e ali, pegamos aquelas espiguinhas de milho bem pequenas, moles, fáceis de mastigar. E, acredite, aquilo comido ali, na escuridão, no fim daquele dia, foi um banquete dos deuses. Graças a quê? Graças à FOME! Até hoje, sempre que como essas saladas onde colocam essas mini-espigas de milho em conserva, sou remetido àquela cena rural. Sim a fome tem mesmo suas vantagens. Tornar delicioso qualquer prato comido.
Uma hora dessas experimente isso. Pode ser num fim-de-semana. Permita-se sentir fome. Você vai dar risada de ter ficado tanto tempo sem sentir tal sensação.
Silvano – o impossível


MEA CULPA
Andei contando aqui uma história na qual eu houvera sido FURTADO em minha própria casa, relatando que uma mulher trouxera sua filha para consultar e num momento de descuido meu ela pegara minha máquina fotográfica. Volto ao tema para fazer uma MEA CULPA. Dia desses, andando de carro, meu guri foi juntar algo no chão do carro e - SURPRESA!! - lá estava a máquina fotográfica! Para espanto geral, a máquina tinha voltado! O guri me disse que devia estar num compartimento do carro que eu até este dia desconhecia existir. Uma fresta sob o banco traseiro. E que a máquina sempre estivera ali! Resumindo: - a mulher não me furtou nada! Eu sou um bocoió! E concorro ao troféu BOCA ABERTA 2008. O que a idade faz com a gente...


LEITOR MANDA DICA DE FILME
Indiferença - Será que existe alguém inocente? Será que somos realmente pobres vitimas das injustiças políticas e sociais? Falamos mal dos políticos, e com razão podemos acrescentar, mas, o que fazemos para melhorar a situação do nosso país? Enchemos o peito, e bradamos em alto e bom som toda espécie de criticas contra aquilo que temos certeza que é errado. Como se isso apaziguasse nossas consciências, pois de verdade, que ações concretas praticamos para realmente mudar alguma coisa? Nem mesmo contra nossos próprios e menores defeitos nos dignamos a lutar com afinco... Ou seja, não fazemos o bem nem a nós mesmos.
Olhando o filme “Lions for Lambs” (Leões e cordeiros) refletimos sobre os interessantes diálogos entre um senador e uma repórter, um professor e um aluno, onde vemos claramente os interesses de cada um.
Dentre as cenas do filme, podemos observar a realidade do que realmente move as atitudes ditas “nobres” de alguns políticos e, por outro lado, o que realmente leva os jornais a publicarem esta ou aquela noticia: Interesse pessoal.
Seja em dinheiro, seja em poder. Infelizmente, é isto que realmente move cada uma das atitudes de todo ser humano, não só dos políticos. De outro lado vemos um aluno brilhante cheio de ideais, com pontos de vista muito interessantes, que não aceita as injustiças, mas ao mesmo tempo, não faz nada.
Na nossa simplória concepção o que vale é nossa paz de consciência. Mas será nossa consciência está mesmo em paz? Nos disse T. Roosevelt: “Se eu tiver que escolher entre a paz e a justiça, eu escolho a justiça”. O que ele quis dizer com isso? Poderia haver paz sem justiça?
O que podemos concluir é que a indiferença, veja bem, não estou dizendo o pior, mas com certeza é o maior mal de toda a humanidade.
Lembrando um grande ensinamento do maior sábio que a humanidade já conheceu, Jesus: “Quando deixamos de fazer o bem que podemos, estamos fazendo um mal”.
JOY – do litoral norte gaúcho, matando a pau


Ficha Técnica

Título Original: Lions for Lambs
Gênero: Drama
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Direção: Robert Redford

Robert Redford (Dr. Stephen Malley)
Meryl Streep (Janine Roth)
Tom Cruise (Senador Jasper Irving)
Peter Berg (Wirey Pink)
Michael Peña (Ernest)


11/09/2008

06 setembro 2008

Coisa de Gordo - 392


392 – UMA ARQUITETA NA FAMÍLIA
Você que lê esta blog nas quintas-feiras, há de estar admirado, já é noite de sábado, quase domingo e o texto da semana ainda não apareceu. Estive alegremente ocupado. Para minha mais completa alegria, Laura, minha “guria” mais velha se formou em Arquitetura, curso concluído na Universidade Federal do RGS.
Essa coisa de formatura enseja uma série de coisas na vida de qualquer um. Há uma verdadeira bagunça na vida da pessoa, é uma fase de transição. E agora, cair no mercado ou fazer doutorado, casar ou comprar aquela bicicleta?
Nesses tempos em que o acesso à Universidade Federal se dá em nome da cor da pele da pessoa, no fato de ser ela descendente de índios ou não, a “guria” entrou na Universidade pela porta da frente, sem favorzinho de governo qualquer. E agora, passados esses rápidos anos, eis que está no mercado, de Diploma na mão.
Por força disso, estivemos envolvidos na Festa de Formatura, da qual só agora retorno. Serei sempre suspeito para falar disso, mas a formanda estava linda e o resto da família também. Nas semanas que antecederam o evento, a sra Kátia se desdobrou em preparativos, o salão, a música, o cardápio, os garçons, o fotógrafo, os seguranças, o mestre-de-cerimônias, as cozinheiras, o chefe de eventos, entre tantas outras coisas mais.
Filosofávamos sobre isso, por esses tempos. Há várias festas no calendário da atualidade. Festa de casamento, de batizado, nas cidades do interior ainda há o debut, festas de aniversário, de quinze anos. Mas nenhuma festa é tão pessoal quanto a Formatura. Casar qualquer um casa, mas é uma coisa a dois. Fazer quinze anos, até a Dilma Russef já fez. Mas a Formatura é o coroamento, o resultado, a colheita de uma longa semeadura pessoal. Por mais assessorada que esteja a pessoa, formar-se será sempre uma conquista pessoal. “Eu consegui!” – pensa consigo o laureado.
Por isso depositamos tanta expectativa nesta festa em especial. Por julgá-la um marco de vida. Um divisor de águas. Um virar de página.
Acontece, portanto, que agora sou pai de uma arquiteta. Que coisa maluca.
Perceba que ao longo desses anos de blog (antes no site e agora aqui no blog) sempre mantive uma boa dose de discrição no que tange às coisas de casa. Evitei sempre colocar fotos e coisas de minha família no intento de protegê-los dessa gigantesca vitrine que é a internet. Provavelmente você nem sabia que tenho uma filha de nome Laura. Pois neste momento abro o coração para festejar aqui, de público, esta bela conquista.
Pai coruja é assim mesmo. Acaba que a euforia transborda e se esparrama pelo chão.
Que filha maravilhosa! Que conquista! E que Festa!
Os docinhos ali da foto? Há, estavam deliciosos. Com diploma e tudo.
Silvano – o coruja


SETE DE SETEMBRO
Puxa, já é o dia da Pátria. Passou da meia-noite. Tempos idos, por essas horas, tínhamos o Hino Nacional na ponta da língua e desfilávamos alegremente ao amanhecer. Mas de fato, eram tempos idos....



07/09/2008