29 janeiro 2009

Coisa de Gordo - 413


413 - MEU NOVO ANIVERSÁRIO
Sabe-se que a violência anda a galope, as estatísticas não escondem o que já se sabe. Vivemos num estado de guerra. Crimes bárbaros pululam, atrocidades são cometidas. Os desajustes sociais transbordam da taça da coletividade, causando dor e revolta nas vítimas dos crimes.
Antes éramos leitores. Agora passamos a estatística.
Madrugada de sábado para domingo, minutos após a meia-noite, ousamos sair de uma casa de familiar, Bairro Petrópolis, na capital gaúcha.
Um carrão prata passou devagarinho ao nosso lado, nos trancou a frente logo em seguida. Dele desceram quatro meliantes armados, prontos para o “abate”. Nessas horas não se pensa em nada, os segundos vão se sucedendo, tudo parece um filme. Apenas me concentrei em tirar minha guria do banco de trás do carro, simultaneamente ao ato de sair do carro perpetrado pela Sra Kátia.
Outra familiar nossa saíra junto conosco para, com sua filha, entrarem em seu carro que estava estacionado atrás do nosso, mesma calçada.
Pânico geral. Pavor, a morte desfilando por entre nós. Será que chegou nossa hora?
O fato de você estar lendo esta coluna atesta o final do evento. Ninguém se machucou fisicamente, restaram apenas o roubo do nosso carro, das bolsas, carteiras, documentos, a vida burocrática da gente se vai ali, numa fração de segundos.
Quantos não serão os leitores deste espaço que já enfrentaram a mesma situação? Provavelmente vários. Aliás, isto é fato. Com cada pessoa que converso, relatando o ocorrido, mais histórias escuto. De gente que foi levada junto com os bandidos, que foi espancada, que sofreu barbaramente nas mãos delinqüentes.
Passados os dias e as horas, a Polícia já encontrou nosso carro de volta, está lá na revisão, parece que tiraram apenas o rádio. Até o estepe deixaram.
Por onde terá andado o nosso carro nessas horas distantes de nós? A quantos assaltos terá ele testemunhado?
Temos perdidos nossos dias faltando ao trabalho para providenciar as segundas vias dos documentos. Engraçado isso. O Governo não nos dá segurança suficiente, nos deixa ser vítimas da violência e aí cobra para emitir as carteiras que nos tiraram.
Passado o susto, lembro do cano frio do revólver e começo a filosofar. E se aquela fosse a minha hora da partida? E se tivessem me matado. E se isso...e se aquilo? Tais devaneios fazem parte duma espécie de “síndrome pós-trauma”. A gente repensa tudo várias vezes.
Terei eu comido todos os churrascos que podia? Terei bebido todas as Cocas-light possíveis? E o que dizer das latas de Leite Moça....quantas ainda me faltam antes da morte?
Na crise atual de consumo em que vivemos, minha morte precoce (será?) abalaria o mercado gastronômico do sul do país. Os caras ficariam atarantados com a diminuição do consumo. O que terá acontecido? – eles se perguntariam. Por que está sobrando Picanha no açougue? Mal saberiam os analistas que a causa do abalo estaria ali, perdida no anonimato da capital gaúcha.
Pois bem, agora temos um novo aniversário, é no dia 25 de janeiro, dia em que nascemos de novo!
E você leitor? Que bela chance perdeu de se ver livre dessas colunas das quintas-feiras. Já pensou? Nunca mais cultura inútil. Chega de abobrinhas. Chega daquela implicância com o MST, com o PT, com os critérios perversos do Tarso Genro, chega disso tudo. O blog COISA DE GORDO silenciaria para nunca mais falar.
Blog fala? Pensei que escrevesse...Anyway....
Por precaução, tratarei de deixar minha senha de acesso para alguém aqui de casa para que esta pessoa faça a última postagem. Apesar de não ter muitos cabelos brancos (até porque os tenho em reduzido número), nesta última postagem deixaria um pedacinho de Guilherme de Almeida, dizendo...:

E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;

Irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz ADEUS!

E tenho dito.
Silvano – o impossível

29/01/2009

22 janeiro 2009

Coisa de Gordo - 412


412 – POUCA VERGONHA
Há certas empresas de comunicação no Brasil que viraram verdadeiros dinossauros, instituições grandes e mal conduzidas, e que acabam irritando o usuário. Você teria mais dez nomes, mas me deterei apenas em exemplos mais próximos. Vamos a eles:
REVISTA VEJA: sou assinante da Veja (ganhei de presente, aliás, presentaço). Me delicio lendo as matérias, as notícias, as novidades semanais. Chega o domingo e já começo a cuidar para ver se a revista já chegou. Tem a página do Millôr Fernandes, a coluna do Mainardi, a página quinzenal da Lya Luft e tantas outras coisas mais. Importante delinear aqui estes detalhes, para você saber que quem vai falar de Veja é uma pessoa que gosta dela. Pois bem. Minha mãe também é assinante da revista. Ano passado, ela estranhava que recebia dois números a cada entrega. Um dia lhe alertei: - Eles devem ter te vendido duas assinaturas. Na época ela não fez grande coisa, o ano passou. Este ano, lá vieram eles e, antes de fechar doze meses, já lançaram no cartão de crédito dela a renovação. Ano passando, lá pelas tantas ela passou a receber DE NOVO, dois números por entrega. Foi verificar e percebeu que os caras mais uma vez lhe estavam empurrando DUAS assinaturas. Desde então ela tenta falar, escrever, registrar sua indignação. Quer cancelar a segunda assinatura, quer reaver o dinheiro indevidamente cobrado. Mas não consegue! E aí você vai ler os editoriais, as páginas de opinião e se perde com tanta honestidade e retidão. Os autores criticam a truculência de quem usurpa a população, acham um descalabro o abuso contra idosos, mas e revista em que eles escrevem é a primeira e atentar contra o cidadão. Pouca vergonha.
REVISTA ISTO É: aí pensei em escrever a uma concorrente e denunciar a maracutaia. Vou relatar tudo para a Isto É! Ledo engano. Um ex-cunhado meu, assinante fundador da Isto É, cliente fiel da Editora Três desde o número um desta revista, foi alvejado pelo mesmo mal. Foi cobrado precocemente na renovação (isso todos fazem – canalhas, renovam após oito ou nove meses). E a seguir passou a ter debitada em seu cartão de crédito OUTRA assinatura. A partir daí ele gritou, telefonou, escreveu, protestou, falou com o Cartão de Crédito e nada! As mensalidades indevidas continuam saindo da fatura do seu cartão! O cara tá à beira de um ataque de nervos, não consegue interromper a roubalheira! E aí repete-se a cantilena. Os articulistas da Isto É escrevem matéria sobre honestidade, respeito e consideração. Hipocrisia! Canalhas igualmente. Putz – concluí – o concorrente também é do mal, não dá para denunciar.
JORNAL ZERO HORA: o mais qualificado e renomado jornal do sul do país. Leio prazerosamente a Zero Hora, sua qualidade é inominável. Ao tempo em que fui assinante, passei pela surpresa antes descrita, quiseram renovar antes de fechar o ano. Por uma série de maus atendimentos, desisti de ser assinante. Minha assinatura era debitada de minha conta bancária. Fui ao banco e pedi que bloqueassem a Zero Hora, que não mais autorizava os saques deles em minha conta. Ao que a funcionária do banco riu amarelo e sentenciou: - É melhor o senhor pedir isso para a Zero Hora, porque enquanto eles continuarem mandando a ordem, nós debitaremos o dinheiro de sua conta. Mas a conta é minha!! – protestei. Não adiantou. Assim, fiquei à mercê da boa vontade da Zero Hora. Até que ela parou de debitar.
Você pensa que é dono de sua conta bancária. Não é!
Você pensa que é dono do seu cartão de crédito. Não é!
Esses caras são uma máfia de exploradores. Reaja, Batman, reaja!
Minhas singelas sugestões:
a) para tais produtos, coisas que são eventualmente renovadas, JAMAIS forneça o número do seu cartão de crédito. Peça para pagar com Boleto Bancário! O vendedor vai tentar intimidá-lo, vai dizer que sai mais caro, mas conclua dizendo que ou é por boleto ou você não vai assinar.
b) o mesmo vale para o número de sua conta bancária.
c) passe a infernizar os colunistas da própria revista (ou jornal) com cartas e e-mails alertando sobre a falcatrua. Mande para um, para dois, para todos, repita, peça ajuda a eles. Talvez os caras encham o saco da sua cara e intercedam junto ao departamento comercial da revista onde escrevem.
Que mundo, esse em que vivemos! Chama o Barak!
Silvano – revoltado

22/01/2009

21 janeiro 2009

Leitor Comenta Filme


O Dia Em Que a Terra Parou (DQTP)
Há uma semana entrou em cartaz nacionalmente a refilmagem (remake) de um preto e branco homônimo, de 1951, dirigido por Robert Wise. Assisti este, junto com meu pai, entre os anos 60-70, e depois outras tantas. Até um VHS eu tenho gravado lá na casa da minha mãe, do lado da minha coleção de vinis. Ainda hoje, nas madrugadas, procuro no controle remoto, uma reprise.
Não vou dizer o que alguns entendidos dizem em relação a 2001, sobre divisor de águas ou a ficção científica antes e depois (o que eu discordo, falando de 2001 ).
DQTP inaugura um dos ramos da ficção científica, aquele que relaciona a Terra e os humanos com seres alienígenas iguais ou superiores com a perspectiva de um futuro melhor para a humanidade. Bebem dessa vertente: Contatos Imediatos do 3º. Grau, o Contato com Jodie Foster e toda a série Jornada Nas Estrelas e seus apêndices, entre outros. Lembro inclusive que Robert Wise, multi-oscarizado, com Noviça Rebelde, West Side Story, dirigiu o primeiro Star Trek para o cinema.
Os outros ramos da Ficção Científica, a saber, são os dos alienígenas belicosos e monstruosos, tais como a Guerra dos Mundos e seu remake, Aliens e Predadores, Tropas Estelares, etc.;
Tem o ramo do futuro apocalíptico com os seus Mad Max, WaterWorld, Planeta dos Macacos e etc; há aquele ramo dos sem vínculo nenhum com a Terra, em uma galáxia longínqua, como Star Wars, Duna.
E tem o ramo tecnológico, em que o enredo se baseia em aspectos científicos, aí entra a onipresente viagem no tempo, a invisibilidade, seres robóticos, criação de vida. Este ramo pode ser associado aos outros ou isolado, como no clássico Frankenstein, Eu o Robô, A Mosca, etc., etc..
Mas o DQTP original é maravilhoso, e a versão com o Keanu é bem boa para uma refilmagem, vide o recente fracasso, minha opinião, de a Guerra dos Mundos, da parceria Spielberg-Cruise. A atualização do tema, destruição da Terra pelo esgotamento versus a Guerra Fria e o holocausto nuclear é interessante; a permanente paranóia americana, antes, o comunismo e os espiões, agora, os terroristas, bem como a idéia de poder dominar e controlar tudo. As novidades boas são a adaptação do alienígena à condição humana e a muito bem bolada, e pelo que me lembro, inédita, capacidade de um ser vivo se conectar aos meios de transmissão de energia-comunicação. De mais fraco, o alienígena ser convencido apenas pela mocinha, Jennifer Conolly e seu enteado, Jaden Smith, filho do Will, enquanto no original, Klaatu, o “ET”, passava uma temporada no meio dos humanos, conhecendo as coisas mais comezinhas da humanidade.
Também a pequena participação de Jonh Cleese, como o cientista, enquanto Sam Jaffe (Gunga Dim, Ben-Hur) tem uma presença decisiva e marcante no clássico. Embora o primeiro tenha um certo aspecto místico, no segundo, esta nuance é fraquinha, com referências a dilúvio e arca, e a explícita “praga” destruidora.
Gostei do filme, Keanu está bem, lembrando Schwarzenegger em o Exterminador 2 e 1. Mas se puder, veja O Dia em Que a Terra Parou de 1951 se você gosta de cinema e o de 2008, que não irá se arrepender.
JAMES – de Porto Alegre

15 janeiro 2009

Fala EVA MENDES


"Não gosto da minha versão magrela. Quando ganho peso, ele vai diretamente para as partes mais interessantes do meu corpo."
Eva Mendes, atriz americana de origem cubana, na revista Elle de janeiro
Apoiado, Eva, apoiado.....
Silvano - mas que cara....

14 janeiro 2009

Coisa de Gordo - 411


411 – EU ODEIO MUSICAIS
Sim, eu odeio musicais, aqueles filmes em que, do nada, alguém pede um rolo de papel higiênico cantando uma ária em fá maior. A cultura americana idolatra este tipo de obra, principalmente no teatro e no cinema. Adoram, amam musicais. Eu acho um tédio.
Faço este preâmbulo para poder falar de um filme emocionante que assistimos no DVD. O nome: MAMMA MIA!
As pessoas que nasceram antes de 1970 conheceram um grupo musical chamado ABBA, verdadeiro ícone da idolatria musical. Os caras eram um grupo sueco, idolatrados na Austrália, amados no resto do mundo. Suas músicas embalaram as nossas infâncias – juventudes. Passam-se mais de trinta anos, as músicas deste grupo ainda tocam nos MP3, nos filmes, no imaginário da população mundial.
Ciente disso, alguém pensou em fazer um filme, um MUSICAL, onde seriam inseridas as principais músicas do ABBA. Imagine você, leitor(a), escrever um roteiro onde inseriria as músicas do Roberto Carlos. Ou do Paralamas do Sucesso. Pois é, os caras fizeram essa verdadeira homenagem, uma ode ao ABBA. Mais que merecida.
Passo seguinte, onde situar essa idéia maluca? Ora, onde fazer isso dar certo já na paisagem? Resposta: Ilhas Gregas. Pimba! Outro tiro certo!
Agora, um derradeiro detalhe: - quem vai estrelar esta idéia maluca? Quem em sã consciência aceitaria essa empreitada? Aí os caras fizeram o golaço do ano. Numa palavra: MERYL STREEP! Juntando atores convencionais, como essa magnífica estrela, o ex-007 Pierce Brosnan, o sempre britânico Colin Firth (o namorado da Bridget Jones), entre outros.
Pois bem, tudo pronto, vamos fazer o filme. A história é um roteirinho comum, de reencontros e desenlaces emocionantes. Uma mulher vai festejar o casamento de sua filha numa Ilha da Grécia e nem imagina que estarão presentes na boda seus três ex-namorados de juventude. Pronto, eis toda a história.
A partir daí a gente se encanta vendo essa gente a cantar e coreografar as coisas mais engraçadas. O pessoal ao redor não entendia, mas eu caía na gargalhada vendo esses medalhões cantando “Mamma Mia”, “Dancing Queen” e muitas músicas mais.
Derrubando um preconceito pessoal meu, tive que me render e permitir me emocionar vendo este filme. Não adiantei a cena em momento algum no controle remoto, pois me deliciei vendo a arte de todos os atores, mas principalmente dessa deusa da dramaturgia chamada Meryl Streep. A mulher encanta, alegra, canta como ninguém (!!!!), diz a que veio. E aí a gente começa a lembrar dela em filmes como “O Diabo Veste Prada” e quase não acredita se tratar da mesma pessoa. Lembrei dela como a judia sofrida na série de TV chamada Holocausto fazendo o papel de Inga Weiss ao lado do James Woods. Logo depois, a mãe dividida de “A Escolha de Sofia”. Linda em “Kramer versus Kramer”. Maravilhosa ao lado do Clint Eastwood em “As Pontes de Madison”. Meu Deus, são incontáveis as glórias desta diva da sétima arte!
Pois ela despe-se de toda a pompa e a circunstância para entrar de cabeça nesse papel, dando a ele uma força e uma dramaticidade impressionantes. Há um diálogo cantado quase ao final do filme em que ela canta para o Brosnan o clássico “The Winner Takes it All”, começando por dizer a ele.. “I don’t wanna talk...”, num cenário de uma escadaria de pedras, tendo por fundo o Mediterrâneo. Impossível conter as lágrimas. E ela dança nos tons e sobretons, chega ao limiar da afinação, parecendo que vai cair, mas segura-se com perfeição dentro da melodia, levando-a eloquentemente até o final!
Deusa! Divina! Soberba! Inigualável! Mito de mulher!
E dizer que ela passa o filme todo vestindo um macacão jeans, cabelos escorridos, pé no chão. Não importa, está mágica. Diáfana. Sagrada!
Abri o texto afirmando que odeio musicais. Continuo os odiando. Mas este filme é obrigatório a quem gosta de cinema, de arte, de interpretação, de emoção e, é claro, para quem é fã do ABBA (qualquer pessoa, como citei antes, nascida antes de 1970). Abra seu coração, vá à locadora buscar o DVD e emocione-se no embalo desta pequena obra de arte.
Imperdível.
Nota: 9,0
Silvano – you can dance...



14/01/2009

Leitor (Aldabe) manda tijolaço


Todos que me conhecem sabem que considero o tal de hamburger como uma das grandes abominações cometidas pela civilização ocidental. Tirante o gosto de gordura reciclada e, no caso do "xis", a mistura com aquela outra imundície chamada queijo Cheddar (um misto de provável derivado do leite bovino com corante amarelo-fezes e muito sal), sobra o pãozinho, uma lamentável massinha doce que só piora a sensaborona iguaria. Tem ainda alguns gourmets mais refinados que jogam por cima desse pútrido angu, mais uma refinada porcaria importada dos americanos, chamada catchup, resultando o todo numa mistureba repugnante a qualquer vertebrado que não tenha um estomago de abutre.
Bão: agora a revista médica Annals of Diagnostic Pathology publica um trabalho conduzido por patologistas da Laurel School e da Cleveland Clinic Foundation, em que os autores analisam, do ponto de vista anátomo-patológico, o bife de carne moída componente do repulsivo sanduíche de oito marcas diferentes:
Algumas conclusões:
1 - O conteúdo de água variou de 37,7 a 62,4% ( média de 49%);
2 - O conteúdo de carne (músculo) variou de 2,1 a 14,8% ( média de 12,1%);
3 - O restante do bolinho "de carne" constituiu-se de uma mistura de nervos periféricos, cartilagem, gordura, tecido conjuntivo, osso moído, vegetais variados e parasitas do gênero Sarcocystis.
ISSO, EM HAMBURGER AMERICANO - AGORA IMAGINEM O NOSSO, COM A FISCALIZAÇÃO TUPINIQUIM ........
Em conclusão: Em vez de gastarem seus preciosos reais enriquecendo o McDonald's, sigam o sábio conselho do Aparício Torelly, o nosso Barão do Itararé: "Coma merda: 200 bilhões de moscas não podem estar enganadas!!!"
Aldabe – de Porto Alegre - chutando o pau da barraca

*se alguém quiser ler o trabalho original, o Aldabe me enviou em PDF. Basta pedir que envio.
Silvano

08 janeiro 2009

Coisa de Gordo - 410


410 – BEM FEITO
Tem certas fantasias da gente que eventualmente a sétima arte realiza. Em minhas toscas falas nas conversas com amigos, vez que outra eu comentava que sempre imaginava uma situação maluca. Por que – dizia eu aos meus pobres ouvintes – nesses filmes de serial killer, o bandido não pega alguém pior que ele? Por que o estuprador não ataca uma campeã de karatê? Por que o pedófilo não ataca aquela menina Samara do filme “O Chamado”?
Pois é, com todas essas tolices eu enchia os ouvidos de amigos e pessoas próximas. Até que aconteceu...
Comecei a ver na SKY um filme que se iniciava. O nome: MENINA MÁ.COM .
Valendo-se de um elenco reduzido, mas apoiando-se num ótimo roteiro, o diretor David Slade dá aulas de prazer ao espectador. O enredo parece ser previsível, mas fica longe disso. Um cara adulto, maduro, fotógrafo, se aproxima furtivamente de uma menina de catorze anos através da internet, marca um encontro e o perigo começa.
O cara, pedófilo maldito, propõe irem até a casa dele para fazerem umas fotos. E a gente vai assistindo a começa a prever o cruel destino da menina. Mas aí a gente se dá conta: - Peraí, o nome do filme é Menina Má, essa guriazinha deve ter uma carta na manga. Amigo(a), ela tem um baralho!
A partir dum dado momento o jogo se inverte. O cara passa de caçador à caça, sendo confrontado com a frieza e a crueldade que ele, provavelmente, usava contra as meninas de quem abusava.
Num dado momento do embate, o cara em situação inferior, ele suplica à menina, oferecendo-lhe dinheiro para que ela termine tudo. A menina então devolve: - Você já ouviu isso de alguma de suas vítimas? O cara congela. Mas adiante ele, assustado, pede que ela não o machuque, não o mutile. Lá volta ela com a mesma lógica: - Você lembrou disso quando estava com as meninas?
Sensacional. Sei que soa meio vingativo, mas não se trata disso. É que a gente cansa de ver triunfar a bandidagem. Enfara-se de ver rirem os malvados. Observa os Dirceus e Jéfersons triunfarem sobre o povo comum.
Na esteira desse enfado, abro parêntesis para dizer que ao ver o último filme do Batman, cansado e nauseado de vê-lo perder TODAS as disputas, bradei “Van Damme” na sala. Era saudade de ver um mocinho ganhar alguma coisa. E o último Homem-morcego não ganhou nada! Apesar do Oscar que o ator vai ganhar. Mas voltemos ao filme em questão.
A atriz que faz o papel principal dá aulas de interpretação. Como conciliar o rostinho de uma menina de catorze anos com tanta astúcia e maldade? Como acomodar no mesmo rostinho o bem o mal? Pois Ellen Page faz isso com maestria. No site ADORO CINEMA, na parte das curiosidades, está escrito que os caras filmaram tudo em dezoito dias, um verdadeiro recorde. E a julgar pelo escasso elenco, imagina-se que o filme deve ter sido bem barato.
É aquilo que a gente por vezes comenta. Não é necessário explodir a galáxia para fazer um filme legal. Basta um roteiro bem escrito, atores aptos e um diretor capaz.
Tudo isso está reunido aqui neste filme. Não perca!
Nota: 9,0.
Silvano – vingativo


Ficha Técnica
Título Original: Hard Candy
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Site Oficial: http://hardcandymovie.com
Direção: David Slade
Roteiro: Brian Nelson


08/01/2009