29 abril 2008

Dica de Filme: INVASÃO DE DOMICÍLIO


Às vezes a gente tem uma surpresa na TV por assinatura. Zapeando nos canais, encontramos um belo e desconhecido filme. O nome é este aí em cima, Invasão de Domicílio. Reunindo um pequeno elenco, o diretor Anthony Minguella (o mesmo de O Paciente Inglês) fez um filme terno, instigante, sensível por demais. Encabeçando o elenco temos Jude Law e Juliette Binoche. Só por isso o filme já vale a pena. Reunir na mesma tela duas feras desse porte é algo notável. E o engraçado é que ela é mais velha do que o Jude Law. Lembro de filmes bem antigos onde esta bela atriz já brilhava, tempos em que o Law deveria ser criança. Mas tal diferença não se mostra abertamente, muito antes pelo contrário. Os dois fazem um par perfeito. Will (Jude Law) é um próspero arquiteto e tem sua empresa atacada por ladrões de computador. Uma gurizada invade a empresa e leva o notebook do cara. Indignado, ele segue um dos ladrões até sua casa, passando a conhecer a mãe dele, Amira (Juliette Binoche), uma refugiada bósnia na Inglaterra.
O que era para ser uma contenda policial, transforma-se rapidamente num embate de emoções. Quando Will enxerga Amira, é como se já a conhecesse, como se fossem destinados, a vida dele entra num turbilhão afetivo.
Com uma atuação impecável do Jude Law, incluindo um sotaque inglês bem característico, o filme vai crescendo a cada minuto transcorrido. E aí surge e mais uma vez se reafirma a linda Juliette Binoche, atriz que verte emoção em cada passo que dá diante do expectador. Linda, charmosa, atraente, misteriosa, mãe zelosa, a cada novo take ela diz a que veio e não decepciona a ninguém.
Não entendo como este filme não foi famoso, não concorreu a Oscar em nenhuma categoria, fomos vê-lo por acaso no HBO, numa noite de semana.
Imperdível. Filmaço. Nota: 10 !
Silvano – cinéfilo de meia tigela.

Ficha Técnica
Título Original: Breaking and Entering
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra): 2006
Direção: Anthony Minghella
Roteiro: Anthony Minghella


Elenco
Jude Law (Will)
Juliette Binoche (Amira)
Robin Wright Penn (Liv)
Martin Freeman (Sandy)
Ray Winstone (Bruno)
Vera Farmiga (Oana)
Rafi Gavron (Miro)

24 abril 2008

Coisa de Gordo - 373



373 – MERCADO DAS GASOSAS
Num exercício de volta ao passado, vivências da infância, já declarei aqui neste espaço meu apreço gustativo aos refrigerantes de POMELO. Para quem não lembra, o pomelo é uma fruta cítrica, algo entre uma laranja e uma lima, com um gosto amarguinho característico. Cito que é uma volta à infância pois só bebíamos o tal refrigerante em nossas idas à Rivera (Uruguai). Ao cruzarmos a fronteira de volta ao Brasil, deixávamos do lado de lá aquele sabor inigualável (amargo no fundo) por lá, para nunca mais provar.
Anos mais tarde, desta vez em território argentino, pude mais uma vez degustar o delicioso sabor do Paso de los Toros, um dos refrigerantes desta estirpe. E aí veio uma pergunta: - Por que não se vende isso no Brasil? Por que nunca lançaram isso por aqui? Num país que já teve Mountain Dew e Crush, não seria de admirar.
Dia desses cruzamos de novo a fronteira uruguaia e eu, em plena crise de abstinência, pedi um refri de pomelo. Passados anos e anos, pude sorver de novo esta maravilha. E aí fui defrontado com uma revelação. Deste vez o nome do refrigerante era Quatro, e trazia no pé da lata descartável aquela clássica inscrição: “Un producto de Coca-cola Company”.
Puxa!!.. – pensei eu – até isto é da Coca-cola. Mas se é da Coca, por que eles não lançam no Brasil? Conversamos na mesa e deduzimos que há coisas neste mercado que parecemos desconhecer. A mesma Coca-cola é dona do Guaraná Kuat, e nem por isso o lança nos países vizinhos. É como se houvessem nichos de mercado, reservas, regras obscuras que determinam o que vai ser bebido e aonde.
Sem laivos de novidade, mas até com certo enfado, fui depois perceber que o Paso de los Toros é propriedade da Pepsi Company. Que coisa, os caras são donos de tudo.


A mim, eterno admirador, só resta lamentar e tentar entender os meandros deste lúgubre e refrigerado mercado.
Há uma teoria mais simples. Alguém na mesa alertou que talvez os caras não tenham lançado isso no Brasil pois só haveria uma pessoa na fila de compra: - EU! De fato, não é uma bebida para muitos. Tem um gosto amargo incomparável, mas que é delicioso. Quem toma Campari talvez me entenda melhor. E veja que não gosto de Campari.
É um cítrico agradável, delicioso, saboroso, encorpado, de cor parda, um bege claro característico. Como demoro a voltar ao exterior, tratei de trazer um pequeno estoque, embalagens de 1,5litro na versão light. Trouxe dois fardos de seis garrafas. Estou bebendo com um conta-gota. Não sofro grande concorrência doméstica, posto que os paladares caseiros ainda estranhem tal sabor.
Se alguém for ao exterior, Uruguai, Argentina, Paraguai, já sabe o que me trazer de presente. Nada de quinquilharias e espelhos coloridos. Traga-me um fardo do Paso de los Toros, versão light, e eu, a exemplo da Branca de Neve, viverei feliz para sempre.
Silvano – com gosto amargo na boca


QUE PENA
Desde que o governo Fernando Henrique criou o Pecúlio Comunista, esta bolada de dinheiro que os supostos perseguidos da ditadura amealham do contribuinte, um carnaval foi começado. Às custas de nosso suor e trabalho. No dia que o Carlos Heitor Cony se declarou um perseguido da ditadura, parei de ler qualquer coisa escrita por ele (inclusive ele nem dorme mais por causa disso!). Achei ofensivo, achei um absurdo, uma pouca vergonha. Para desmazelo meu, li que o Ziraldo e o Jaguar, dois mitos do Pasquim, enveredaram pelo mesmo caminho. Vão ganhar uma boladinha de um milhão, e depois um salário vitalício entre cinco e dez mil reais por mês. Amigo(a), estou ficando sem referenciais. Como dizia o Cazuza, meus heróis estão morrendo de overdose. Overdose de pouca vergonha na cara! Que pena.


24/04/2008

16 abril 2008

Coisa de Gordo - 372


372 – INVASÃO DE PRIVACIDADE
Muito se tem falado desse traficante que está preso, o Juan Carlos Abadia. E no caso dele os juízes, seguindo uma tendência já consagrada, disponibilizam os bens do condenado ao deleite da sociedade. É uma filosofia bem interessante esta. Não entendo bem a lógica disso, mas acho ela mais do que justificável.
O que pensam os juízes? Quando eles prendem e condenam traficantes, logo que podem, colocam os bens dos bandidos a serviço da polícia. Ou da comunidade. Ou de hospitais, etc. Isso é inquestionável. Tidos como os verdadeiros cânceres da sociedade, nada mais justo que sejam os traficantes constrangidos a isso. Como que devolver à sociedade aquilo que dela roubaram. Compensar os estragos.
Quando digo que não entendo a lógica disso quero dizer que não apenas concordo com isso como gostaria que tal filosofia se espraiasse em outras situações. Por que não aplicar a mesma lógica com o Collor? Com o Maluf? Com o Lalau? Com esses caras do escândalo do Detran gaúcho? Mas não. Até o momento os juízes só aplicam tal expediente junto aos traficantes de drogas. Bom, já é um começo.
Resultado disso, certa vez na praia, em conversa com um delegado, ele me explicou que na delegacia dele havia um ou dois carros expropriados de traficantes. E que agora estavam a serviço da lei. Ontem a Globo mostrou toda orgulhosa um helicóptero que a polícia está usando no Nordeste e que era de um rei do tráfico.
O que isso tudo tem a ver com o título deste texto? A imprensa toda está badalando esse verdadeiro leilão que está sendo feito das coisas do traficante Abadia. O cara é um criminoso internacional. A exemplo do Ministro José Dirceu, fez cirurgia plástica para mudar de feições. Transgrediu, abusou, foi pego e agora amarga suas condenações. Décadas de cadeia para cá, transferências para lá, apreensão de bens, carros, lanchas e outras coisas mais, tudo isso vem acossando o tal Abadia.
Em meio a essa indesejada celebridade, talvez a pior punição que esteja ele sofrendo seja justamente este leilão. A justiça mandou colocar tudo que o cara tinha à venda, dos sapatos luxuosos às camisas de seda. Da meia preta à coleção de gravatas. Da cadeira de praia às bicicletas importadas.
E aí os noticiários se esbaldam em expor esta verdadeira gincana. O povão escolhendo os objetos, fazendo rancho de cuecas, montando balaio de meias e outras coisas mais. As pessoas transitam pela casa, experimentam as coisas, apalpam as camisas, esticam as meias, verificam as condições das cuecas, vasculham as panelas, as xícaras, as almofadas.
Esse verdadeiro circo montado em nome da justiça social, em que pese seja correto, reveste-se de uma grande violência. Violência contra a privacidade da pessoa.
Certo, certo - deve pensar o Abadia- apreendam o avião e as motos. Mas precisava fazer liquidação da coleção de tampinhas de refri? Precisava mexerem nos panos de prato? Nos álbuns fotográficos?
Imagine-se você numa situação dessas. O povão remexendo as suas coisas. A sua coleção de Playboy. O seu conjunto de panelas Tramontina. Sua caixa de maquiagens (no caso feminino). Os seus espetos de churrasco que você ganhou de sua esposa quando ainda eram solteiros. Sua caixa de tintas, com os potinhos e pincéis que você juntou durante toda uma vida. Aquele canivete meio enferrujado, mas que nunca o deixou na mão. Sua vara de pescar. A mala que você comprou naquele viagem a Portugal. Os cartões de Dia dos Pais e Dia das Mães que seus filhos sempre lhe deram e que você colecionava como jóia. Aquela xícara grande, lascadinha num cantinho, na qual você tomava chocolate quente. Enfim, toda sua intimidade ali, devassada. Já pensou?
Sou abertamente contra o uso, a venda, a distribuição, o tráfico e qualquer coisa que se relacione a DROGAS. Pau neles! Mas de todas as sanções aplicadas aos meliantes, essa de rifar a vida pessoal deles me parece a maior. E a pior. Parabéns ao judiciário. Que tortura!
Silvano – em nome do pudor


LISTA PARCIAL DOS OBJETOS DO CARA EM LEILÃO
(retirada da internet, página da Gazeta On Line)
Aspirador de pó
Caderno de culinária
Cooler da marca Budwiser
Fantasia de caveira
Geladeira HELLO KITTY
Mapa (no quadro)
Tapete de pele de vaca 2X3 e 1 cama de cachorro
Garrafas de bebidas alcoólicas diversas
Camisas pólos e camisetas adultos
Óculos de grife
Aparelhos de ar condicionado
Livros e 20 revistas
Banco de bar redondo branco com pé prateado
Bicicleta do super-homem
Bicicleta TREK DCLV CARBON 9.8 prata e azul
Bicicleta TREK MADONE 5.9 vermelha e preta
Cofre cinza
Guitarra
Home theater MX2600, 1 cifão e 2 caixas de lâmpadas pequenas
Itens Hello Kitty
Kit de pesca - PLANO
Par de patins
Pé de cabra
Televisão SONY 61" Wide Screen LCD
Televisão tubo 62"
TV 29" PHILLIPS - tela plana
Tv 42" lcd panasonic
Tv lcd 26"
Tv lcd 71" samsung
Tv lg 21"
Tv panasonic 29"
Tv phillips 34"
Tv samsung 42"
Tv sony 20"
Tvs LCD 42" PHILLIPS


DEU NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
O Governo Lula sacou 40.000,00 por dia! Os titulares de cartões corporativos do Governo Lula sacaram, em média, quase 40 mil reais por dia, em dinheiro vivo, de 2003 a 2007. No total, R$ 72,5 milhões foram sacados na boca do caixa em 1825 dias corridos


E VOCÊ AÍ TRABALHANDO E SE ESFALFANDO...
...enquanto os caras sacaram 40 mil reais por dia. Desde o início do governo! Antes que alguém diga que o Fernando Henrique fazia igual, lembro que o escândalo é o mesmo. Cadeia nessa esquerdagem toda. Com devolução do dinheiro ao contribuinte. Ou então, no mínimo, um leilão das cuecas do Silvinho.


17/04/2008

14 abril 2008

Leitor comenta minissérie da Globo



Nosso amigo e leitor JAMES manda instigante comentário sobre a minisséris QUERIDOS AMIGOS que acabou de passar na Globo. Muito legal! Valeu, James.

Silvano

Diz o James: Recentemente, foi exibida pela Rede Globo uma minissérie, Queridos Amigos, de Maria Adelaide Amaral, baseada em um livro seu e que tratava da reunião de amigos em torno de um que está para morrer. Tema recorrente em filmes americanos, no Brasil, soa como alguma novidade. É ambientada em 1989, na véspera de primeiro turno das eleições presidenciais, as primeiras depois da ditadura. A maioria do grupo é de militantes de esquerda, que lutaram contra a ditadura, sendo alguns exilados e outros, até torturados. Este é outro tema, ainda pouco recorrente na TV país, podendo ser rememorados a ótima minissérie Anos Rebeldes (1992, de Gilberto Braga), a novela Roda de Fogo (1986, de Lauro César Muniz), com Tarcísio Meira, Bruna Lombardi, Eva Vilma, cuja personagem era uma torturada pela repressão. Tem também aquele programa Linha Direta, com um episódio sobre o frei Tito (2006)... Mas mesmo assim, a TV brasileira pouco aborda esse assunto, ao contrário do cinema. Acredito que, com o tempo, deverá abordar ainda menos esse tema. E talvez, isso explique porque estou escrevendo essas linhas. Gostei da minissérie. Rever uma época muito importante na minha vida foi bom e muito emocionante. (Coincidentemente, 1989, foi nesse ano que conheci vossa senhoria, nosso primeiro ano da residência). A minissérie foi pouco comentada. Uma prévia no caderno de TV da Zero Hora, uma opinião sobre duas personagens feita pela Ministra Dilma e uma paulada da Veja. Esta, até dá para entender, afinal, mocinhos de esquerda... mas me fez pensar, o por que de o tema ser pouco explorado. Afinal, os perdedores e as minorias não são notícia, não são atraentes, não chama atenção. A História é escrita pelos vencedores. Aquele grupo que fez oposição ativa contra o regime militar era minoria e realmente nunca chegou ao poder. A própria minissérie mostra a expectativa da vitória da esquerda nas eleições de 89, mas até hoje, esta esquerda não conseguiu galgar ao poder em condições de transformar o país. Fernando Henrique, um exilado, pediu para esquecer o seu passado. Lula, preso pela ditadura, está abraçado nos próceres desta há cinco anos. Ouvir os discursos da minissérie fez me lembrar de mim mesmo. Nos anos de chumbo, eu era criança, mas ouvia os relatos, em casa, do meu pai, tios, primos, presos, cassados, torturados. Ouvia vidrado, achava que a luta armada, a revolução socialista, seria a solução para tudo. Ao entrar na faculdade, em 79, já em plena anistia, apesar das recomendações de casa para não meter em política, pelos perigos que representava, militei no movimento estudantil, fui dirigente do centro acadêmico, mas, aos poucos, fui oPTando por ser o que eu sou hoje e não político profissional. Estive muito perto de mudar para este outro rumo e fico pensando aonde eu estaria hoje... Não, eu não estaria no poder, eu não teria negado o que minha família tinha vivido, o que eu sempre defendi. Estaria num partido de esquerda, defendendo a revolução socialista pelo voto. Eu e uma minoria, que talvez nem tivesse votos. A minoria que sempre perdeu a disputa pelo poder neste país, e também, em todo o mundo. Uma minoria que sempre quis que a educação e saúde fossem iguais para todos, que isso seja um direito de todos, que isso fosse a base para que a pessoas se diferenciassem. As pessoas seriam diferentes depois de ter estudo e saúde, e não como hoje e sempre, em que as pessoas se diferenciam porque tiveram acesso à saúde e educação. E por pensar assim, nesse país, pessoas foram presas, torturadas e mortas. Muitos desses, hoje estão no poder, abraçados nos torturadores, tão corruptos quantos aqueles que sempre foram. Pensar num mundo melhor e igualitário é ser chamado de dinossauro, afinal isso é um menosprezo por parte de quem sempre foi contra isso, seja através de que meio for, pois esta maioria sempre esteve no poder, seja pelo voto censitário, pelo voto de cabresto, pelas ditaduras do estado novo e do regime militar, pela repressão e pela tortura, seja através poder econômico e a dominação sobre os meios de comunicação. Na minissérie, diferentemente do cinemão americano, a personagem que tinha sido vítima da tortura não procura vingança, a confrontação com seu torturador a apavora, só as lembranças a faz sofrer permanentemente, como é a realidade, vide o exemplo do frei Tito. No cinema, num enredo previsível, o torturado, depois de passar pelas maiores atrocidades possíveis, mata o torturador, com um único tiro ou numa grande explosão involuntária. Uma exceção é o filme da Sigourney Weaver, onde ela bate um monte em um Ben Kingsley amarrado, em um país latino qualquer (A morte e a donzela, 1994, de Roman Polanski). Na minissérie, o que temos é um desabafo candente da Fernanda Montenegro, mãe da torturada, ao algoz e um tapa na cara deste. Ao final, há uma denúncia pública dos fatos. Mas voltando ao mundo político, estes esquerdistas, não conseguiram e nem conseguirão mudar o mundo. São minoria, não enchem uma van, e só se unem quando estão na cadeia. Mas os sonhos, estes estão vivos, talvez apenas nos discursos. Nós seguimos frustrados com aqueles que chegam ao poder com seus falsos programas, ideologicamente de esquerda. As promessas eram ótimas, os resultados são pífios. Diminuiu a fome, diminuiu o desemprego, aumentou o consumo, talvez nunca tanto como agora. Lula talvez termine o seu governo como o melhor presidente de todos os tempos, mas a saúde, a educação nunca estiveram tão ruins. Eu queria que meus filhos fossem a pé para escola do bairro, que seria igual em qualidade a de outro bairro, onde tivessem professores capazes como os americanos, bem pagos como os suecos, respeitados como os mestres japoneses. Queria que eles fossem acompanhados em sua saúde no posto do bairro, tratados por profissionais como os professores da escola do bairro. Querer isso, com exemplos de países capitalistas e não o de algum país chamado de comunista, é apenas ser de esquerda. Mas quando neste país, os governos usaram os impostos para se ter educação e saúde. Bom, a assunto era a minissérie. Os mocinhos eram gente de verdade. Eles não venceram os vilões, não ganharam eleições, não ficaram ricos, passavam por mazelas comuns da vida afetiva e familiar. Alguns se perderam pelo caminho, alguns ainda sonham em silêncio por um mundo justo. Ver isso na TV, com o coração apertado, da vontade de gritar: No passarán!

10 abril 2008

Coisa de Gordo - 371


371 – HIPOCRISIA MUNDIAL
Tenho acompanhado pela imprensa esta confusão toda em torno dos Jogos Olímpicos na China, a briga com o Tibet e as confusões advindas disso. Os “chinas” devem estar se maldizendo: - Quem foi que deu esta idéia de fazer Olimpíada aqui, com todos os diabos?
O fato é que o conflito China x Tibet é antigo, estava esquecido da mídia e agora, em função dos jogos a coisa veio à baila de novo. Resultado disso, a famosa viagem da Tocha Olímpica mundo afora deixou de ser um momento de congraçamento entre os povos, para se transformar em dor de cabeça para os anfitriões da tocha. E para os chineses, é claro.
Do quase nada que entendo de História, percebo que ao longo dos tempos sempre foi assim. Impérios surgindo, crescendo, e engolindo territórios menores. A China é o verdadeiro bicho-papão da atualidade. O país mais populoso, o maior mercado consumidor, cuidado com eles, portanto. Ao quererem anexar o território do Tibet ao seu vasto império, os chineses apenas repetem o que sempre se fez. Ou já esquecemos do Napoleão Bonaparte?
Que fique claro neste ponto do texto, sou a favor da libertação do Tibet. Apenas fico intrigado com o silêncio da mídia em relação a atos imperialistas similares. Senão vejamos.
Você lembra do Havaí? Sim, aquele estado americano situado no meio do Oceano Pacífico. Vou até a Wikipédia onde leio o seguinte: O Havaí é um dos 50 Estados dos Estados Unidos da América. O Havaí localiza-se em um arquipélago no meio do Oceano Pacífico, podendo ser considerado o Estado americano mais isolado em relação ao resto do país. Sua capital e maior cidade, Honolulu, localiza-se a mais de 3,1 mil quilômetros de qualquer outro Estado americano. O arquipélago havaiano era povoado por polinésios, sendo que a região era governada por vários chefes polinésios locais, até 1810, quando Kamehameha I centralizou o governo do arquipélago, e instituiu uma monarquia. O Havaí é o único Estado americano cujos nativos utilizaram-se da monarquia como forma de governo. Em 1894, o arquipélago tornou-se uma república, e quatro anos depois, em 1898, foi invadido militarmente e anexado pelo império dos Estados Unidos, tornando-se um território norte-americano em 1900.
É disso que quero falar. Assim como os chineses, os americanos quiseram se espalhar, adentraram o oceano em três mil quilômetros e foram lá se apossar do Havaí. Está escrito. O território era habitado por polinésios, tinha seu Rei, sua história, seu povo, seu território. Aí vieram os americanos e comeram tudo. Por que, então, nas olimpíadas de Los Angeles não houve queixa disso? Por que o mundo não protestou contra os americanos? No Oceano Pacífico pode e na Ásia não pode? Eis aí a hipocrisia de todos nós.
Você lembra das Malvinas? Sim, aquele pequeno fim de mundo situado ali, na costa da Argentina. O que houve? Os ingleses foram lá e engoliram igualmente. Voltemos à Wikipédia: No século XVIII, em 1764, Louis Antoine de Bougainville fundou uma base naval em Port Louis (Malvinas Oriental). O francês chamou-a de Îles Malouines. Ignorando a presença francesa na ilha, em 1765, John Byron (Britânico) estabeleceu uma base em Egmont (Malvina Ocidental). Em 1766 a França vendeu sua base para a Espanha, que declara guerra à presença inglesa nas ilhas, mas a disputa se acalmou no ano seguinte, decidindo-se que a parte oriental seria controlada pela Espanha e a parte ocidental pelos britânicos.
A ilha permaneceu praticamente instável até o século XIX. A Argentina montou uma colônia penal nas ilhas em 1820, e em 1829 nomeou Luis Vernet governador da ilha para colonizá-la. O Reino Unido invadiu as ilhas em 1833, mas a Argentina manteve sua reivindicação. Essas tensões levaram a uma invasão argentina em 1982. O conflito ficou conhecido como a Guerra das Malvinas. Mais tarde as ilhas foram retomadas pelos britânicos.
Viu só? Também os britânicos deram das suas. Oprimiram, usurparam, invadiram, ignoraram direitos humanos. Jamais esquecerei da Dama de Ferro, a Margareth Tatcher (essa beldade aí da foto), primeira-ministra britânica, que no fim da guerra contra a Argentina sobrevoou as Malvinas num Caça britânico, para deleite de seu orgulho, de sua beligerância, de sua crueldade pessoal. E aí? Ninguém vai fazer protesto pela libertação das Malvinas?
Repito: - sou a favor da libertação do Tibet. Apenas me incomoda esta hipocrisia mundial. Se os outros podem, por que os chinas também não podem? Não consigo entender.
Silvano – só assim gordo fala de Olimpíada


10/04/2008

03 abril 2008

Coisa de Gordo - 370


370 – A COMIDA DA CRISE
Vez que outra conversava com a turma, em casa, acerca de um tipo de comida que consumíamos na infância. É um tipo de comida que eu denomino A COMIDA DA CRISE. Sim, os tempos eram outros, vivia-se em piores condições e, resultado disso, a comida era diferente.
Só para ilustrar isso deixei as crianças intrigadas, um dia, quando comentei que fui conhecer os frios, essa variedade de queijos e mortadelas que enriquecem nossas refeições, apenas no entrar da adolescência. Eles ficaram intrigados. Como é que pode? Pois podia. Comentei que em nossas infâncias o café da noite era mais simples. O que não quer dizer que se passasse fome, nada disso. Comia-se muito bem. Mas comiam-se menos coisas.
Lembro que se bebia leite quente, no bule, e que se fazia necessária a presença de uma coisa chamada coador. Ao se ferver o leite (naquele tempo se fervia o leite), surgia em sua superfície a nata, a gordura do leite que ninguém queria beber. Para tanto, o leite era despejado nas xícaras através do citado coador. Em algumas casas de avós, a nata recolhida era separada num pote, para depois virar manteiga ou então bolachinha de nata. Coisa que Avós sabiam fazer.
Ato contínuo, colocávamos Nescafé e açúcar, ou então Nescau e açúcar. Essa era a bebida. E para acompanhar comia-se pão d’água (de meio ou de quarto), devidamente fatiado e temperado apenas com margarina. Ou manteiga. Isso era o café da noite. Às vezes variava-se com uma geléia. E só.
Sentando olhos no almoço, recordo de uma série de recursos que nossa mãe usava para nos alimentar naqueles longínquos dias. O guisado. Num dia era guisado com batata. Noutro dia, guisado com milho. Dia seguinte, guisado com ervilha. A isso se somavam arroz e feijão e estava feito o banquete. Daqueles tempos.
Outro recurso era o suflê. Num dia suflê de milho verde. Noutro dia suflê de outro sabor. Gostoso e barato.
Comentei isso em casa dia desses, citei a expressão “Comida da Crise”, e brinquei com eles que ia fazer um Guisado com Batata para matar a saudade. Os ânimos se eriçaram, a curiosidade aumentou, fizemos o tal prato. A turma adorou e viciou. Temos repetido eventualmente. Hoje me dei ao luxo de deixar a água secar na panela e o guisado ficar com um setor de “queimadinhos”. Quase deu briga na hora da mesa. De tão bom que ficou!
Voltando mais uma geração no tempo, lembro de minha Avó materna tomando café preto engrossado com farinha de mandioca. Sabe que era gostoso? Um verdadeiro pirão. Mas era barato e gostoso. Eram tempos de pobreza, os da Vó, e imagino que este fosse um recurso considerável.
Eu e a sra Kátia temos em nossa trajetória matrimonial a “Semana do Ovo”. Recém-casados, o salário da residência ainda ia demorar uns dias, tomamos de uma ou duas dúzias de ovos e passamos a semana. Num dia ovo cozido, noutro dia ovo frito, no terceiro omelete, assim fomos respirando curto até o salário chegar.
Bom, já lancei a moda, agora é só ir testando em casa. Comida da Crise. Vou fazê-los comer Guisadinho com Couve, depois Guisadinho com Repolho, deixar ver, tem ainda Beterraba...ih, a lista é interminável. Gostosa. E barata.
Silvano – pão duro


03/04/2008

COISAS DO DESIGN


A palavra soa estranha a alguns, mas os profissionais (artistas) da área do design dão aulas de criatividade, inventividade, trazendo a nós, meros mortais, uma vida mais agradável, mais ágil, mais prática, melhor, enfim. Recebi um e-mail com alguns exemplos de produtos que foram inventados, adaptados, melhorados. E fiquei impressionado com alguns deles. De fato, tem coisas ali que eu queria ter na minha casa. Ou em casa onde vou jantar. Perceba nessa foto inicial a solução dada àquela refeição em que você fica sem mão para o copo. Supimpa. Os caras criaram um prato onde se encaixa a taça. Pronto, já dá para comer e beber em paz.
Silvano

Design


Já pensou? Uma escada com gavetas embutidas. Nossa, vai dar para guardar todas aquelas quinquilharias. Sua coleção de tampinhas. Seus rótulos de cerveja. Seus livros de receitas...

Design


Alça para puxar o livro...esta é boa. Para não ter que ficar furungando a prateleira toda atrás do livro que se está lendo, basta deixá-lo com a alça dentro.

Design


E este “descansa-prato”, hein? Que presença.

Design


Toalhas flutuando? Nada disso. É apenas um suporte.

Design


Tombo de noite em casa por caminhar no escuro? Nunca mais. Veja este chinelo com farol.

FALEI NO FILME....


...e depois não dei o fechamento da história. Fomos ver na telona o EU SOU A LENDA, do Will Smith perambulado sozinho por uma Nova York dizimada por um vírus. Quando comentei o tema aqui citei o filme anterior (A Última Esperança da Terra) dos anos 70. Pois bem, fomos ver o filme atual.
Filmaço, bela produção, cenários bem engendrados, o medo perpassando as esquinas e vielas da grande metrópole. A uma certa altura do filme a sra Kátia evadiu-se da sala de exibição, premida pelo suspense e pelas cenas que ela julgou muito fortes. Mas foi apenas uma escolha dela. Dali para frente a coisa deslanchou e creio que a tal cena onde ela saiu foi a mais “forte” de todo o filme.
Como sempre, algumas coisinhas poderiam ter sido melhoradas. Há animais vagando nas ruas da cidade. A imaginar-se que quase toda a população do planeta morreu, e a imaginar-se também que alguns animais fossem refratários (não infectáveis) ao vírus assassino, isso é até bem plausível. Só que não precisava colocarem veados digitalizados nas cenas! Puxa, quer ver uns veadinhos correndo nas avenidas, vai lá e solta uns de verdade. Não precisava ter digitalizado tanto. (Cuidado! Estou falando de veados animais, aqueles da família dos cervídeos, parentes dos antílopes e gamos. Não pense que estou citando opções sexuais).
Talvez o mesmo valha para os takes dos zumbis, os verdadeiros terrores do filme. Algumas tomadas envolvendo a eles se perdem um pouquinho por ficarem um tanto artificiais, a gente vendo que aquilo foi montado no computador. Mas o filme é excelente, instigante, tenso, atuação impecável do Smith e da brasileira que lá pelas tantas entra na trama. Impossível comparar as duas obras a que assisti, face ao abismo temporal entre ambas. Uma feita nos tempos do tapa na cara e da bala de verdade, a outra feita em tecnologia de última geração. Mas quase que afirmo que esta versão atual é melhor. Sei lá, é difícil pesar valores com tantas variáveis desiguais. Mas de qualquer forma, se você é uma das raras pessoas que não viu o filme, vá ver logo e se possível no cinema. Nota 9,0. Imperdível. Menos para a sra Kátia.
Silvano – infectado