30 janeiro 2008

Coisa de Gordo - 361


361-TIRANDO O SOFÁ DA SALA
O presidente Lula assinou medida provisória que determina severas punições (multas) aos comerciantes que, em beira de Rodovia Federal, venderem bebida alcoólica. Tal medida passou a valer a partir de 1º de janeiro deste ano.
Lembrei de estabelecimentos famosos como a Churrascaria Schneider em São Leopoldo-RS, o Passoquinha (na mesma BR-116) e outros tantos locais que vivem também disso. De vender bebida à beira da estrada.
A medida do presidente é louvável diante dessa verdadeira catástrofe que se desdobra diante de nossos olhos a cada dia e principalmente a cada fim-de-semana. Mortes e mais mortes. Mas em que pese seu louvor, não pude deixar de lembrar daquela piada em que o marido traído, cansado de ver a esposa no sofá da sala com o amante, toma a intempestiva medida de tirar o sofá da sala. Ora, pensou o marido da piada, se ela me trai no sofá, basta tirá-lo da sala e volto a ter uma esposa honesta.
Como sociedade, percebo que somos hipócritas. Apoiamos leis as mais rígidas para quem for pego bêbado ao volante. Desde que o alcoolizado não seja nosso filho. Ou que não sejamos nós mesmos. Perco a conta de festas e eventos familiares em que participei, onde quase todos beberam e beberam muito, para logo depois saírem rumo às suas casas, dirigindo seus carros. Vamos entender então. Se a pessoa bebe num casamento ou num batizado, aí não será crime. Isto tem lógica?
Neste país de faz-de-conta a polícia é impedida de averiguar o grau de alcoolismo do motorista através de bafômetro ou exame de sangue, caso o mesmo não queira se submeter a isso. Isto tem lógica? A quem estamos protegendo? Aos mocinhos ou aos bandidos?
Nos bárbaros casos em que um motorista alcoolizado causa acidente e mata pessoas com seu tresloucado ato, na remota hipótese de ele ser julgado e condenado, as penas são aquelas brandas, coisas como doar cestas básicas a creches e famílias carentes. Isto tem lógica? Tem sentido?
Nossos filhos adolescentes saem de casa para a “balada” e voltam, às quatro da manhã, trôpegos, com cheiro, aspecto e conduta de quem bebeu. O que fazemos na noite seguinte? Emprestamos o carro, e damos mais dinheiro. Isto é racional? Nossos filhos podem mais? Serão eles imortais?
Há poucos anos atrás, o filho de um Ministro dos Transportes atropelou, abandonou e em função disso matou um pedestre em Brasília. Amigo(a), o homem era o Ministro dos Transportes!!!! O que se deu? Foi absolvido de todas as acusações e o caso se encerrou. Dá para acreditar?
Serão os culpados de todas essas tragédias os donos da Schneider, do Passoquinha e de todos os bares e restaurantes que vendem a bebida? Eles é que devem ser punidos inicialmente?
Repito o que citei antes: - Louvo a medida do Presidente Lula. Tudo que se fizer para diminuir esta catástrofe de hora marcada é válido.
Mas que é inevitável lembrar do marido traído, da esposa e do amante, isso não tem como negar! Por enquanto, me parece que estamos apenas tirando o sofá da sala. Quanto à esposa e seu amante? Ah... deixa prá lá.
Silvano - o impossível, às vésperas de um Carnaval nas estradas

Dica de DVD de leitor


Olá Silvano! Mais um pitaco em matéria de filme. Neste final de semana vi um EXCELENTE: "Escritores da Liberdade".
O filme é baseado numa história real, descrita no livro "The Freedom Writer's Diaries: How a Teacher and 150 Teens Used Writing to Change Themselves and the World Around Them" (algo como "O Diário dos Escritores da Liberdade: Como uma Professora e 150 Adolescentes Usaram a Escrita para Mudá-los e o Mundo ao seu Redor") escrito pela professora do ensino médio Erin Gruwell e seus alunos. No filme, Gruwell (Hilary Swank) é uma jovem professora que tenta inspirar seus alunos-problemas a aprender algo mais do que a escola pode lhes oferecer: a tolerância, valorizar a si mesmos, investir em seus sonhos e principalmente dar continuidade a seus estudos além da escola básica. É um aprendizado que mudará suas vidas, abrirá seus olhos para o mundo e os fará crescer em espírito, contra a ignorância e a incompreensão. O filme é emocionante e retrata um período em que estourava nas ruas a guerra interracial americana, onde para os jovens da classe de Gruwell, conseguir sobreviver o dia-a-dia da guerra entre as raças no meio da rua já era um feito muito grande.
Vale a locação para um dia de sol, de chuva, nublado...
Um abraço.
Flávio

29 janeiro 2008

Leitores a mil...

Alguns leitores mandaram comentários interessantes. O primeiro fala dos manuais Disney e outras coisas. E a segunda, escarafunchou o arquivo deste BLOG e comentou sobre garopaba, a Gelomel e o Sorvete de Butiá. Confira.
Silvano - o impossível

COISAS DA DISNEY
Caro Silvano, queria lembrá-lo da Enciclopédia Disney, onde os personagens nos ensinavam sobre todos os assuntos que tradicionalmente constam em enciclopédias. O primeiro manual foi dos escoteiros. Fico pensando onde estaria a minha número um. Compramos só os quatro primeiros manuais, bem como não conseguimos completar a enciclopédia, pois os produtos Disney eram muito caros na década de setenta. Hoje, vi o último filme do Nicolas Cage, que vai atrás da cidade perdida de Cibola, que conheci quando criança, em um tio Patinhas, na mesma historieta em que o Spielberg copiou a rocha que rola do Indiana Jones. Estas histórias podem ser relidas na recente publicação de As obras completas de Carl Barks da Abril. Abraços, James.
James – de Porto Alegre


SOBRE GAROPABA
Oi Silvano ! Encontrei tua página sem querer quando procurava por receita de sorvete de butiá.Compartilho contigo o sentimento por Garopaba, fui a primeira vez quando adolescente e retornei outras tantas já mais velha, com namorado, com amigos e com meus pais para passar alguns dias de férias, fora isso sempre que estou próximo ou de passagem pela BR101 (brioi) percorro sem preguiça ou lamento algum os 14 quilômetros de ida e depois mais 14 de volta do centrinho de Garopaba só para degustar o sorvete de butiá da Gelomel. Adoro butiá e descobri na juventude a combinação de duas coisas tão boas e que se encontram numa praia adorável como Garopaba. Encontrei sorvete do mesmo sabor próximo a Ingleses, mas não com o mesmo paladar (principalmente o paladar "emocional"). Como já estava tendo síndrome de abstinência de tal iguaria, resolvi este ano passar um pedacinho das minhas férias na boa e velha Garopaba. Vou providenciar na volta para trazer uns potes de sorvete de butiá para deixar no freezer da minha casa, pois me casei há pouco tempo e pretendo engravidar logo e tenho certeza que se por acaso eu tiver algum desejo, certamente será do tal sorvete. Também concordo que para melhorar um pouquinho poderia ser instalado um postinho do Banrisul lá e também que os estabelecimentos aceitassem o nosso Banricompras, assim seria quase a perfeição. Um abraço e desejo que tuas férias sejam bem legais.
Giovana C. Tornquist – Porto Alegre – comentando, agora em janeiro de 2008, o Coisa de Gordo – 307, de janeiro de 2007.

25 janeiro 2008

Coisa de Gordo - 360


360 – Livros e mais livros
Já me declarei aqui neste espaço como um adorador de livros, volto ao tema neste fim de janeiro. Ler, ler, sempre ler, eis meu modus operandi. Leio livros, leio revistas, anúncios entregues nas esquinas, leio receita de bolo em rótulo de Maisena. No ambiente do banheiro, leio rótulos de shampoo, de pasta de dente e advertências de perigo na embalagem do Pinho Sol.
Já li até explicações do fabricante de papel higiênico acerca de porque o papel dele era perfumado, uma vez que as partes do corpo humano atingidas pelo mesmo não possuíam células olfativas. Era para perfumar o banheiro, Silvano. Ah, bom, aí entendi.
Volto no tempo e recordo que, como qualquer guri do meu tempo, lia bastante Quadrinhos Disney. E aí lembro de um divisor de águas. A Abril começou a lançar edições dos MANUAIS da Disney, sendo o primeiro deles o do Tio Patinhas. Na embalagem, vinha a famosa “moeda nº 1”, a que sempre dava sorte ao velho pato. Não consegui ler este manual quando foi lançado. Perdi a chance. Inclusive nunca tive a moeda (o que explicaria algumas coisas, como o Olívio Dutra e o Lula na minha vida).
Quando lançaram o segundo manual, o da MAGA & MIN, meu Pai presenteou-me com aquela edição. Eis onde quero chegar. Os manuais não possuem quadrinhos, eles vêm na verdade com textos. Sim, com muita figura e ilustração, claro, mas o material escrito é só texto. Intuído por este detalhe, o Pai apostou nisso e fez o que fez. Devorei o tal manual, não importando que ele tratasse apenas de magias, feitiços e vassouras. Ali, caro(a) leitor(a), foi dada a largada. Comecei a ler.
Vieram outros manuais, o do MICKEY(sobre detetives, polícias e crimes), o do ZÉ CARIOCA(sobre futebol), o do PENINHA (sobre imprensa e jornalismo), o da VOVÓ DONALDA (cheio de receitas culinárias), o do GASTÃO(sobre sorte, loterias e previsões), um chamado MAGIRAMA (com o Donald ensinando mágicas), um chamado AUTORAMA (com o Pateta falando tudo de carros) e dois manuais do ESCOTEIRO MIRIM (com dicas sobre escotismo, fazer fogo na mata sem fósforo, etc).
Singelos, é fato, mas foram esses pequenos livros que me abriram as “portas da felicidade”, no quesito saber. A partir daí então fui olhar ao redor e ler o Pequeno Príncipe, passando por Polyana Menina e chegando ao 1984 do George Orwel (estou simplificando a caminhada). Aliás, sobre a Polyana, sempre implicava com as pessoas dizendo que depois do primeiro (Polyana Menina) e do segundo (Polyana Moça), os caras deviam ter continuado e publicado um chamado Polyana Mulher – a Devassa. Coisa de adolescente. De quarenta anos.
De lá para cá tenho lido o máximo que posso e já cheguei àquele ponto descrito pelo Veríssimo que um dia se deu conta de que não conseguiria mais ler tudo o que ele queria. Já cheguei aí também. Não vai dar tempo de ler tudo, morrerei antes. Ciente disso, eventualmente faço uma pré-seleção, declinando de certos livros que julgo dispensáveis. Mas o resto....leio de tudo.
Não durmo sem ler algo, o que me faz ter na mesa de cabeceira um monte de livros e revistas. Nos livros sou infiel, não permaneço lendo só um. Levo juntos uns três ou quatro. Mas tem uma coisa. A exemplo de um árabe e suas quatro esposas, sempre tenho um eleito entre os três ou quatro que é o que mais me prende a atenção, mais me seduz, mais me emociona. Este em geral eu carrego para dias na praia, para plantões médicos (naquela hora rara da folga) e acabo falando dele aqui no BLOG. Não que os outros não sejam bons (o mesmo diria o árabe de suas outras esposas), mas um sempre se sobressai.
No assunto manejo do livro, estou em transição. Via de regra, sempre fui respeitador das páginas do livro. Quase nunca marcava, assinalava, sublinhava nada. Preservava o texto, o papel, o visual da obra enfim. Mas após me aprofundar nas obras espíritas aprendi a rabiscar livros. E tenho gostado. Claro que há livros que merecem a marca de um lápis, outros nem tanto. Escrever nas páginas de um livro nos torna mais íntimos dele. Passamos do alpendre e adentramos a sala de estar do próprio livro. Gostei!! – rabiscamos. Mostrar para ela! – colocamos como um lembrete. E assim parece que nos tornamos cúmplices do autor.
Enfim, se quer me ver satisfeito, coloque-me dentro da uma livraria, ou de uma biblioteca, ou de um SEBO, que são esses verdadeiros santuários onde jazem livros e mais livros. Esta foto ali no alto retrata um deles, na Rua Riachuelo, Porto Alegre. Dá uma olhadinha e vê se não vontade de passar a tarde ali.
Eu passava.
Silvano – o impossível



AS FARC
Fico intrigado com o silêncio obsequioso da imprensa a respeito de uma figura ilustre gaúcha nesta história toda das FARC, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Pelo jeito a grande imprensa esqueceu uma coisa que minha cabeça grande e teimosa não esquece. O bigodudo governador OLÍVIO DUTRA, o famoso velho galo missioneiro. Em seu tempo no Palácio Piratini, ele recebeu com honras de Chefe de Estado um desses narco-terroristas das FARC. Recebeu, serviu cafezinho, abraçou, tirou foto e tudo o mais. Me pergunto: - Será que não dá um constrangimento agora? Não dá uma pontinha de remorso? Um pouquinho de vergonha na cara?
Leio estarrecido os relatos das torturas às pessoas seqüestradas, o fato de que eles vivem acorrentados pelo pescoço como cães, o relato desta mulher que foi submetida a uma cesariana no meio do mato, feita com uma faca de cozinha! Barbárie, barbárie, horror!
Pois ninguém vai lá entrevistar o Olívio para saber disso. Perguntar a ele o que ele acha desta nova técnica cirúrgica. Pois é....



DIREITOS HUMANOS
O que me remete direto ao Jair Krichke e seus direitos humanos. Preocupado que ele anda com os efeitos da Operação Condor, onde pereceram em solo brasileiro um ou dois italianos comunistas, ele nada fala sobre a ação criminosa e cruel das FARC. É que, conforme já afirmei em texto anterior, só tem direito aos Direitos Humanos quem for bandido ou comunista. O resto da população que se exploda. Como os bandidos das FARC são as duas coisas, eles podem ser protegidos pelos Direitos Humanos. Já os seus reféns, coitados, são massa de manobra na tomada de poder que o comunismo (na cabeça doente deles) vai fazer com o mundo. Coleira e faca de cozinha não incomodam ao Jair Krichke, portanto!


25/01/2008

Dica de Leitor- DVD


Meu caro Gordo. Sensacional o seu site.
Tenho acompanhado com muito prazer (lógico que, com prazer, é mais caro).
Parabéns mesmo!! Vou me atrever a dar uma palhinha de DVD imperdível : O melhor das aquarelas - Emilio Santiago.
Demais. Um abraço, parabéns.
Joelson

22 janeiro 2008

Dica de DVD (01)


Nossos amigos Karin e Gilson mostraram aos nossos olhos e ouvidos estas duas preciosidades. Estou falando dos dois DVDs acústicos que o grupo ROUPA NOVA lançou, um em 2004 e o outro em 2006 (do qual falarei abaixo). Foi uma maluquice, estávamos na casa deles, aquela música linda na TV, acabei pedindo os dois DVDs emprestados e trouxe para casa para examinar mais de perto.
Vamos por partes (como diria o cara aquele..). O primeiro DVD é este de capa mais branca e que traz uma lista impressionante de músicas de sucesso dos caras. Acontece uma coisa engraçada. A gente fala em Roupa Nova e mal e mal lembra uma música deles. Aí você começa a ouvir as melodias e de cara lembra delas como sucessos. São quase que clássicos do rock nacional anos 80, ou se quiserem, música romântica. Há uma sucessão de baladas imperdíveis, onde fica marcada aquela velha lição de que música não é barulho, é melodia. Letras não são guinchos ou palavrões, na verdade são poesias. Os caras são afinadíssimos, inclusive cantando “à capela” eventualmente. Durante o show perpassa uma emoção muito forte, um carinho entre os integrantes da banda, um carinho com o público. Você vai se emocionar com coisas espirituais do tipo: “Faz tanto tempo que eu deixei você, fui morrendo de saudade...pode crer, eu viajei contra a vontade. O teu amor chamou e eu regressei...” que é aquela música da novela A VIAGEM exatamente sobre este tema (uma pessoa que morreu e canta sua dor). Tem a famosa WHISKY A GO GO, tem CANÇÃO DE VERÃO (“..é verão, bom sinal , já é tempo, de abrir o coração e sonhar..”), tem LINDA DEMAIS (“linda, só você me fascina”), tem CLAREAR (“...um pouco de luz nesta vida..”).
Não podia deixar de ter o clássico SAPATO VELHO que os seis integrantes cantam quase que só em vocal e que por si só já valeria o DVD.
E sobram melodias como o TEMA DO VITÓRIA (a musiquinha do Ayrton Senna), CHUVA DE PRATA, DONA (da viúva Porcina).
Há artistas convidados para o show, como Chitãozinho e Chororó e depois Ed Motta.
Enfim, verdadeiro achado, obra de arte. Compre e lembre-se de que música é uma coisa além das egüinhas Pocotó e outras idiossincrasias mais.
Silvano – véio mas feliz

Dica de DVD (02)


Dois anos depois, eles voltaram ao palco e lançaram este ROUPA ACÚSTICO 2. Mais uma vez surpreendente, este DVD é uma espécie de complemento do anterior. Quando a gente imaginava que já tinha visto tudo de bom dos caras, eles voltam e se superam. Melodias acertadas, músicas emocionantes, o palco servindo como um chafariz de onde brota musicalidade e sentimento. A exemplo do primeiro DVD, o baterista Serginho arrasa neste aqui, sendo um dos raros exemplos na música mundial de grupos onde o baterista é o principal ou pelo menos um dos principais. Isto acontecia no Gênesis (Phill Collins) e em outros raros grupos. O Serginho canta o tempo todo, faz eventuais solos, dá show na bateria e canta com uma emoção poucas vezes vista na tela. Há convidados de novo, então temos a badalada Cláudia Leite (num vestido verde que torna difícil que se olhe para o rosto dela), Toni Garrido, Pedro Mariano e Marjorie Estiano (que não tinha nascido quando do sucesso do grupo nas rádios).
Na seleção musical, o Serginho emociona em COMEÇO, MEIO E FIM (“a vida tem sons que prá gente ouvir , precisa entender..”). Tem CRISTINA, uma quase bolero que convida todos a dançar, tal o seu embalo. E tem as homenagens com o grupo cantando CORAÇÃO DE ÍNDIO, cantando LANÇA PERFUME (com um depoimento da Rita Lee em vídeo), FLAGRA (dela também) e tantas outras coisas lindas mais.
Uma loucura, uma delícia. Infelizmente tento que sentenciar que você está condenado a comprar os dois DVDs. Olhei nas Americanas on line e o capa branca custa só 29,90, já pensou?
Silvano – além de véio, perdulário

16 janeiro 2008

Coisa de Gordo - 359


A Última Esperança da Terra
Vasculhando as lembranças de meu passado sombrio, descendo pelas escarpas tétricas de minha memórias mais recônditas, adentrando os arquivos mofados e pesados de minha existência pretérita, deparei-me com um filme que me marcou os primeiros anos de adolescência. O nome original em inglês era “The Omega Man” (1971), o que não soaria familiar a quem quer que fosse. Mas se eu falar em A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA, aí vários de minha geração vão se lembrar. Clássico, clássico, clássico! Filmaço! Estrelado pelo magnífico Charlton Heston (o mesmo de Ben-Hur e Os Dez Mandamentos).
Tudo começa a partir de um livro de Richard Matheson chamado I AM A LEGEND, de 1954, onde o autor apresentava esta história apocalíptica.
A primeira versão para o cinema (li na Zero Hora) foi em 1964 com o filme The Last Man on Earth, onde o ator era o Vincent Price.
A versão mais recente é esta de 2007 que está entrando em cartaz nos cinemas agora, com o Will Smith. Claro que teremos que conferir.
Mas hoje quero falar da versão que embalava minha infância-adolescência. Trata-se desta de 1971, e que passava na Globo com este título: A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA. A história se passava numa Los Angeles devastada, onde apenas um cientista tinha sobrevivido a um vírus letal, por aplicar em si mesmo a vacina salvadora. Resultado disso, apenas o cara tinha ficado vivo e perambulava pelas ruas da metrópole sem ter o que fazer, sem ter com quem conversar.
As tomadas externas foram o grande tchan da época, cenas nas quais o ator era filmado sozinho nas avenidas e viadutos da grande cidade. A sensação de solidão era enorme, o medo, as ruas desertas e tudo o mais.
Para não ficar só nisso, de noite o herói era atacado por umas criaturas que tinham ficado a meio caminho de vida e da morte, um bando de zumbis que, ao amanhecer, era morto pela ação do sol. E por isso se escondiam durante o dia.
Todos os filmes e histórias que vieram depois beberam desta fonte! Veja que o tema era novo para a época e esta temática de um vírus, uma epidemia letal, nunca houvera sido citada em filmes.
Essa coisa de filmar nas ruas desertas que todo mundo vem copiando até hoje também foi iniciada ali. Que dizer dos zumbis? Na atualidade, até nos filmes da Sessão da Tarde a gente vê zumbis e outras carnificinas. Esta história lançou esta tendência!
Quem leu o livro do Marcelo Rubens Paiva, BLECAUTE, haverá de lembrar que a trama é exatamente esta. O cara estava no fundo de uma caverna no Rio de Janeiro e, ao sair, descobre que o resto do mundo morreu. O Rubens Paiva é da nossa geração, também estava bebendo da mesma fonte.
Lembro até hoje algumas citações de uma coisa na qual ainda não se falava e que se chama consumismo. Tais cenas faziam a alegria do público. Numa delas o cara vinha andando num carrão e então a gasolina acabava. Você pensa que ele ia abastecer? Nada disso. Ele abandonava o carro, entrava numa concessionária, pegava um carro novo e saía rodando pelas ruas. E a gente se deliciava, imaginando em como seria se pudéssemos fazer igual a ele em nosso dia-a-dia.
Noutro momento tem a tomada dos manequins numa loja. Li na VEJA que na refilmagem do Will Smith os caras refizeram esta cena também. O protagonista andava por uma loja, em meio a manequins, sendo assustado pelas feições deles a cada passo que dava.
Não será tão impossível ver este filme. Nos dias de hoje, creio que a SKY e as locadoras vão correr atrás desta versão original aproveitando o remake nos cinemas. Não vi ainda o do cinema (até porque, está entrando em cartaz justamente agora, por esses dias), mas recomendo como IMPERDÍVEL o filme original de 1971. Até porque, sempre é bom conhecer.... “A Última Esperança da Terra”.
Silvano – nostálgico
Confira o trailer logo abaixo.
17/01/2008

Trailer do Filme

15 janeiro 2008

Conto Curto de Verão


Fim-de-semana chegando, ele botou a família no carro e se dirigiu à praia, indo pela movimentada auto-estrada, a Free-way, até a praia de Tramandaí. No meio do caminho, aquela tranqueira enorme, os carros engarrafando, ele conseguiu chegar até o pedágio. A fila de carros andava lentamente, o calor no asfalto era insuportável. Por estar trancado no trânsito, olhou para o lado e teve sua atenção chamada para um carro preto onde um casal esbravejava. Verdadeira briga de casal. A mulher dava de dedo na cara do homem, ao que ele rosnava impropérios e o carro andava um pouquinho. A curiosidade o fez desligar o ar-condicionado e baixar o vidro um pouquinho para ver se conseguia escutar as falas do exaltado casal. O homem gritou: - Eu já agüentei tudo, tudo, TUDO, poxa vida....mas isso foi demais! E logo com o Júlio! Com o Júlio.
A fila andou, ele avançou um pouquinho, mas o carro preto também avançou e então se ouviu a voz da mulher: - Esta foi a última vez que tu encostou em mim. A ÚLTIMA. Pode escrever. Tu não volta da praia comigo. Tu não vai voltar. Pra ti, é uma viagem só de ida.
A mulher disse isso e verteu a cabeça para o lado, dando de cara com o curioso motorista ao seu lado. Naqueles microssegundos os dois trocaram os olhares, ele meio assustado, a mulher meio envergonhada. Chegou ao pedágio, pagou e se mandou.
Três dias depois ele estava na beira da praia, ouviu uns gritos, uma certa correria, era mais um salvamento dos salva-vidas. Admirado viu a mulher, a mesma mulher do carro preto, de biquíni, saindo da água em prantos, apoiada por um dos salva-vidas. Dentro do mar, o homem que ele vira dias antes brigando com ela dentro do carro, sumia e aparecia dentro das ondas.
Os salva-vidas bem que tentaram, mas o cara sumiu de vez na água.
A mulher chorava, o povo se aglomerava, a confusão estava formada. Aquele pequeno cortejo veio se aproximando, as pessoas comovidas abrindo caminho na areia, até que passaram ao lado dele. Repetindo a cena da estrada, a mulher verteu a cabeça e bateu com o olhar pasmado dele. Num microssegundo, sempre num microssegundo, ela transfigurou suas feições e disse para apenas ele escutar: - Eu avisei que ele não ia voltar!
Caminhou e voltou a chorar.
Ele ficou na beira da praia até o anoitecer, tentando romper a barreira de medo, susto, pavor e covardia que o segurava ali, olhando o mar.
Silvano

10 janeiro 2008

Coisa de Gordo - 358


358 – DEPOIS DAS CORUJAS...ABELHAS
Foi só eu falar da história das corujas e outros seres alados se eriçaram. Falo hoje das ABELHAS. Por uma série de fatores que a minha ignorância desconhece, há uma profusão de ataques de abelhas aqui e ali. Imagino algumas teorias, mas são apenas chutes meus, coisas como o aquecimento global, a destruição das matas, a camada de ozônio e outras possíveis causas. Pois as abelhas já tinham matado um cavalo no Parque da Redenção (Porto Alegre) e agora voltaram a atacar outros animais (alguns cachorros) e principalmente seres humanos.
Veja o que é a ironia da vida! Depois da saraivada de críticas que levei aqui neste espaço e ainda estou levando em outros espaços (Jornal NH – por exemplo), você vai pensar que estou louco em falar de outros bichos. Mas acalme-se. Sou a favor das abelhas. E das corujas. O que me choca apenas é a hipocrisia social que dá destaque a coisas da moda, esquecendo-se do bom e velho ser humano, esse velho preterido.
Destaco, desde já, minha clara posição a favor das abelhas, dos zangões, das colméias e do mel, principalmente do mel.
O que não impede que eu dê asas à imaginação. Guardei algumas das frases, verdadeiras farpas que recebi acerca daquele texto. E as usei para debater esta história das abelhas. Alguns diriam que “é um absurdo que se matem centenas ou milhares de abelhas, esses bichinhos tão indefesos quanto irracionais”. Outro crítico lembraria que “se começa matando uma abelha, depois suas irmãs, depois o enxame, o Lula, o Bin Laden e o Bush, chegando-se por fim ao assassinato do planeta”. Lembrava dos argumentos e percebia que, colocados aqui, eles ficam muito legais!
Mais adiante, um novo debatedor afirmaria que “é medíocre pensar que o ser humano é prioritário em relação às abelhas. E quem será que estabeleceu tal regra?”. Viu que interessante. Ora, se os argumentos valeram para corujas, devem igualmente valer para abelhas.
Seguindo a ladainha, alguém lembraria que “sendo eu médico e, portanto defensor da vida, a mim só caberia a posição de me solidarizar aos pobres insetos adocicados, apesar de eles estarem atazanando a vida de todo mundo”. Que coisa.
Houve um caso mais recente em que uma senhora teve o piso (porão) de sua casa invadido por abelhas, os bombeiros foram chamados e as removeram de lá. Lembrei de novo de meus críticos amigos que talvez alegassem que “ é um absurdo tirar as abelhas da casa, coitadinhas. Deviam é tirar a mulher! A mulher é um ser racional que sabe se defender e, por certo, comprando o carnê do Baú da Felicidade conseguirá comprar outra casa. As pobres abelhinhas não têm ninguém a zelar por elas”.
E assim vim lembrando das pedradas e as fui acomodando na muralha deste singelo texto de hoje.
Sendo este blog chamado de COISA DE GORDO, é óbvio que nos interessa o assunto abelha, até porque a barriga de muito gordo por aí é mantida à custa do mel. Ah,o mel! Isso por si só já devia valer de motivação para que, do alto deste blog (rá,rá,rá – o que são cinco milímetros de altura?) eu defenda aquelas que produzem esta delícia.
No caso este dos bombeiros, foi noticiado que eles tiraram vários favos de mel de dentro do piso da casa. E aí fiquei gordamente intrigado com uma coisa. Onde foi parar este mel?
Foi dado à senhora dona da casa? Foi repartido entre os populares? Foi enviado à FEPAM para degustação e posterior emissão de laudo ambiental? Ou foi simplesmente comido a dedo, enquanto se assistia à estréia do Big Brother na TV? Como dormir com uma dúvida dessas?
Enfim.... vida longa às abelhas. A saúde do planeta começa pelo mel delas. Tomara que os tais fatores que estão causando os ataques apareçam logo para que tudo volte à normalidade. E que o mel continue a rechear nossas mesas.
Não sou fissurado em mel, acho doce demais. Mas ,assentado sobre uma fatia de pão dágua, junto à uma tênue camada de margarina, fica “dos deuses”!
Silvano – além de impossível, abelhudo


SABE QUANTO VOCÊ PAGA DE IMPOSTO....
....quando compra um PERFUME? Segure-se na cadeira! Você paga 80% !!!! Lembra aquele perfume do Boticário, ou da Natura, ou da L’ancome que você está querendo comprar e custa 100,00 ? Você vai pagar 20,00 reais pelo perfume e vai dar 80,00 de imposto para o governo! É mole?


10/01/2008

Sogra é doença?


Lendo o livro do CID (Código Internacional de Doenças) a gente descobre cada coisa... Não, não estou falando grego. Se você já precisou de um Atestado Médico, ou de algum laudo, perícia, etc, certamente precisou colocar ali o CID da doença. Cada doença tem um código, uma letra e dois ou três números. Fui dar uma lida e percebi que há um CID para “problemas nas relações com os pais ou com os sogros”, o código é Z-631 para quem quiser olhar e conferir.
Fazendo um silogismo, se sogra tem CID é porque é doença. Pronto, está provado cientificamente!
Silvano - brincadeirinha, sogrinha....

03 janeiro 2008

Coisa de Gordo - 357


357 – UMA JANELA PARA O NOVO ANO
Não é novidade para quem lê este blog o assunto da JANELA. Sim, aquela parte lateral do boi, que o açougueiro corta inteirona, deixando a costela toda, um tanto do vazio e muito mais. Já citamos isso aqui nesta coluna semanal, creio que foi inclusive no tempo do site.
O que não impede que a gente busque novas experiências, novas oportunidades, novos carvões em brasa. O Professor Zeca, o Papa da Hidroginástica do litoral norte (51 – 36626666) fez mais uma das suas. Para bem abrir o ano que se inicia, ele nos convocou a degustar uma deliciosa Janela. Veja ele ali na foto tratando do negócio.
Disse ao telefone que a colocaria no fogo em torno das cinco da tarde, de tal sorte que poderíamos comê-la a partir das nove da noite. Sim, caro(a) leitor(a), são no mínimo quatro horas de fogo. As churrascarias famosas todas já aderiram a esta especialidade de carne. Alguma inclusive montaram vitrines onde a costela fica girando e assando a partir de uma certa hora da tarde. Na hora que o troço chega ao prato da gente, o osso está se soltando da carne. É uma delícia.
Pois em pleno calor gaúcho, este verão abafado e insuportável, lá se foi o Professor Zeca para a beira do fogo.
A noite esteve agradabilíssima, a companhia dos anfitriões dispensa apresentações, os amigos presentes estavam em estado de graça. A isso tudo se somou uma coisa. Munidos de violão e microfones, os ótimos Clóvis e Margarete cantaram e alegraram a todos, noite adentro. Iniciaram com músicas calmas, depois samba, bossa nova, anos sessenta, românticas, meu Deus, foi tanta música que fica difícil citar uma ou outra. Claro que não me contive e, em uma ou outra música, cometi a ousadia de tentar acompanhá-los ao microfone. Sabe como é, ano-novo, os corações mais desarmados, as pessoas até que me agüentaram pacientemente.
Mas voltemos ao espeto. Já houvera provado tal iguaria com estes mesmos amigos, e em vezes anteriores a coisa esteve deveras deliciosa. Mas esta Janela desta noite em especial estava demais! A carne tenra, saborosa, de fato soltando-se do osso. Provei de lascas de vazio com um gosto insuperável. Em dado momento me vi forçado a abrir mão da etiqueta e me atraquei numa costela de boca mesmo. A Célia Ribeiro e a Glória Khalil me absolveriam, por certo. A gente é tomado de uma força estranha e quando se apercebe está ali, feito um troglodita. É que o sabor...
Enfim, como dizem os oradores da atualidade, foi uma bela largada para o ano que começa. Literalmente uma janela nova se abriu. Mais deliciosa. Saborosa. Prenunciando doze meses de confraternização, alegria, músicas ao luar. Uma janela que o Professor Zeca e sua esposa souberam nos fazer ver e apreciar.
Um baita 2008 para todos nós! Basta abrir esta e outras janelas. Basta querer.
Silvano – o impossível


AS CORUJAS
Acho que foi o Luis Fernando Veríssimo que disse que a pior coisa para um cronista, ou “bloguista”, é ter que explicar o que ele escreveu. É um atestado de incompetência. É o fracasso da comunicação. A gente começa com o clássico “não foi isso que eu quis dizer” a acaba sempre saindo por explicações outras. Tendo isso em mente, não falarei mais do tema das CORUJAS. Deixo ao exame dos leitores. Mas o que está escrito ali, escrito está.


E TEM MAIS
Acho que nunca uma coluna suscitou tantos comentários (doze até agora!), o que me deixa muito feliz. Houve alguns leitores que “sentaram a lenha”, mas entendo isso como o fruto de sua indignação. Tentei responder a todos, agradecendo a opinião (mesmo que em contrário), e enaltecendo o saudável debate de idéias! Era o mínimo que eu podia fazer, diante de tanta deferência.


E DESCOBRI ALGUMAS COISAS SOBRE MIM...
...nos comentários postados. Ali fiquei sabendo que sou “uma pessoa egoísta e de visão estreita”, que eu tenho um “pensamento medíocre”, e que, sendo médico, surpreendo algumas pessoas com minhas idéias. É...vivendo e aprendendo. Já dizia o sábio na antiguidade: - Conhece-te a ti mesmo! Cara, tô começando, tô começando......


TEM UM CARA DA ANTIGUIDADE...
...que se chamava HERÁCLITO, da cidade grega de Éfeso (500 AC). Era um filósofo, um pensador. Seu estilo era baseado em charadas de difícil compreensão, a ponto dele ser conhecido como “o obscuro”. Conta-se que no final de sua vida Heráclito adoeceu, uma doença na pele, e foi até a vila mais próxima procurar um médico. A todos médicos que encontrou, ele só dizia charadas e frases enigmáticas, a ponto de nenhum deles tê-lo entendido. Desanimado, ele enterrou-se num monte de estrume para ver se se curava. O cara morreu ali, literalmente no meio da “merda” (desculpe a palavra grosseira). Onde quero chegar? Isso é o que dá a pessoa ser mal compreendida! Li este relato e lembrei do debate das corujas. Viu, Silvano? Viu, Silvano? Vê se te lembra do Heráclito! – foi uma voz íntima que escutei.


QUEM SABE...
...deixo de me assinar como “o impossível” e assumo minha nova identidade: - Silvano, o obscuro! ?


03/01/2008

02 janeiro 2008

Quando ler o texto das CORUJAS....

...não deixe de ler também os COMENTÁRIOS. É só clicar ali embaixo ("comentários") e ler as opiniões de outras pessoas. Tô de lombo ardido. Mas TÁ MUITO LEGAL!
Silvano

01 janeiro 2008

AS CORUJAS E O REVEILLON


Na virada do ano, quem esteve na praia de Capão da Canoa (RS), pôde assistir a um espetáculo inesquecível na beira do mar. O show de fogos de artifício que a Prefeitura contratara para a meia-noite teve que ser cancelado por causa de um ninho de corujas. Isso mesmo, um ninho de corujas.
Não estive lá, apenas ouvi a notícia no rádio e assisti o tema na TV. Não fui, portanto, diretamente atingido pela ação do Batalhão Ambiental da Brigada Militar. Como entender este tipo de ação?
Trata-se de uma data que as pessoas tornaram especial, a virada do ano. Hora de festas, de encontros, de confraternização entre amigos e familiares. E os municípios litorâneos (tanto rio quanto mar) começaram a incrementar suas atrações, oferecendo ao público presente as tais queimas de fogos de artifício. Uma praia começou, a praia do lado também fez, daqui a pouco surgiu uma interessante competição para ver qual o show mais bonito, o mais demorado (cada minuto de show a mais custa caro, mas enche os olhos das pessoas).
Foi o que se deu em Capão da Canoa. População apinhada na areia, todos em clima festivo, o show todo montado, a prefeitura brindando aos seus munícipes e aos seus turistas com uma bela festa. Que não aconteceu.
Preocupados com um singelo ninho de corujas que estava ali na areia, nas proximidades dos fogos a serem detonados, indivíduos passaram a fazer ligações para a Brigada Militar, denunciando o possível crime ambiental que se cometeria contra os “pobres animaizinhos”. Fosse um tiroteio numa favela e não teria chamado tanta atenção!
A força policial ambiental se fez presente e, após uma série de ires e vires, o show foi cancelado. Azar dos milhares de pessoas que tinham ido até lá. As corujas são mais importantes! Azar da Prefeitura e do dinheiro gasto com as toneladas de fogos de artifício. As corujas valem mais. Azar do prefeito que quer atrair para a sua cidade os turistas! Que eles se dirijam a outras praias na próxima vez! Enfim, as corujas aninhadas na areia valem mais que as pessoas na beira da praia!
Se fosse uma mulher miserável e seus pequenos filhos mendigos...o show teria continuado! O Batalhão Ambiental não parece se importar com isso. Crianças no derredor, passando fome e maus-tratos, não são ecologicamente importantes. As corujas valem mais.
No fechar do clássico Sermão da Montanha (aquele dos bem-aventurados), Jesus alertou aos homens: - Vós sois o sal da Terra. Ou seja, nós, humanos, seríamos os principais, aquilo que dá gosto e prazer ao planeta. No entender do Batalhão Ambiental a coisa não é bem assim.
Não imagino o quanto a vida, a festa e a dignidade humanas valem ao distinto Batalhão. O que eu sei é que, para eles, as corujas valem mais.
Pobre de nós!
Silvano - o impossível